quarta-feira, 30 de abril de 2008

Luto


O Mundo está de luto. Morreu Albert Hoffman. Essa reacção “quero lá saber, nem sei quem era, que arda no Inferno se for caso disso” não vos fica nada bem. Primeiro, porque morreu uma pessoa. Tinha 102 anos, é certo, mas nunca devemos ignorar e encarar com leveza a morte de um ser humano (isto vindo de alguém que tem como principal fantasia ser um carrasco na Revolução Francesa, que defende, depois de um ou dois copos, que toda a gente com mais de 70 anos devia ser fuzilada e que ainda na semana passada desejou a morte de mais ou menos 50 pessoas só por respirarem um pouco mais alto… Cala-te consciência! Não tenho culpa de ter ido às finanças na semana passada!). Segundo, porque esta pessoa foi mais do que um pai para vocês. Foi o responsável por ter descoberto a razão da vossa existência, o único motivo pelo qual vocês estão neste blog. Pois é, meus amigos… Albert Hoffman descobriu o Lysergsäurediethylamid. Ainda não vos diz nada? OK! Eu dou mais uma pista, até porque um dos efeitos do Lysergsäurediethylamid é a deterioração das capacidades cognitivas. O Lysergsäurediethylamid é palavra alemã para a dietilamida do ácido lisérgico. Ainda não chegaram lá? Têm mesmo que tomar menos Lysergsäurediethylamid. Vou reproduzir o título do Público: “Morreu Albert Hoffman, o homem que descobriu a LSD por acaso” (Nota mental: quando morrer quero ser recordado desta maneira: “Morreu o Woody, que se tornou o homem mais sexy do Mundo por acaso” ou “Morreu o Woody, o Homem que descobriu por acaso que, se tentar muito e bater os braços com muita força, é possível que o ser humano consiga voar. Por acaso descobriu que não consegue, daí a sua morte, mas que era sexy, lá isso era…”).

Devemos muito a Albert Hoffman e por isso proponho 102 minutos de silêncio (tantos quantos os anos que durou a gloriosa vida de Albert) a partir de… agora.

Já está? OK! Tenho a certeza que o Lysergsäurediethylamid tornou estes 102 minutos bem agradáveis. Obrigado Albert!

Ao descobrir acidentalmente o Lysergsäurediethylamid (nome inventado por Albert Hoffman depois de ter usado a sua descoberta… como sabem este nome faz mais sentido depois de mandar uns ácidos… Quantas horas não passámos nós a falar de Lysergsäurediethylamid? Ou quantas vezes não nos tentámos atirar do telhado a pensar que éramos Lysergsäurediethylamid?), Hoffman mudou a vida de muita gente. Mais até do que aquele individuo que descobriu a América por acaso ou aquele individuo que descobriu a Penicilina por acaso ou aquele indivíduo que descobriu as Leis da gravidade por acaso. Hoffman é o maior dentro do grupo do pessoal que descobriu alguma coisa por acaso! O que é a América, a penicilina e a gravidade comparada com o Lysergsäurediethylamid? Até porque todos sabemos que as leis da gravidade são anuladas pelo LSD. Vamos voar um bocadinho Lucy?

É por isso que proponho mais 102 minutos de silêncio!


sexta-feira, 25 de abril de 2008

Lições sobre o 25 de Abril


No seu discurso na sessão comemorativa do 25 de Abril o nosso Presidente da República mostrou-se muito preocupado com a ignorância dos jovens sobre a mesma data. Devemos dar alguma credibilidade às afirmações do nosso Presidente. Primeiro, pelo seu semblante carregado. Segundo, porque ele próprio, como Primeiro-ministro, não se coibiu de usar os métodos mais inovadores para ensinar aos portugueses os benefícios da democracia e as vitórias do 25 de Abril. No longínquo ano de 1994, enquanto levavam com um cassetete da polícia de choque nas trombas, muitos manifestantes não deixaram de apreciar a ironia de isto se estar a passar numa ponte baptizada com o nome da revolução que nos trouxe a democracia. Não há melhor maneira de perceber os valores da democracia do que levar com umas bastonadas na cabeça e, ao recorrer a estes métodos de ensino, Cavaco deu-nos uma preciosa lição sobre o 25 de Abril: “Não votes no candidato que reage à tua liberdade de expressão à paulada”. A prova é que a maioria das pessoas usou o seu direito de voto para correr o seu partido nas eleições seguintes e para impedir a sua primeira incursão à Presidência da República. Bela democracia!

Ao mostrar a sua preocupação com a ignorância dos jovens o nosso Aníbal não estaria a expressar o seu espanto por ter conseguido ganhar mais umas eleições em Portugal? “Será que eles se esqueceram daquilo que eu lhes ensinei?”, pensou o nosso Presidente.

Nota: Prometo que o próximo post que fizer sobre política não será sobre alguém ligado ao PSD… Até a mim já me chateia… E, para responder a uma questão que tem surgido recorrentemente: Eu não sou o José Sócrates nem, tão pouco, sou do PS! Espero que tenha ficado esclarecido…

quinta-feira, 24 de abril de 2008

Melhor blog de 2009!


Recentemente tive o privilégio de viajar no tempo. Sei que podia ter aproveitado a oportunidade para alertar as autoridades sobre aquele atentado terrorista que vai arrasar Lisboa e grande parte do Ribatejo no dia 3 de Janeiro de 2009 (o nosso 3/1) ou para trazer para o passado a fórmula da vacina contra a pandemia que vai devastar 9/10 da população mundial no último trimestre deste ano. Escusam de começar a festejar porque o Alberto João Jardim ainda está vivo. E não só está vivo como se auto-proclamou Rei e Tirano do Reino da Madeira e dos Portugais num golpe de Estado bastante sangrento, à maneira da África sub-sariana. É frequente o seu recurso a técnicas de tortura medieval para punir todos os seus opositores e dissidentes, ou seja todos aqueles que ousarem referir-se a ele de uma maneira menos própria ou que não falem com sotaque madeirense… Já agora, e para assegurar que nada me acontece aproveito para saudar devidamente o nosso líder: Salvé o Excelentíssimo, Magnífico, Supremo, Belo e Magnânimo Líder da nossa Vasta e Gloriosa Nação Madeirense, deixem passar o seu bailinho, este que Vos saúda morrerá por si e faremos sofrer todos esses bastardos que não se referirem a Vossa Excelência nos termos mais adequados! Acho que assim assegurarei a minha sobrevivência futura e, quem sabe, um cargo de Deputado, é que inscrevi-me na Juventude do Partido Nacionalista da Madeira… Escusado será dizer que o Marítimo é o campeão nacional de futebol… Grande Marítimo!

Realmente podia aproveitar esta minha viagem para, a partir do passado, melhorar um pouco o futuro, mas não o vou fazer. O único motivo que me levou a visitar o futuro foi analisar o estado deste blog, para saber se vale a pena eu continuar a escrevê-lo. E, meus caros e fiéis leitores, cheguei à conclusão que só tenho que vos agradecer. Em 24 de Abril de 2009 este é o blog com mais visitas da blogosfera e consegui superar esses grandes vultos da blogosfera nacional que são o Abrupto e o Gaijas da TV! Graças a vocês vou poder ganhar a vida a escrever, já que fui considerado o primeiro blogomilionário (um banner no meu blog é mais caro que um anúncio luminoso em Times Square)! Em meu nome e em nome de todos aqueles que dependem do meu trabalho, ou seja os meus 15 filhos, 4 mulheres, 230 cabeças de gado bovino e 125 cabeças de gado suíno, agradeço-vos! A vossa admiração pela minha pessoa permitiu-me não só ganhar a vida mas também ser o opinion maker mais influente do nosso país (no reinado do Alberto João os opinion makers mais valorizados são aqueles que não têm qualquer opinião, por isso...)! É graças a vocês, meus humildes seguidores, que este é o mais importante espaço de reflexão da blogosfera nacional de 2009! O meu muito obrigado! Já agora aproveito para dizer que o meu post de 28 de Abril vai ser realmente espectacular.

No entanto devo acrescentar algo. É que como a esmagadora maioria de vocês já não vai pertencer ao mundo dos vivos em 2009 (por causa da pandemia ou do atentado terrorista ou das campanhas de fuzilamento de Alberto João… nunca o Estádio da Luz foi tão vermelho…) e outra grande maioria vai estar num Campo de Concentração (por não conseguir imitar devidamente o sotaque madeirense, por exemplo…), onde ainda não têm acesso à internet, estou a agradecer apenas àqueles de vocês que vão ser fortes o suficiente para sobreviver e para fazer deste o maior blog do Mundo! A vocês, meus caros sobreviventes (ou futuros sobreviventes), o meu muito obrigado e os meus parabéns!

segunda-feira, 21 de abril de 2008

Força Patinha!



