quinta-feira, 25 de setembro de 2008

Cavaleiro em final de demanda

E como faço anos amanhã (dia 26 de Setembro) posso permitir-me a umas lamechices sem me sentir tão culpado e envergonhado como da última vez que coloquei este post on-line. É a minha prenda para todas as pessoas que aqui refiro e que me acompanharam ao longo destes últimos 5 anos na Faculdade...

O texto começava assim:


Pois é, vou de férias. Não é como as férias que tenho tido até agora, fechado em casa a trabalhar. Vou mesmo de férias. As minhas últimas férias como estudante... É por isso que, envolvido nesta melancolia, deixo o meu post mais pessoal, acompanhado de um vídeo, que ilustra, de certo modo e por alguns motivos, a minha passagem pela faculdade. Foi feito quando ainda estava no primeiro ano, no âmbito de um trabalho para a cadeira de Epistemologia. Este vídeo marca então o início de um ciclo que agora está a acabar.

Apesar de parecer, depois deste primeiro parágrafo, que este não é um post humorístico, ou seja fora do espírito que tenho vindo a imprimir neste blog, é capaz de ser o post com mais piada que já escrevi. É uma história real, um episódio inesquecível por ter sido uma das situações em que me senti mais envergonhado na vida.

Passo então a contar a história. Foi-nos pedido que fizéssemos um trabalho sobre Thomas Kuhn e sobre a teoria das revoluções paradigmáticas. Muito basicamente, Kuhn defendia que a ciência evoluia através de revoluções que marcavam a passagem de uns paradigmas para outros, o que faz com que um paradigma actual seja, pela sua inadequação, completamente incompatível com o paradigma actual.

O meu grupo (constituído pela Carmen, pelo Freddy, pela Sara e pela Inês) reuniu-se e teve uma série de ideias com o objectivo de tornar este trabalho o mais criativo possível, já que a Professora nos dava liberdade para isso. Por exemplo, todo o trabalho seria apresentado por uma voz off que seria uma invocação de Kuhn por parte de uma vidente, que o interrogava e o fazia explanar as suas ideias. O Thomas Kuhn seria um fantasma com muito mau feitio e uma grande queda para as graçolas. Mais uma ideia aqui, outra ideia acolá e acabei por sugerir algo extremamente disparatado, absurdo e completamente fora daquilo que deve ser um trabalho do Ensino Superior:

- E que tal um de nós ir vestido de cavaleiro da Idade Média para a Estação de S. Bento? Para provar a ideia de que os paradigmas antigos estão desenquadrados relativamente aos paradigmas actuais... Tipo, hoje em dia ninguém anda vestido de cavaleiro da Idade Média... A não ser que seja maluco...

Esperava com esta ideia, obter algumas gargalhadas acompanhadas de um "És mesmo maluco! Achas que iriamos fazer isso?". No entanto acabei por receber gargalhadas acompanhadas de um "És mesmo maluco! Isso é mesmo boa ideia! Podíamos fazer isso!".

E eu, por orgulho, em vez de dizer: "Estava a gozar! Acham que alguém seria capaz de passar por tanta humilhação?", concordei que era uma boa ideia. E, para corresponder às expectativas dos meus amigos que me achavam maluco, acabei por me oferecer para ir para a Estação de S. Bento vestido de Cavaleiro da Idade Média. Nada de mais!

Fomos comprar toda a indumentária (armas medievais, barbas postiças e assim), até que chegou o grande dia em que eu, completamente sóbrio, decidi ir para a Estação de S. Bento vestido de Cavaleiro Medieval.

Chegámos os quatro à estação e eu e o Freddy fomos até à casa-de-banho preparar as coisas. Entrámos os dois num daqueles cubículos da casa-de-banho em que se paga 50 cêntimos, com o objectivo de conseguir alguma privacidade.

Estava eu quase vestido de Cavaleiro Medieval quando arrombam a porta da casa-de-banho e entra por lá dentro um Segurança com um Rottweiller.

- O que é que vocês estão a fazer aí? - gritou a besta (o Segurança, não o cão, esse limitou-se a rosnar ameaçadoramente).

- Ahhh... estávamos a fazer um trabalho para a escola! - disse o Freddy, numa casa-de-banho da estação à beira de um tipo vestido de cavaleiro medieval, algo que pode ser normal em Amesterdão mas que, no Porto é, no mínimo, esquisito.

- Mas vocês são malucos! - "Sempre a mesma coisa... Vêm para aqui praticar a sodomia e não chamam aqui o chefe... Ai é assim? Então não há sodomia para ninguém!" pensou a besta. - Só pode ficar uma pessoa na casa-de-banho! - acrescentou ele.

- OK!