Não vou fazer piadas sobre Patinha Antão, até porque como barão do PSD ainda não decidi se o vou apoiar a ele ou à Manuela Ferreira Leite. Vou apenas relatar um facto:

Mário Patinha Antão, nascido a 26 de Junho de 1945, optou, por vontade própria, por ser conhecido no meio político como Patinha Antão. A minha pergunta é: qual é o mal de ser tratado por Mário Antão? Aliás, qual é o mal de ser tratado por Mário Antão quando a única alternativa é "Patinha"?

Eu partiria uma cadeira na primeira pessoa que me chamasse Patinha ou então ia a correr chorar para as saias da minha mãe... E eu sei bem do que estou a falar porque até aos 18 anos era mais conhecido como Rosinha e/ou Cara de Peido...

E isso ainda me dá mais legitimidade para perguntar: como é que alguém escolhe ser tratado por Patinha? É um nome feminino, remete-nos para uma ave aquática do sexo feminino e, ainda por cima, é um diminutivo... Será que ele gosta que as pessoas dêem risadinhas quando falam dele? Ou que façam "quá-quá" quando ele entra na sala? Ou que lhe ofereçam t-shirts da Margarida (imagem em cima) nos anos?

O único contexto em que eu imagino alguém a usar a palavra patinha para se dirigir a alguém é numa conversa de adolescentes:

- Então mor! Vixtx ontm ox morangux com axukár?
- Não mnha patinha kiduxa... Xtiv a a fumar ganxa enkuanto ouvia os Tokyo Hotel...

Agora surgiu-me uma dúvida... Será que o nome dele é Patinha como diminutivo de pato no feminino ou Patinha como "Bóbi, dá a patinha!"?

São incríveis as potencialidades do humor fácil!

sexta-feira, 18 de abril de 2008

Sou um burro!


Cheguei à conclusão que sou uma pessoa rude, inculta e ignorante. Não posso negar que fiquei extremamente feliz por ter chegado a esta conclusão, é que, assim, pode ser que tenha mais sucesso com as mulheres… No entanto, este insight sobre a minha personalidade não surgiu do nada, não é assim tão fácil uma pessoa mudar a percepção que tem de si própria e, posso dizer-vos, no meu caso foi particularmente difícil porque, desde pequeno, a minha mãe tentou-me convencer que eu era uma pessoa extremamente inteligente, culta e com imenso potencial humano… Escusado será dizer que esta violência psicológica não passou incólume e já vou no meu 10º ano de psicoterapia para superar estes traumas. E hoje, finalmente, dei um passo enorme no sentido da sua superação! Apetece-me ir para a janela gritar, para toda a gente ouvir: “Sou um burro!” e, seguidamente, zurrar durante 20 horas seguidas até ter os GOE’s a entrarem-me pela porta dentro!

Ao contrário daquilo que a minha mãe me tentava convencer eu sou um grande, grande jumento… Ainda hoje acordo a meio da noite com as suas cruéis palavras “Ainda vais chegar longe, meu filho…”.

Enfim, um passado que me tenho esforçado para enterrar… Sendo que hoje, sinto que posso finalmente fazer-lhe o funeral…

Sempre achei que a arte era a sublimação da actividade humana, era uma materialização do culminar daquilo que o Homem pode fazer e que o distingue dos outros animais, correspondendo a um ideal estético (que pode variar conforme a pessoa…) mas sendo, unanimemente, uma manifestação de talento e trabalho…No entanto, um artista alemão chamado Gregor Schneider veio mostrar-me que eu não percebo nada de arte convencendo-me, finalmente, que, ao contrário da pessoa culta e inteligente que me fizeram crer que eu era, sou ainda mais burro que o Luís Filipe Menezes (também não exageremos). E prontos (já que sei que não sou um iluminado, vou começar a usar expressões do povo… acho que tenho que conviver com mais cabeleireiras…)! Ao “The ArtNewspaper”, Gregor Schneider, que não só é extremamente inteligente mas também percebe imenso de papel de parede e de alcatifa, disse o seguinte: “Quero mostrar uma pessoa a morrer naturalmente ou alguém que acabou de morrer. O meu objectivo é mostrar a beleza da morte”. Este artista de alto gabarito anda a tentar convencer alguém em estado terminal para ser a obra de arte dele.

Eu, como pessoa rude que sou, gostava de perguntar o seguinte ao Gregor: “Gregorzinho, se a morte é tão bonita porque é que não mandas um balázio na cabeça? Ou porque é que não tentas parar o Alfa Pendular com as mãos? Grande obra de arte, não? Não gostas de vermelho?”. E é esta a minha reacção que mostra o quão tacanho eu sou, porque se eu fosse uma pessoa inteligente, culta e com um grande talento na área da reciclagem de burriés, do calibre do Gregor, ia dizer uma treta do género “Sim, senhor! Que ideia maravilhosa… Este uso da realidade, crua como ela é, para nos confrontar com a nossa fragilidade e, no fundo, connosco, permite não só encontrarmo-nos como reflectir sobre a espiritualidade daquele momento que é tão inevitável, quanto simbólico”. E ia logo a correr apanhar um cancrozito para me oferecer ao Gregor.

Espantoso! Visto que estas pessoas cultas estão à frente no tempo e são elas que pautam aquilo que vai ser a realidade daqui para a frente imagino um cenário futurista em que as pessoas, em vez de irem ao Louvre, vão à Unidade de Cuidados Intensivos do Santa Maria ou à Unidade de Queimados ou ao IPO…

Agora vou dirigir-me única e exclusivamente ao Gregor Schneider. Por isso, não precisam de continuar a ler. Isto é entre mim e ele.

Eu disse que não precisavam de ler, mas vocês é que sabem…

Grande Gregor, tenho uma dúvida e uma sugestão para ti. Primeiro, a dúvida: como sabes, eu não sou muito inteligente, mas ouvi dizer que, a não ser que se mate alguém, a morte não é assim uma coisa muito previsível… já aconteceu médicos darem um dia de vida a uma pessoa e ela viver mais uns meses… o que é que vais fazer em relação a isto? Se tiveres tomates podes sempre matar o teu voluntário, com uma metralhadora, que dá bom efeito e garantes que ficas não só para a História da Arte como para a História do Crime (eu avisei-vos para não continuarem a ler…). Se eu for à tua exposição e o fulano não morrer tu devolves-me o dinheiro? É que se não garantes que o tipo morre (com a metralhadora ou com um machado, por exemplo) arriscas-te a ter umas dezenas de abutres (inteligentes e cultos, é certo) no teu atelier à espera que ele morra… Podes sempre matá-lo à fome mas também demora um bocadinho e, mesmo uma pessoa em estado terminal é capaz de se passar um bocado e ir buscar energias para te destruir o estaminé, se não lhe deres de comer… É tipo os rottweilers… Eu já tive um individuo em estado terminal em casa e era assim… Passava-se quando eu não lhe dava o Cerelac… Mas passava-se do tipo de levar tudo à frente e de querer partir as grades da jaula com a cabeça… São um bocado passados, estes doentes terminais…

Agora a sugestão. Sei que sou apenas uma pessoa rude e simplória mas tenho uma sugestão para ti e era giro se a aceitasses… Porque é que, quando o teu voluntário der o último suspiro tu não entras pelo palco dentro vestido de campino, com uma buzina daquelas que se usam nos jogo de futebol, num monociclo, com música de circo, ao mesmo tempo que crias um efeito especial que faz do falecido uma espécie de marioneta que dança a Macarena? Eu ia gostar… Pensa nisso…

Pequenas reflexões que fiz enquanto conduzia (se bem que até podia ter sido na casa-de-banho)




Como se não estivéssemos fartos de saber que o Santana Lopes era mau, desde que entrou na sua fase "vou andar por aí" o nosso ex-primeiro-ministro já se comparou a Sarkozy, a Gordon Brown e, mais recentemente, a Silvio Berlusconi... Com quem se comparará Santana Lopes a seguir? Com Arafat? Com o Papa João Paulo II? Com Mugabe? Com Alexander Lukashenko (Presidente da Bielorrúsia)? Com Abraracourix (o chefe da aldeia do Astérix)? Façam as vossas apostas...

Até ontem não tinha percebido o que levou Luís Filipe Menezes a candidatar-se à liderança do PSD... Puro masoquismo e estupidez eram, para mim, as hipóteses mais fortes... Ontem descobri que afinal ele só estava lá para baixar a fasquia para o Santana Lopes... À beira do Menezes o Santana até parece um político mais ou menos sério, com ideias um tanto ou quanto razoáveis...

A actuação dos GNR em parceria com a Banda Filarmónica da GNR abriu um precedente que pode, finalmente, juntar no mesmo palco os Scorpions e uns milhares de escorpiões venenosos... Estou ansioso para ver o trabalho dos escorpiões!

São graçolas um bocado forçadas, não são? Enfim...

quarta-feira, 16 de abril de 2008

Comunicado do autor

Vou abrir uma excepção neste espaço para falar um bocadinho a sério, porque parece que é necessário pôr alguns pontos nos is. Quando, hoje de manhã, fui visitar o meu próprio blog (visto que só eu correpondo a um quarto das visitas do mesmo…) apercebi-me que este estava vedado por violar os Termos de Serviço de Blogger. Achei que aquilo era um erro e voltei a tentar entrar. Aconteceu exactamente a mesma coisa…

Não percebi em que é que poderia estar a violar os Termos de Serviço de Blogger e fui informar-me. Ao que parece o meu blog foi listado como sendo um possível blog de spam.

Sendo que este blog foi criado apenas na sexta-feira, é quase exclusivamente visitado por amigos e não tem nem um único link achei tudo isto muito estranho. Foi então que decidi tentar perceber os mecanismos que levam a Blogger a considerar os blogs como spam e entre vários critérios, encontrei o único a que o “Corta-unhas” poderia corresponder. Ao que parece podemos pedir à ou ao Blogger (não sei se é masculino ou feminino…) que analise o conteúdo de determinado blog, para ver se este está de acordo com a sua política.

A própria blogger salvaguarda o facto de isto não ter nada a ver com censura: “The Flag button is not censorship and it cannot be manipulated by angry mobs. Political dissent? Incendiary opinions? Just plain crazy? Bring it on”. Isto são as palavras deles. Ao que parece eu posso ser politicamente incorrecto, incendiário e maluco, isto até alguém decidir que as minhas ideias politicamente incorrectas, incendiárias e malucas são spam… Aí a blogger fecha o blog até terem a certeza que este não é spam e, penso que, aproveitam para analisar se este é politicamente incorrecto, incendiário e maluco.

Acho mesmo que este conceito de blog de spam é o eufemismo que eles encontraram para a censura. Acho que mais facilmente uma mente mesquinha e ressabiada assinala um blog por não gostar dele do que por este ser spam. Que eu saiba nunca no meu blog alguém foi convidado a fazer operações de aumento do pénis, a ser o macaco que come mais bananas, a encestar bolas, a fazer o download de toques de telemóvel ou a encontrar raparigas na sua área de residência… Muito sinceramente, acho que alguém assinalou o meu blog para que lhe passassem um lápis azul. Estou convicto que na Blogger nem devem ter lido os posts, devem apenas ter confirmado que este é apenas um blog recente, feito para amigos e para meia dúzia de pessoas que possam achar piada ao que escrevo… No entanto, a ideia de alguém ter assinalado este espaço assusta-me…

Não gosto de me armar em vítima e detesto aquele discurso de “A sociedade não me compreende, sou avançado demais para este país, são muito atrasados para mim, etc.”. Não me considero superior a ninguém e jamais me consideraria mais evoluído do que a sociedade. Esta é bem maior do que eu. Admito que haja pessoas que não gostam do que eu faço, assim como admito que haja pessoas que gostem… É o normal! Não posso exigir nada a ninguém.

Como podem perceber pelo que escrevi detesto o politicamente correcto. Acho que é uma grande hipocrisia e sinto que as pessoas mais politicamente correctas são as que têm mais esqueletos no armário. Para mim o humor não tem limites e pode ser um óptimo meio de intervenção, por exemplo os Klu Klux Klan foram destruídos pelo humor… No entanto, para mim o humor é uma maneira de expressar as minhas opiniões, sem ser através de enfadonhos artigos de opinião (Pachecos Pereiras já temos muitos…). Não pretendo mudar o Mundo com isto… É preciso ser muito mesquinho para assinalar um blog só porque não se gosta do conteúdo do mesmo...

Vou então fazer algo que detesto e explicar o sentido das piadas para os senhores da Google e para os senhores que flagaram o meu blog perceberem um pouco o que pretendo fazer por aqui. Vou analisar os posts que fiz e explicar o sentido deles, vão perder a piada toda (se é que a têm…) mas tenho que o fazer, para o caso de terem assinalado o meu blog por acharem que eu sou uma espécie de psicopata que quer trabalhar para o Vaticano e que acha que a base de uma relação é o domínio. Para além disto acho que é importante para alguém (que não me conheça) perceber o que é que ando aqui a fazer porque, na verdade, um blog com este nome e com este tipo de posts vindo do nada pode causar estranheza (ainda assim não justifica que o assinalem como impróprio):

Make White Love Not War e Ainda sobre o Mário Machado

Se há coisa que repugno e que mexe com as minhas entranhas é o nazismo. Ter visto durante a semana passada um individuo como o Mário Machado, líder da sucursal portuguesa dos Hammerskins (uma organização internacional que tem, entre outros critérios de admissão, o espancamento de uma quantidade determinada de pessoas de outras raças…), que tem frequentemente discursos incendiários, que concorda com o Holocausto, que admira Hitler, que esteve envolvido na morte de Alcino Monteiro, assumir-se apenas como “orgulhoso da sua raça” deu-me vontade de rir. É algo grotesco ver os lobos vestirem-se de carneiros, e fazerem de um lobo destes um Nelson Mandela tuga revolta-me imenso…

Genialidade

Este foi apenas um texto estúpido, inspirado numa experiência pessoal… Tive a pretensão de fazer algo tipo Woody Allen com algum humor negro… O texto até podia estar mau mas não creio que tenha sido um tocador de pratos que flagou o meu blog.

Supremacia

Como tenho algum conhecimento na área de Psicologia resolvi ridicularizar um pouco essa literatura de auto-ajuda que tem a pretensão de mudar a nossa vida e de nos tornarmos as melhores pessoas do Mundo. Inspirei-me um pouco numa entrevista que o Jon Stewart fez a um indivíduo que escreveu um livro em que assumia que a vida era como uma campanha eleitoral e que, para sermos bem sucedidos, tínhamos que ser como um político. Eu acho que se a minha vida fosse dar beijos a feirantes era capaz de ponderar seriamente o suicídio mas, ao que parece, este indivíduo achou que isto era uma boa ideia para ganhar uns trocos… Pensei um pouco em como seria se um sociopata escrevesse um livro de auto-ajuda sobre relações humanas. Não me cabe a mim avaliar o resultado mas acho que a ideia em si é hilariante…

Uma nova Igreja

Ao ler uma notícia sobre o estudo em que comparam o número de fieis de cada religião, não pude deixar de olhar para as religiões com uma marca que pretende chegar ao público. Foi um pouco o sentido deste post. Sei que era capaz de ser forte para pessoas com convicções religiosas. No entanto, achei-o muito mais ofensivo para os Muçulmanos do que para os cristãos (daí a questão do etnocentrismo…).

Para mim o humor não tem limites e felizmente já passámos os tempos em que não se podia falar de religião… Se não gostaram deste post é escusado voltarem a este blog (onde quer que ele esteja, visto que estou um pouco reticente em relação à Blogger) porque, se bem me conheço, ela vai ser um tema recorrente…

Itália

Será que o Berlusconi veio ao meu blog? Ou foram os Gondomarenses? Fica aqui a questão…

Não vou esconder que tenho a ambição de chegar a mais pessoas para além dos meus amigos, no entanto só faço um pedido. Se não gostarem do que escrevo estão à vontade para comentar ou para deixar de vir ao meu blog. Um blog é um espaço pessoal, aberto ao público é certo, mas da única responsabilidade do seu autor. Numa sociedade democrática, não cabe a ninguém o papel de guardião da moral ou dos bons costumes de vir invadir o espaço alheio e punir aqueles que acham que estão a cometer pecados. Custa-me ver tanto lixo na Internet e ver o espaço que escolhi para espalhar a minha criatividade fechado, principalmente quando a Blogger aloja tanta pornografia e publicidade.