Obviamente que saiu o Freddy, munido com a câmara para esperar por mim. Não se livrou dos olhares de todos os indíviduos que enchiam os urinóis da casa-de-banho, àquela hora de ponta. Olhares que pareciam dizer: "Olha um gajo que estava na casa-de-banho com outro gajo!".

Passado pouco tempo saí eu. Os indivíduos que tinham olhado ameaçadoramente para o Freddy voltaram a sua atenção para mim: "Estes Cavaleiros Medievais são sempre a mesma coisa... Não passam sem a boa e velha sodomia", pensaram eles.

Depois de sair da casa-de-banho veio o pior: estava o Freddy à minha espera com uma câmara. E o que é que ele filmou? Um tipo vestido de Cavaleiro Andante, com umas longas barbas ruivas, montado no seu cavalinho de pau...

Circulei um pouco pela estação, interagi um pouco com a Inês que estava à minha espera (parte da nossa encenação, visto que o vídeo iria ser narrado depois). E voltei para a casa-de-banho para me voltar a mudar. Os meus colegas ficaram lá fora a regozijarem com o sucesso do trabalho e, claro, a gozarem comigo.

Cheguei à casa-de-banho e reparei que não tinha moedas de 50 cêntimos. Fiquei cerca de 2 minutos ao alto numa casa-de-banho bastante movimentada à espera que se lembrassem de mim. Neste período, que me pareceram cerca de duas horas e 40 minutos, várias pessoas entraram e saíram na casa-de-banho e viram a minha triste figura pensando com os seus botões: "É do álcool ou está um tipo vestido de cavaleiro medieval na casa-de-banho?" ou "Que paradigma tão desenquadrado do paradigma vigente! Thomas Kuhn haveria de achar piada à representação simbólica da pertinência da sua teoria!". Fiquei assim até uma alma caridosa ter ido avisar os meus amigos que eu estava à sua espera na casa-de-banho.

E foi esta a história deste vídeo e deste trabalho!

Uma história marcante do meu percurso académico e, claro, do meu percurso de vida. Passado tanto tempo (cerca de 4 anos) aquilo que me orgulha mais é ter continuado a ser grande amigo do pessoal do meu grupo: a Carmen, o Freddy, a Inês e a Sara.

E, neste momento em que a saga deste cavaleiro está a chegar ao fim há imensas recordações que gostaria de acrescentar a esta. Se esta história marca o início de um percurso que está a chegar ao fim, muito se passou pelo meio... E foi nesse meio que passei grandes momentos da minha vida! Foi nesse meio que conheci algumas das pessoas mais importantes da minha vida! Foi nesse meio que cresci e que me transformei na pessoa que sou hoje!

Não podia esquecer a grande amizade que sinto pelo Tiago e pela Luana (a dupla maravilha) e as nossas tentativas para mudar o Mundo através da AE (juntamente com outras pessoas como o Freddy, a Raquel, a Andreia, a PT, a Catarina, a Tânia (a Pres), a Andreia, a G., o Daniel(o Tesoureiro)... entre muitos outros...). Não mudámos o Mundo mas pelo menos eu saí de lá com a crença de que, com pessoas assim, era possível fazê-lo. O inter rail que fizemos juntos em que conheci grande parte da Europa e que foi uma experiência tão marcante que não morrerei sem voltar a fazer outro (neste caso tenho que te agradecer, Andreia... Pois,.. como se lesses isto...). As casas que partilhámos: tanto a mansão da Areosa (grande demais para nós, para o Xupi e para todos os ácaros, animais invertebrados, baratas crocodilos e cabeças de gado com que a partilhávamos), como a casa de Paranhos (ao pé da do Ministro das Finanças que tantas ideias nos roubou, como aquela do IVA a 20%...). A nossa incapacidade para lidar com situações formais (quando todos estavam de fato e gravata, estávamos nós de mochila e de sapatilhas... como qualquer estudante...). Os fins-de-semana em Moura Morta (em que outro sítio seria eu tão bem recebido?). As aventuras culinárias (no final até aprendeste alguma coisa... eu continuo especialista em idas ao restaurante...). E poderia dizer tanto sobre a nossa amizade e sobre o que passámos juntos que quanto mais disser, mais ficará por dizer, por isso não me alongo, apenas acrescento que valeu a pena ter ido parar à FPCEUP só para vos ter conhecido! Ah! Não me posso esquecer que as únicas vezes que fui ver o Benfica foi com o Tiago... É muito significativo!

Tenho que refeir também a maltini: Daniel, Puss, Freddy, Sara, Inês, Bob, Pinky e Carmen (uma amizade que em boa hora renasceu, tinha que dizer isto!). Nada teria sido o mesmo sem vocês. Poderia enumerar todos os jantares, festas e viagens... Não o vou fazer... É um orgulho ser amigo de pessoas como vocês. Ter a certeza que posso contar com a vossa amizade permite-me olhar para o futuro de uma maneira muito mais optimista! Tudo o que dissesse para além disto soaria banal...