Relativamente à Blogger esta foi a última oportunidade que tiveram. Durante o dia de hoje criei um clone deste blog noutro servidor, que vou imediatamente anular, mas acho que não é muito correcto apagar um blog durante um dia inteiro só porque alguém se lembrou de pôr uma bandeirinha a dizer "Aqui está um parvo!". É um facto, mas isso não me tira o direito de escrever o que muito bem me apetecer.

terça-feira, 15 de abril de 2008

Itália


Ao voltar a eleger Sílvio Berlusconi a Itália assume-se cada vez mais como um sério candidato a tornar-se Gondomar da Europa. Um título a que muitos ambicionam mas que não está ao alcance de todos (tomem lá Suecos! Sempre armados em bons, com a vossa honestidade e os vossos princípios morais e a vossa ética empresarial e as vossas estradas sem buracos... Jamais vão ser Gondomar da Europa! Ah! Ah! Ah! Ah! Isso é entre nós e os italianos...).


Ao elegerem um primeiro-ministro corrupto, mafioso e prepotente (ainda que muito charmoso) os italianos mostram-nos, mais uma vez, que não é por acaso que quando pensamos neles os associamos imediatamente ao Vito Corleone ("I'll make him an offer he can't refuse").

Não os podemos culpar, as pessoas tendem em votar nos políticos com que mais se identificam. Se o Zé Povinho (e quem diz o Zé Povinho diz o Quim Barreiros) se candidatasse às eleições em Portugal também ganhava… É um facto!

Quer queiramos, quer não os estereótipos têm razão de ser: se os italianos escolhem um corrupto para primeiro-ministro, se os portugueses escolheriam um tipo bonacheirão, de bigode, com uma barriguinha, sempre pronto para a farra e que, de vez em quando, esconde droga no acordeão, é perfeitamente normal que os americanos tenham escolhido um burro para Presidente.

Uma nova Igreja




Aviso: existência de uma elevada dose de etnocentrismo neste post. Pessoas com uma elevada sensibilidade para a multiculturalidade devem evitá-lo a todo o custo.

Um estudo recente concluiu que a religião Muçulmana está a ganhar terreno ao Cristianismo. Algo vai mal com os seguidores de Jesus. Ao longo da sua história, o Cristianismo foi criando sempre maneiras eficientes de lidar com a concorrência como a Inquisição ou as Cruzadas. No entanto, ainda que eficazes, estas tácticas não são propriamente correctas e, como é óbvio, até podem causar um efeito oposto ao pretendido. Acho que, hoje em dia, a Humanidade não aceitaria tão bem um genocídio como na Idade Média, em que a palavra do Santo Ofício era sagrada. Bastava alguém dizer que a Francisquinha era bruxa que a Francisquinha ia logo servir de combustível à fogueira, para deleite de todos os domingueiros que não passavam sem uma boa queima de hereges. Ainda bem que inventaram os shoppings! Não digo que esta táctica da eliminação da concorrência não continue a ser utilizada, por exemplo, os Americanos têm feito um bom trabalho no sentido de aumentar a distância entre Cristãos e Muçulmanos. No entanto, ainda assim é insuficiente.

A eliminação da concorrência está, então, fora de questão. São necessárias outras técnicas, menos eficazes mas mais aceitáveis de um ponto de vista ético. Estás a ouvir, Bento XVI?

Convencer os pobres

É sabido que é muito mais fácil convencer pessoas com um estômago vazio do que pessoas a quem não falta nada. O que é que eu quero dizer com isto? Aproveitar para recrutar fiéis nos países pobres. Em troca de um saco de arroz eles aderem ao Cristianismo, não há nada mais fácil! É fácil gostarmos de Jesus porque Ele é o Senhor, porque Ele é bom, porque Ele é sexy, porque Ele faz uns truques giros… mas se Ele nos der uma refeição por dia quando estamos habituados a não ter nenhuma Ele torna-se, literalmente, o Salvador! E matam-se dois coelhos de uma cajadada só, por um lado aumenta-se o número de fiéis, por outro lado contribui-se para acabar com a fome…

Acabei de me aperceber que isto de comprar fiéis com bens de primeira necessidade já é prática comum há muitos anos… Chama-se evangelização… Logo, esta ideia não conta… Estou aqui para trazer novas ideias…

Explorar novos mercados

Um bom espaço para a Igreja crescer seria convencer os indecisos. É o que qualquer político faz em campanha e há aí muito agnóstico e ateu à espera de uma boa razão para aderir à espiritualidade (e sendo que os Muçulmanos oferecem 40 virgens aos mártires é importante que a Igreja seja bem veemente nos seus argumentos para convencer este público). Uma sondagem feita numa amostra de 4000 ateus e agnósticos mostrou que 90% destes baptizar-se-iam se tivessem provas inequívocas da existência de Deus (os outros 10% são apenas do contra). Ouviste isto, ó Jesus? Há quase 2000 anos que estás aí nas saias do Teu pai e ninguém te vê… Depois não admira que as pessoas não acreditem em Ti… Só Te conhecem de te ver pendurado na cruz e de meia dúzia de filmes. Daqui a pouco as pessoas começam a acreditar mais no coelhinho da Páscoa do que em Ti! No coelhinho da Páscoa! Tens que aparecer, Pá!

E tira o cavalinho da chuva porque aparecer à Alexandra Solnado não conta, nem fazer a tua mãe aparecer a três pastorinhos, nem fazer estátuas chorarem sangue, nem aparecer em fundos de chávena de café, torradas e cebolas! Já ninguém acredita nisso… É tudo motivo de comédia! Tens que aparecer mesmo, Tens que dar a cara… Se o Teu caminho é o da Salvação, é importante que as pessoas saibam disso! E ninguém melhor do que Tu para o fazer! Já ninguém acredita em padres pedófilos nem em papas que andaram na juventude hitleriana e muito menos no Padre Borga. Lembra-te que enquanto estás aí no bem-bom, já fizeram más músicas em Teu nome, já usaram o Teu nome para ganhar eleições, já fizeram t-shirts pirosas com a tua efígie, já ganharam muito dinheiro às tuas custas (esta é para ti, Sr. Pastor da IURD!), já mataram em Teu nome… Não ouviste? Eu repito: já mataram em Teu nome! E ficas aí quieto, de braços cruzados, como se nada fosse… Para mim, que sou ateu (sou um profissional tenho que me manter neutro, se os Muçulmanos me pedirem para lhes dar conselhos deste tipo também o vou fazer…), seria o dia mais feliz da minha vida se aparecesses!

E como já disse, a Alexandra Solnado não conta! Tinhas que aparecer, a Oprah fazia-te uma entrevista e expunhas as tuas ideias. Mas isto não chega! Qualquer tipo barbudo com feridas nas mãos faria isso… Tinhas que fazer milagres: andar em cima do mar, transformar água em vinho (serias convidado de honra em todos os meus jantares!), curar uns milhares de cegos, acabar com umas dezenas de guerras e… sobretudo dar esperança ao pessoal…

Este é o meu maior conselho! Como ateu que sou, a única maneira de me convenceres era se aparecesses (se voltares a falar na Alexandra Solnado não escrevo mais…). Se aparecesses, o meu trabalho estava acabado… Mas como duvido que o faças (já tiveste oportunidades em que serias bem mais útil se o fizesses) tive que pensar noutros conselhos…

Conhecer o adversário

Há um aspecto fundamental se queremos ser bem sucedidos numa competição: é conhecer o adversário. Conhecer aquilo com que estamos a lidar. Aquilo que nos espera. E nunca, mas nunca, o menosprezar! Só percebendo o que é que há de tão atractivo no adversário é que vamos conseguir ser mais atractivos do que ele. E, relativamente aos nossos competidores directos, os nossos amigos do turbante (não se façam de espertinhos, sabem bem que não são os sikhs) é muito fácil cair na tentação tão típica de uma sociedade judaico-cristã de só olhar para aquilo que não é atractivo neles. É muito fácil ridicularizar aquelas barbas, é muito fácil gozar com os turbantes, é muito fácil repugnarmos as burqas, criticarmos a maneira como rebaixam as mulheres, é muito fácil ficarmos espantados por eles não beberem alcool, é muito fácil estranharmos quando vemos alguém espumar da boca só porque um cartoonista dinamarquês desenhou o Maomé… Concordo que isto sejam coisas más… mas não é isso que nos interessa… Temos que olhar para as coisas boas para tentar copiá-las, tentar melhorá-las e tentar minorar os seus efeitos no caso dos nossos adversários… E podemos apontar muitas coisas boas à religião Muçulmana. E desenganem-se aqueles que acham que eu vou cair no erro fácil de falar nas 40 virgens ou nem na poligamia… Há muitas coisas boas a apontar…

Dêem-me só 10 minutos…

Bem, parece que tirando a poligamia e a recompensa de 40 virgens aos mártires há pouco mais a apontar como coisas boas da religião Muçulmana… Infelizmente, acho que se o Cristianismo começasse a incentivar mais o terrorismo e a poligamia seria ainda mais contraproducente, visto que por um lado havia o risco de se perderem muitos fieis (aqueles mais conservadores que não querem ter mais que uma mulher e as próprias mulheres…) e por outro lado o público-alvo de uma potencial introdução destas medidas já tem religião, o Islamismo, e não iriam querer trocá-lo por uma espécie de Islamismo série B, constituído por pessoas que ainda têm muito que aprender no que concerne à poligamia e ao terrorismo.

Ou seja, não adiantei muito acerca de como podemos ir buscar bons exemplos ao Islamismo, mas deu para o ficar a conhecer melhor e perceber que jamais o Cristianismo o pode imitar. A única maneira de o Cristianismo recuperar a sua vantagem é ser o Cristianismo e é desta maneira que passamos ao ponto seguinte: o marketing.

Marketing

Num estudo sobre a percepção das pessoas acerca da Igreja ficou provado que há um conjunto de ideias que as pessoas associam imediatamente à Igreja: sotaque beirão, pedofilia, o Padre Borga, beatas e caixa de esmolas. Quem é que uma Igreja assim vai atrair? Perante este panorama até a Cientologia vai ultrapassar o Cristianismo… Eles têm o Tom Cruise! OK! Não foi o melhor exemplo, acho que a estocada final no Cristianismo seria ter o Tom Cruise…

O que eu quero dizer é que o Cristianismo é um bom produto, é preciso é saber vendê-lo. Quem é que não quer ir para o Paraíso? Toda a gente! Só que, não sei porquê, dar credibilidade a padres pedófilos não me parece o caminho certo…

O que é que as grandes marcas fazem para ganhar um novo fôlego? Criam uma nova imagem! Como que a dizer “começámos um novo ciclo, esqueçam os nossos pecados antigos, Mundo moderno aqui vamos nós!”. É isto que o Cristianismo precisa há mais de 500 anos: uma nova imagem.

Para começar, o Cristianismo tem um grande trunfo: Jesus. Pois é, apesar de andar desaparecido, Jesus continua a ser a melhor imagem de marca possível. Não há nada que venda mais do que Jesus e a prova disso é a maneira abusiva com que a Sua imagem é usada. Jesus é bom, Jesus é o Salvador, Jesus é o filho de Deus, Jesus é sexy! Isto para não falar do facto de que a época mais rentável no comércio são os anos do nosso querido Profeta. Mesmo associada a um culto pagão como o Natal e de estar a perder protagonismo para um individuo gordo de barbas, a imagem de Jesus vende como o caraças!

Meus amigos, este Senhor faria milagres na indústria dos desodorizantes e na indústria das telecomunicações. Já imaginaram? Vocês deixavam de comprar um produto que estivesse associado a Jesus? Claro que não. Se Jesus usa este telemóvel eu vou comprar este telemóvel, se Jesus bebe este refrigerante eu vou beber este refrigerante, se Jesus consome este fiambre eu vou consumir deste fiambre (Calma! Jesus não era judeu?)… Em termos publicitários nada bate o Messias!

E o grande trunfo do Cristianismo é que têm a exclusividade de Cristo, são os donos da marca registada! Só que não o sabem aproveitar… E acreditem que a Coca Cola daria uns bons milhões para poder contar com este menino (já viram? O Pai Natal e Jesus na mesma marca… Só ficava a faltar o Cristiano Ronaldo…).

O mal do Cristianismo é que tem o maior fenómeno publicitário de todos os tempos… e o que é que faz? Pendura-o numa cruz… E espalha esta imagem até à exaustão. OK! Admito que no início até poderia funcionar mas agora não atrai ninguém… É preciso dar uma nova imagem a Jesus.

Começaria por contratar um estilista para mudar radicalmente o aspecto de Jesus. Mantinha a barba e o cabelo comprido (alguém o reconheceria se ele cortasse o cabelo e fizesse a barba?) mas dava-lhe uma imagem mais airosa, um look ligeiramente a. C. mas com o seu quê de século XXI. Talvez uns músculos mais definidos. E, sobretudo, um grande sorriso como que a dizer: “Pessoal, aqui estou eu. Saí da cruz e estou melhor do que nunca”. Mas o fundamental seria um slogan. Do género: “Cristianismo: Connecting People”, “Cristianismo: Just do it”, “Cristianismo: I’m loving it”, “Cristianismo: Mais perto do que é importante”, “Cristianismo: Porque eu o mereço”, “Cristianismo: Eu é que não sou parvo!” ou até mesmo “Cristianismo: derrete-se na boca e não na mão”. Perceberam a ideia?

O bom uso dos meios de comunicação social é também um aspecto que o Cristianismo devia mudar. Já repararam que quando um representante da Igreja aparece na televisão ou é para falar do aborto ou do casamento de homossexuais ou da masturbação ou do casamento entre padres. Como é que as pessoas vão ter respeito por uma Igreja cujos representantes só pensam em sexo? Uma igreja de depravados… Condenar guerras porque a Bíblia diz “Não matarás” não, mas impedir o casamento dos desgraçados dos homossexuais, que não fazem mal a ninguém e até se vestem bem, “aqui vamos nós que é pecado”… Não é repugnante a imagem de um tipo anafado, com uns óculuzinhos ridículos na ponta do nariz, uma voz esganiçada e um sotaque beirão a condenar tudo o que há de bom nesta vida? Pois é esta a imagem da Igreja nos meios de comunicação social… Há duas coisas que têm que fazer. Primeiro, deixem de ser corta-mocas! Segundo, vendam uma melhor imagem, acabem com os homenzinhos anafados com voz de velha, produzam melhor a imagem dos vossos representantes (troquem as batinas e os colarinhos brancos por fatos de treinos Adidas, por exemplo), façam videoclips, produzam filmes (se possível que não sejam realizados por um lunático… Ouvi alguém dizer Mel Gibson?), produzam merchandising de qualidade (e uma irmã Lúcia de barro ou uma Nossa Senhora de Fátima que brilha no escuro não são exemplos de merchandising de qualidade…), façam novas orações (tenho a certeza que se um jovem quiser perceber o Pai Nosso hoje em dia tem que ir, no mínimo, 20 vezes ao dicionário… E não só mudar as orações como, eventualmente, adaptá-las à maneira como os jovens falam hoje em dia, seria algo do género: “Pai Nosso, tipo, que estais no Céu…” ou “Avé Maria, com bué de Graça…”), etc.

Por hoje é tudo. Acho que lancei umas boas ideias para mudar o Cristianismo, mantendo a sua essência. Espero que tenham em conta aquilo que eu arrisquei a escrever este post. Arrisquei a vida… Quer a terrena (não consigo parar de imaginar uma horda de camponeses enfurecidos empunhando tochas, foices e ancinhos atrás de mim), quer a eterna (é que, das duas uma, ou aceitam as minhas ideias ou estou condenado a arder no Inferno, não me parece que haja meio termo…). Deus vos abençoe!

segunda-feira, 14 de abril de 2008

É urgente fazer alguma coisa! Espalhem a mensagem!


Recebi na minha caixa de correio este panfleto. Vinha assinado por um tal de Professor Severiano Alambique que, pelos vistos, é uma espécie de guru da auto-ajuda. Pretende ensinar-nos a lidar com relações. Devo dizer que aterrorizado é um eufemismo para descrever o estado de espírito com que fiquei depois de ler isto… Sinto-me no dever de divulgar esta mensagem ao máximo de pessoas possível e peço-vos que a enviem a todos os contactos da vossa mailing list. Isto é muito sério e temos que lutar contra este tipo de práticas. Não sei o que vai ser do Mundo se toda a gente, de repente, começar a tentar atingir a supremacia… Sei que tenho feito uns posts ridículos e temo que isso possa afectar a credibilidade da mensagem que quero passar. Só me resta pedir, por tudo o que há de mais sagrado, que divulguem esta mensagem e que acreditem em mim: ISTO É VERÍDICO!