Não está de acordo com o meu feitio abrir-me desta maneira, num espaço tão acessível (aquelas três pessoas que vêm parar aqui acidentalmente através da pesquisa "como cortar as unhas?", "Diogo morgado+salazar" ou "como é possível fazer tanto mal às pessoas?") mas neste momento, apesar de não ter a certeza se vou publicar isto ou não, sinto que é inevitável escrever o que estou a escrever... As recordações surgem em catadupa conheci tanta gente, fiz tanta coisa, agora que está a chegar ao fim gostava de fazer justiça a tudo isso... Sei que é impossível, Mas porque não experimentar? Tudo o que vivi merece esse esforço...

Lembro-me das festas, dos jantares, das conversas até altas horas, dos trabalhos... Lembro-me de um amor falhado, da melancolia de um corta-unhas sem unhas para cortar (que estúpida metáfora), da estupidez de alguém que desperdiça o amor de alguém tão espectacular como eu (perdoem-me a presunção... mas é verdade... um bocadinho de marketing também não faz mal a ninguém...)... Lembro-me de pessoas que ficarão no meu coração para sempre: a PT, o Joshua, a minha Madrinha, o Xupi, a Catarina, a G, a Li, a Tânia, a Raquel, a Lipa... Sei que estou a ser tremendamente injusto com muita gente só pelo simples facto de não os referir. Espero que me perdoem! Não me consigo lembrar de tudo!

Lembro-me da praxe, esse pequeno laboratório de comportamento humano, e de tudo o que aprendi com ela, nomeadamente que o fundamentalismo aliado a uma grande dose de conformismo/carneirismo pode estar na origem de muitos males da humanidade. Incentivou-me de facto a questionar ainda mais e a revoltar-me ainda mais com as injustiças! O lado bom de algo mau...

Lembro-me de uma nostálgica e frenética viagem de finalistas a Lanzarote! Até consegui conhecer o José Saramago! E na sua própria casa (um grande feito de um simples mortal que, por momentos, cheirou o Olimpo. E posso dizer-vos que cheirava a livros!).

Lembro-me de uma Assembleia Geral em que depois de questionarem os nossos princípios e tudo aquilo em que acreditamos assisti ao nascimento de um grande líder na pessoa do Tiago e a um discurso emocionado só ao alcance de uma pessoa de um tão grande humanismo como o Freddy. Como um simples mortal, fiquei calado a assistir ao salvamento da minha honra por estas duas grandes pessoas!

Lembro-me da malta do bar e das ofertas desinteressadas do Sr. Zé que receberia sempre com algum incómodo.... Lembro-me também da Claúdia da AE, do Ricardo, do Prof. Carlos Gonçalves e de todas essas caras que fazem a Faculdade e com quem aprendi tanto...

Foram tantos momentos, tantas caras, tantas recordações... Com este texto consegui quebrar todas as regras que tinha estabelecido para este blog como por exemplo: nada de lamechices e nada de assuntos pessoais... Enfim, senti uma vontade incontrolável de escrever isto, provavelmente arrepender-me-ei, mas está feito! Espero que os meus amigos leiam isto, já que é sobretudo para eles...

E pronto, depois de assegurar que este testemunho fica para a posteridade nesta grande lixeira que é a blogosfera, vou para o Alentejo! Até breve!




P. S. O vídeo só por si não tem grande piada... Apesar disso tenho um certo receio que este vídeo se torne um viral... Por um lado trazia-me muitas visitas ao blog, por outro lado podia conseguir tornar-me tão famoso como aquele miúdo que fazia o truque do Star Wars... Ou seja, só tinha a perder... Ao menos estou irreconhecível no vídeo... Porquê esta música? Apeteceu-me...

domingo, 21 de setembro de 2008

A música (?) de João Pedro Pais


Uma música do artista João Pedro Pais foi escolhida para tema da nova novela da TVI. Esperava mais de João Pedro Pais visto que uma pessoa que estudou na Casa Pia, o que o levou a frequentar os círculos mais restritos da alta sociedade, tem o dever de ambicionar algo mais do que fazer música para telenovelas.

Mas temos que fazer pela vida e há que dar um desconto ao João Pedro visto que, neste momento, a sua idade já não o permite frequentar os ambientes privilegiados a que estava habituado nos tempos da Casa Pia.