A Supremacia

O meu nome é Severiano Alambique e sou um especialista em relações. Possuo o conhecimento científico e a autoridade de quem já passou por duas. Uma delas foi com uma colega de escola, a Antonieta Azevedo. Uma pessoa por quem me apaixonei perdidamente e que, sem mais nem menos, desapareceu sem deixar rasto. Paguei a um detective privado que me disse que ela agora se chamava Ingrid Gustaffson e vivia na Gronelândia. Fui lá visitá-la mas os Serviços Secretos mudaram-na de casa outra vez. Acho que está num Programa de Protecção de Vítimas. Se calhar foi por tê-la sequestrado na cave da minha casa sem comer e sem beber durante 3 meses … Ainda hoje constitui o meu recorde de tempo em termos de relações: exactamente 3 meses. A outra era uma marciana verde com 3 olhos, 5 pares de seios e 10 pernas, gostava muito dela mas também desapareceu subitamente assim que o psiquiatra me obrigou a tomar antipsicóticos. Não percebo o que aconteceu, parecia mesmo que ela gostava de mim e tínhamos combinado nesse dia invadir uma maternidade e raptar cinco bebés para entregar ao Xlóptzung, o seu Venerável Líder, que, se bem o conheço, ficou muito zangado. Muito irascível, esse tal de Xlóptzung…

Como podem ver por estas minhas credenciais, de relações percebo eu. Nesse sentido, posso revelar-vos a existência de um aspecto fundamental para se sentirem bem numa relação. Não é o amor, não é a amizade, não é a cumplicidade, não é a empatia sexual… Não se acreditem em nada dessas tretas que os meios de comunicação social nos querem vender. O segredo de uma boa relação amorosa é a supremacia. E o que é a supremacia? Perguntam vocês meus humildes seguidores.

Passo a responder-vos e saliento um aspecto: estou a dar-vos este conselho de graça. É para verem o quanto gosto de vocês. Tenho a certeza que não encontram um melhor preço para o segredo para serem bem sucedidos em todos os aspectos da vossa vida. Uma autêntica pechincha!

Estão preparados? A supremacia é o poder sobre o outro. Uma relação só é boa quando podemos fazer da outra pessoa tudo o que quisermos. Quando ele é apenas uma marioneta sob o nosso domínio. Não perceberam? Faço então uma analogia. Vocês não querem ser o Gandhi de uma relação. Vocês não querem ser aquele tipo bonzinho, que não faz mal a ninguém, que dá a outra face, que respeita o outro desinteressadamente e que, no fim, é assassinado, culminar de uma vida desprovida de sentido e de prazer sexual e gastronómico. Vocês querem ser um Mussolini, querem ser dominadores, donos da situação, alvos de obediência cega e mais temidos do que o papão. É certo que o Mussolini foi cortado aos bocadinhos e espalhado por toda a Itália (já sabia que me iam atirar com este argumento) mas isto deve ser como um exemplo para vocês: nem o Mussolini conseguiu ser um Mussolini, ou seja vocês têm que ser mais Mussolinis que o próprio Mussolini, o que não é fácil, já que o próprio Mussolini falhou nessa missão.

Passo então a dar uma série de conselhos práticos para aplicarem um pouco deste conceito relacional às vossas miseráveis vidas. Considerem isto como um curso de Supremacia para iniciados. Se quiserem desenvolver mais este modo de vida podem sempre inscrever-se no Curso Básico de Supremacia, que não é barato e que não vos deixa, nem de perto nem de longe, aptos para aplicar razoavelmente todas as implicações desta maneira de estar à vossa vida. Só depois de tirarem o Curso Avançado de Supremacia é que podem almejar um domínio mediano de tudo o que envolve isto de viver a vida de acordo com esta nobre arte de dominar o outro. Se estiverem interessados manifestem as vossas intenções para o número xxxxxxxxx (rasurado pelo autor deste blog por motivos óbvios), se me provarem que estão aptos para dar tamanho passo pode ser que tenham a sorte de serem os meus próximos alunos. Passo então aos conselhos, que surgem como respostas a situações-problema que vos podem ser familiares:

“Estou numa relação em que gosto mais dele(a) do que ele(a) de mim”

Se isto se passa contigo a única coisa que merecias de mim era uma cuspidela na cara e um pontapé no escroto. Não mereces nem um centésimo de segundo do meu tempo. No entanto eu hoje estou bem disposto e vou dizer-te o que deves fazer neste caso: fugir! Sei que vai haver aí umas bestas que vão dizer que o melhor a fazer nestas situações é tentar conquistar a outra pessoa: oferecer flores, colocar um avião a circular pela cidade com uma faixa a dizer “Amo-te fulano de tal!”, comprar jóias, levar o pequeno-almoço à cama, cumprir com um afinco acima da média as obrigações domésticas, procurar maneiras de proporcionar um maior prazer sexual à outra pessoa… Sabem o que é isto, meus camelos? É outra pessoa estar a exercer supremacia sobre vocês! É na posição dessa pessoa que vocês querem estar! Não na posição de uma marioneta! Será que estou a falar para as paredes? Se seguirem os próximos conselhos há sempre uma hipótese de conseguirem inverter a vossa situação e ganharem o poder para vocês próprios. Mas lembrem-se de uma coisa: nunca se deixem supremacizar!

“Estou numa relação em que ele(a) gosta mais de mim do que eu dele(a)”

Estão no bom caminho. É isto que vocês querem. Ter poder total sobre a outra pessoa. No entanto, isto não é tudo. Não se podem acomodar e têm que estar atentos a dois aspectos: têm que saber se vale a pena exercer supremacia sobre esta pessoa e têm que saber como exercer a supremacia.

Em primeiro lugar, vale a pena exercer supremacia sobre esta pessoa? O que é que esta pessoa tem para me dar? Valerá a pena uma submissão completa e total sem qualquer tipo de bónus? Muita atenção a estas questões quando vão entrar numa relação. Temos que ser parcimoniosos com as pessoas sobre quem vamos exercer a supremacia. Um dos critérios deve ser avaliar o que é que essa pessoa tem para nos dar: dinheiro, prazer sexual, prazer culinário, um Ferrari Enzo, um camarote no Estádio do Dragão… A submissão por si só não vale a pena, são as suas compensações que a tornam tão atractiva. Por exemplo, o que é que me interessa a mim ter alguém que me tem uma devoção completa se tenho que trabalhar para a sustentar? Uma das vantagens da supremacia é que a outra pessoa vai fazer tanto por nós que vamos poder passar o resto da nossa vida a fazer aquilo que gostamos como caça grossa e corridas de trenó.

Em segundo lugar, relativamente à questão de como exercer a supremacia, devo dizer que é algo bem mais complexo: uma análise do extracto bancário e um primeiro olhar permite-nos responder à questão de valer a pena ou não exercer a supremacia. Agora a segunda exige um know how que vocês dificilmente vão atingir. Não pensem que a supremacia é algo que nasce da noite para o dia, exige muito trabalho e algumas privações que vocês não imaginariam que uma pessoa como eu se submeteria. Têm que ser como uma aranha e esperar pelo momento certo para lançar a teia. Têm que deixar a outra pessoa pensar que está tudo sob controlo, que vocês até são pessoas queridas… Muitas vezes devem até fazer com que a presa pense que é o predador. É aí que vocês, com a vossa teia montada, vão apanhar a presa para ela não mais conseguir fugir do vosso domínio.

Olhem para a supremacia como uma bola de neve que começa por ser pequenina mas que vai crescendo até atingir proporções que nem vocês podem imaginar. Comecem por criar alicerces fortes para a pirâmide de Gizé que vai ser o vosso domínio sobre a outra pessoa. Sei que já é a quarta metáfora que utilizo para explicar como é que se deve exercer supremacia sobre alguém mas acreditem que tudo isto é importante e tudo vai fazer sentido quando estiverem na situação real. Não se preocupem se tiverem que ir de vez em quando à montanha porque vai chegar a um ponto em que Maomé pode ficar sentado no sofá o dia todo porque a montanha não só virá a Maomé como irá satisfazer todas as suas necessidades, desde a sua higiene pessoal, passando pelo sexo, até à sua necessidade de ter uma equipa de pigmeus sempre disponível para encenar o “Jesus Christ Superstar” sempre que quiser (mais uma metáfora). Trocando por miúdos, aniquilem, de uma forma gradual, a auto-estima da outra pessoa: esta é o grande obstáculo à vossa supremacia.

“Sou mau na cama”

Esse sentimento está relacionado com um mito criado pela nossa sociedade hipócrita: o mito de que há pessoas que são boas na cama. Isso não existe. O que existe são pessoas que pensam que são boas ou más na cama e pessoas avaliam outras como boas ou más na cama. Porque é que eu estou a falar nisto? Porque isto pode ser uma grande ajuda para apanhar alguém na teia da supremacia.

O primeiro passo é reconhecer que, assim como toda a gente, somos maus na cama. Porque é que havíamos de ser bons ou maus a satisfazer uma necessidade fisiológica? Que eu saiba, urinar e defecar também são necessidades fisiológicas e nunca ouvi ninguém dizer que é o máximo a defecar ou que é uma autêntica “máquina de urinar ao nosso serviço”. Posto isto, importa vocês usarem esta evidência a vosso favor. Basta fazer com que a outra pessoa se sinta como um ratinho à beira do colosso sexual que vocês são.

Há um mecanismo muito fácil que vocês podem utilizar e que é 100% eficaz: ajam contra a vontade da outra pessoa. Mostrem um apetite sexual insaciável em todas as situações e em todos os momentos menos quando a outra pessoa tem vontade. Habituem-na de tal maneira a esta rotina que ela vai passar a ter tanto apetite como vocês. Aí vão ter que começar a fingir mais vezes que têm dores de cabeça do que as que vão fazer sexo. Até que, progressivamente, deixam de o fazer. Nem imaginam os efeitos nefastos que isto pode ter sobre a auto-estima da outra pessoa! Primeiro vai perguntar se o problema é do seu corpo, depois vai perguntar se já não gostamos dela e, por último, vai perguntar o que é que ela pode fazer por isso. A teia está montada, é só atacar.

Outra maneira de matar a auto-estima da outra pessoa no campo sexual é sermos areia demais para a camioneta dela. Comprem brinquedos sexuais do mais escabroso que possam imaginar (ou transformem objectos de uso diário em brinquedos sexuais como um piaçaba, uma batedeira eléctrica ou uma bazuca), sugiram posições anatomicamente impossíveis (se forem homens e estiverem numa fase avançada do processo de supremacização proponham que ela vos faça sexo oral enquanto fazem sexo anal, isto vai dar-lhe cabo da cabeça…), proponham fantasias impraticáveis (aquela do camelo, do beduíno e do tigre albino talvez seja boa ideia)… Façam-na sentir que é impossível satisfazer-vos. A impotência e a incapacidade que a vossa presazinha vai sentir vai elevar a sua ansiedade a níveis só vistos em condenados à morte na sua última refeição, vai destruir a sua auto-estima e, consequentemente, vai levar a uma submissão total e absoluta.

“Temos problemas de comunicação”

Ai a comunicação… Há poucas coisas mais importantes do que a comunicação numa relação. É essencial para atingirem a supremacia. É muito fácil de utilizar: basicamente, tratem a outra pessoa mal. Insultem-na, batam-lhe, usem-na como cinzeiro, deixem-na passar meses sem comer, obriguem-na a ver os programas da manhã dos canais generalistas, obriguem-na a ouvir André Sardet constantemente… Façam-na sentir que a vida é essencialmente má. Agora, e mais importante que tudo, dêem-lhe pequenos rebuçados, ou seja, tratem-na bem de vez em quando: dêem-lhe um presente (umas meias novas, por exemplo), façam-lhe um elogio (“hoje portaste-te de um modo bastante razoável” deve servir) ou façam-lhe uma festinha na cabeça. Estes simples gestos vão parecer-lhe um banquete depois de 6 meses de jejum! Assim, vão tornar-se a pessoa mais importante da sua miserável vida e ela vai fazer tudo por vocês, permitindo-vos atingir, finalmente, o domínio completo! Duvidam? Eu não estou a falar de cor: estas questões já foram muito estudadas no domínio científico e os cientistas até lhe deram um nome: Síndrome de Estocolmo. É algo que resulta muito bem em raptos/relações.

Não vou adiantar mais sobre a supremacia. Se se quiserem tornar mestres de relações humanas inscrevam-se nos nossos cursos. Tenho a certeza que com isto vos abri o apetite e, se não o fiz, aqui vai o argumento final: “…as técnicas da Supremacia podem ser utilizadas para vários fins, sendo que as relações humanas representam apenas uma pequena fracção. O fim, por excelência, das técnicas da Supremacia é o domínio do Mundo” (in “Artes da Supremacia: ou as dominamos ou somos dominados”). Perceberam bem? O domínio do Mundo… Ah! Ah! Ah! Ah! Ah!

Professor Severiano Alambique

sábado, 12 de abril de 2008

Genialidade


No outro dia fui a um concerto de música clássica. Antes que me comecem a atacar, até porque já ouço uma pessoa ou outra a querer dar-me o tratamento que normalmente se dá aos intelectuais neste país: “seu intelectual pestilento! Arrancava-te a língua com um x-acto, os olhos com um ferro em brasa e colocava a tua genitália num grelhador!”, devo dizer, a bem da verdade, que atropelei a última pessoa que apanhei a ler o “Em busca do tempo perdido” e parti os dentes à última pessoa que utilizou a palavra “Foucault” à minha frente. E eram meus familiares! Por isso, como podem ver, gosto tanto de intelectuais como vocês…


Fui então parar a um concerto de música clássica por engano. Estava a perseguir uma raposa pelas ruas do Porto, como habitualmente faço (sou sócio n.º 32 do Clube da Caça à Raposa do Porto, um autêntico gentleman…), quando ela se escapuliu para dentro de uma Sala de Espectáculos… Foi então que reparei que a dita raposa não era, de facto, uma raposa. Era uma écharpe de uma senhora. Apercebi-me disto quando o seu marido me tentou agredir depois de ela ter caído com a paulada que eu lhe mandei no pescoço. Se há coisa que me revolta é a falta de educação destes novos ricos, nem a um desporto de gentlemen prestam o devido respeito.


Enfim, vi-me a braços com uma situação complicada. Era perseguido por um horda de novos ricos em fúria, que tinha que despistar. Num instante, passei de caçador a presa. Mas muitos anos como caçador fizeram de mim uma presa difícil e, foi sentado numa cadeira da sala de espectáculos, que vi os meus perseguidores saírem da sala atrás de mim. Uma manobra clássica que, infelizmente, implicava que eu ficasse no espectáculo até ao fim. O que me fez duvidar da minha sorte. Não seria melhor ser esfolado por um grupo de novos ricos em fúria e cumprir pena máxima por homicídio qualificado do que ter que ver a Carmina Burana até ao fim? Fica ao vosso critério, mas podem ter a certeza que roguei pragas ao meu destino…


No entanto, nem tudo foi mau. Porque se há coisa que eu aprecio é genialidade e, nesse dia, tive o privilégio de assistir ao trabalho de um génio. Não estou a falar do maestro, todas as orquestras têm um maestro por isso não é nada de especial. Não estou a falar do violoncelista, cujo trabalho é tão ou mais rotineiro e monótono que o de um limpa-chaminés. Nem, tão pouco, estou a falar do Carl Orff (o compositor), visto que, qualquer pessoa que conheça aquele reclamo antigo da Old Spice era capaz de compor algo do género. Estou a falar, isso sim, do tipo que toca pratos e triângulo.


A ideia de ir tocar pratos e triângulo para uma orquestra é de génio e merece ser louvada. Ele ganha dinheiro para estar ao alto durante o concerto à espera da vez que tem que tocar os pratos e o triângulo, ele até pode disfarçar e fazer cara de empenhado, como quem diz “isto parece fácil mas nem por isso”, mas não engana ninguém. Aquilo não tem nada que saber! Aliás, acho que só inventaram o triângulo para o homem parecer ocupado… quem é que, no meio do estardalhaço que uma orquestra faz, vai ouvir o “Plim!” feito pelo triângulo?


Há ainda outra vantagem, é que ele nem precisa de ouvir a música, basta ter um cronómetro e ficar à espera do segundo em que se espera que ele toque os pratos e quando tem que alternar com o triângulo. E se não tocar também não lhe vão chatear a cabeça por isso. Quem vai reparar? Algum dia ouviram, à saída de um concerto (e não estou a insinuar que vocês vão a concertos, estamos a falar no campo das hipóteses, como a hipótese de vos apontarem uma arma e vos obrigarem a ir a um concerto…) alguém a culpar o tipo dos pratos por o espectáculo ter corrido mal? Podem culpar o violinista, podem culpar o maestro, se der um enfarte ao tipo que toca harpa acho que também dá para reparar, mas ninguém repara no tipo dos pratos!
Enquanto os outros passam horas e horas a ensaiar o tipo dos pratos pode ir sair e beber copos à vontade. Tenho a certeza que é só na véspera de partirem para um concerto que se lembram dele: “Então o tipo dos pratos?” “É verdade! Vamos telefonar-lhe…” “Mas isso é um problema… é que ele não ensaiou…” “Mas ele precisa de ensaiar?” “Não!” “Ah! Ah! Ah! Ah!” “Lucky bastard!”


Ou seja, o homem dos pratos e do triângulo ganha dinheiro por viajar e por ter acesso privilegiado às violinistas (que são como aquelas bibliotecárias… aquelas que todos conhecemos, que mal fecham a porta do quarto…). Só têm que passar meia dúzia de horas à espera de bater uns pratos. São autênticos génios!


Eu próprio, quando tinha os meus 3 anos ia para a cozinha bater os testos das panelas, como que a adivinhar que aquilo era uma profissão com futuro… Mas os meus pais nunca me apoiaram nessa opção, preferiam pegar na panela e dar-me com ela na cabeça: “É para ver se também gostas!”. É o que normalmente acontece aos artistas, a sociedade espera que sejamos contabilistas, advogados ou autarcas e reage mal quando mostramos os nossos talentos. Dão-nos com a panela na cabeça, porque se preocupam com o nosso futuro, porque a arte não alimenta, etc. Olhem para o homem dos pratos e do triângulo? Querem melhor futuro?
É o apelo que eu faço aos jovens, saiam da escola e comecem a tocar pratos… É a melhor vida que se pode imaginar!


sexta-feira, 11 de abril de 2008

Ainda sobre o Mário Machado


Várias personalidades como o Pacheco Pereira (o Barbinhas) ou, mais recentemente, o Bastonário da Ordem dos Advogados Marinho Pinto vieram dizer que a prisão do Mário Machado é injusta, com o argumento que ele só está preso por motivos políticos. Não o chegam a comparar a Nelson Mandela, mas eu faço-o de novo porque acho que o Máriozinho fica muito honrado com esta comparação.

Eu devo dizer que discordo deles. Não que não goste do Mário Machado, até porque, como já disse, o acho bastante fofinho, mas mesmo sem motivo, penso que o Mário Machado deve estar preso. Passo a explicar.

Tenho a certeza que todos viram o “América Proibida”. Derek, a personagem de Edward Norton, também estava presa sem motivos, quem viu o filme sabe que ele estava inocente, até porque jamais um skin faria aquilo que eles disseram que ele fez… Independentemente disso a prisão fez-lhe bem! Viram o efeito positivo que o convívio com aquele afro-americano pateta teve sobre o Edward Norton? Não que estou a falar do facto de ele ter deixado de ser skin, visto que isso não é necessariamente bom já que, como o Mário Machado nos fez questão de esclarecer, eles nem são maus tipos. Estou a falar do facto de ele ter deixado crescer o cabelo, abandonando aquele look típico daqueles que pretendem disfarçar a calvície, que ostentava na parte a preto e branco do filme e que, diga-se de passagem, não lhe ficava nada bem. A máquina zero está muito démodée e o estilista dentro de mim anseia por ver a frondosa cabeleira com que o Mário Machado vai sair da prisão!

Mantenham-no preso pelo bem do bom gosto!

Make White Love Not War


Começou o julgamento de Mário Machado o líder dos Hammerskins portugueses (para quem não sabe é uma espécie de franchise de uma comunidade skin head). Há quem compare Mário Machado a Nelson Mandela, comparação essa que, se bem conheço o Mário, o deixa muito honrado. Para além disso, Mário Machado é extremamente fofinho.

No seu depoimento Mário Machado negou ser uma pessoa racista, mas sim racialista, sendo que, segundo ele, um racialista é uma pessoa que tem orgulho da sua raça. Ou seja, o rapaz apenas tem orgulho em ser branco!

Não posso negar que fiquei surpreendido. Tinha uma ideia completamente errada dos skin heads. Sempre pensei que estes fossem tipos que andassem a pontapear toda a gente que tivesse uma raça, religião, ideologia política, orientação sexual, sentido de estética diferente das deles, ou seja, pontapeavam toda a gente menos eles próprios (segundo esta lógica, o próprio Mário Machado, se não se pusesse a pau, seria violentamente pontapeado por skin heads suecos… já viram bem a cor dele?). Descobri, no entanto, que estava errado. Os skin heads são, afinal, uma espécie de escuteiros que se sentam à volta de uma fogueira, com guitarras a fazer músicas que exaltem o seu orgulho em serem brancos. Procuram também proteger-se do sol, tendo sempre à mão protectores solares factor 40 e chapéus panamá, não vá dar-se o caso de ficarem vermelhos ou ligeiramente castanhos o que, a acontecer, os obrigaria a desistirem do grupo e inscreverem-se nos rivais do “Orgulho vermelho”. Imagino que passem o tempo a admirar a palidez da pele uns dos outros e, às escondidas, deleitam-se a contemplar pornografia com albinos: o auge da palidez já que, para eles, nem o sémen é demasiado branco. Sinceramente sinto-me culpado por ter uma má imagem deles, acho bastante querido que se tenha orgulho na falta de melanina e isso deve ser motivo de exaltação. Imagino uma marcha de “White pride”, em que todos os racialistas saem à rua e andam aos beijinhos e em tronco nu a admirarem o branco uns dos outros e a espalharem o amor entre gente branca…

Pensando assim, até faz sentido a existência dos skins. Ao fim ao cabo aquilo é quase como um grupo de auto-ajuda. Quem tem problemas de auto-estima e é branco pode muito bem ir para os skins. Ao fim ao cabo, se não gostarmos de nós quem gostará? Tenho a certeza que os skins têm muito amor para dar uns aos outros… “Se és branco e ninguém gosta de ti anda para os skin heads: entre nós vais encontrar o amor…”. Este podia muito bem ser o lema dos skins ou então um anúncio de jornal na página do relax.

Com toda esta questão começo a pensar se não terei sido injusto com o próprio Hitler. Não estaria ele imbuído de tanto amor pelos seus compinchas brancos que acabou por fazer algumas maluqueiras? Todos nós sabemos que o amor leva-nos a fazer coisas estúpidas… O chacínio de seis milhões de judeus não terá sido uma daquelas coisas estúpidas que se fazem por amor? Tipo gastar 20 euros num ramo de rosas e 30 num jantar à luz das velas…

Até porque se os skins, que como ficou aqui provado são uma espécie de hippies (Make White Love not War), o escolheram como ídolo ele não pode ser assim tão mau. É certo que com tanta gente branca em condições por aí (como o David Hasselhoff ou o Michael Jackson) era escusado eles terem escolhido um tipo com um bigodinho daqueles, mas não deve ser por isso que os vamos condenar.

Peço então desculpa a todos os skin heads por ter sido injusto com eles. Eu, como a maioria dos portugueses, não sou suficientemente branco para pertencer ao grupo deles mas concebo perfeitamente a ideia de que devemos ter orgulho naquilo que somos. Eu próprio tive uma série de ideias para grupos semelhantes aos skin heads, mas baseados noutras características físicas que não a cor da pele. Por exemplo, "Orgulho das pessoas com calvície prematura", "Orgulho do terceiro mamilo", "Orgulho fanhoso", "Orgulho coxo", "Orgulho marreco", "Orgulho do pé chato", "Orgulho dos pés mal-cheirosos" (nem imagino o que seja uma reunião deste grupo)... Aliás, acho que, mal acabe este texto, vou tratar de fundar todos estes grupos e, já agora, fundar também o "Orgulho das hemorróidas" (ao qual só pertenceria naqueles dias em que como comida indiana). No fundo, trata-se apenas de ter orgulho de coisas que normalmente não nos deixariam orgulhosos... O que é uma óptima maneira de nos ajudar a lidar com elas... Bem pensado, Mário Machado!