De qualquer maneira não podia passar indiferente ao regresso deste hino não sabe bem a quê de João Pedro Pais que a TVI resolveu reciclar, intitulado “Mais que uma vez”.
Admiro muito o processo criativo de João Pedro Pais. Partindo do exemplo da música “Mais que uma vez”, este parece consistir basicamente em fazer uma lista de palavras e juntá-las de uma maneira completamente aleatória. É então este Jackson Pollock da música ligeira portuguesa que homenageio aqui, transcrevendo e comentando a letra da sua música “Mais que uma vez”.

Mais que uma vez - João Pedro Pais


Da próxima vez, vou estar atento à tua fisgada
Encruzilhar-me na tua bancada
Ficar num canto e não me mexer.


João Pedro Pais entra em grande nesta música garantindo que vai estar atento à “tua fisgada”. Não se percebe bem a quem é que ele se está a referir. Será que ele se está a referir à nossa fisgada ou à fisgada de outra pessoa qualquer a quem ele dirige a música? Se se está a dirigir a mim não tenho nenhuma fisgada e, muito menos uma bancada onde ele se possa encruzilhar. O que é também um grande conceito, esse de alguém se encruzilhar numa bancada… Quanto a “ficares num canto e não te mexeres”, é o melhor que tens a fazer JP (posso chamar-te JP, não posso?). É a única maneira que tens de te protegeres de alguém que não goste assim tanto que estejas atento à sua fisgada… Há pessoas que não reagem muito bem a esse tipo de ameaças. Experimenta dizer isso a alguém em Nápoles...

Mais uma vez, vou seguir todos os teus caminhos
Fugir fingindo que me vês sorrindo

P'ra te fitar quando eu puder

Confesso que não percebo bem esta estrofe. Depois de nos garantir que estará atento à nossa fisgada, oferece-se para nos perseguir, para fugir enquanto finge que nós o vemos sorrindo e para nos fitar quando puder. É algo demasiado abstracto para conseguir ser percebido… É algo que nem um esquizofrénico paranóide usando um colete de forças diria… Mas dito com uma guitarra na mão e com aquela vozinha de anjo do JP até parece algo romântico… Agora que penso nisso, acho que não parece... Ao menos o colete de forças contextualizaria um pouco esta frase... Dito com uma guitarra na mão parece bem mais maluco...

Quero ser, personagem de banda desenhada
Onde me assumo numa cena errada
E em que todos me vão descobrir

Não sei exactamente que personagem de banda desenhada é que o JP quer ser… Ao que parece é uma personagem que estaria a precisar de sair do armário… O Incrível Hulk? O Tintim? O Lucky Luke? O Batman? Agora que penso nisso talvez seja o Robin, o companheiro do Batman… É o único que me estou a lembrar que poderia ter algo a assumir… Escusado será dizer que não encontro ligação às estrofes anteriores… Parece que no meio daquela maluqueira toda o João Pedro se lembrou que queria ser uma personagem de banda desenhada... Era bem pior se este se lembrasse que seria boa ideia ir passear para o shopping montado num elefante... Ao menos, o querer ser personagem de banda desenhada até pode ter o seu lado positivo, pode ser que ele se lembre de pôr uma capa aos ombros e se atire de um prédio ou que tente parar uma locomotiva com as mãos... Essas coisas que as personagens de banda desenhada costumam fazer...

Quero ficar um pouco mais dentro do teu casulo
Faço de conta, que sou teu e tu és meu assunto
Onde me entrego e tu te dás a conhecer

Depois de se encruzilhar na nossa bancada, ou na bancada de outra pessoa qualquer a quem João Pedro Pais se dirige, pessoa essa que, neste momento, deve estar bastante assustada e a quem eu aconselharia a pedir uma ordem de restrição ao tribunal, João Pedro Pais diz quer “ficar um pouco mais dentro do teu casulo”. Isto leva-nos a pensar que, se calhar, João Pedro Pais está a dirigir-se a um bicho da seda… É isso! Agora tudo faz mais sentido… Podemos dizer o que quisermos a um bicho da seda que a única coisa que ele vai fazer é construir o seu casulo, comer folhas de amoreira, fazer cocó, transformar-se numa borboleta, pôr ovos e morrer… Acho que a única maneira de esta música de João Pedro Pais fazer sentido é dirigida a um bicho da seda… É que este está-se a cagar para aquilo que o João Pedro Pais está a cantar, assim como o próprio João Pedro Pais… Acho que é uma teoria bastante plausível…

Que ninguém vá, onde vou
Nunca estás, onde estou
Que ninguém fale, de quem falou

Nunca digas quem eu sou

Este é o refrão mais espectacular da música pop portuguesa desde o “Soltem os prisioneiros” dos Delfins. Se para o refrão dos Delfins a nossa reacção era:
- Mas quê? Os pedófilos também, Miguel Ângelo? E os traficantes de droga? Então e queres que solte também o serial killer de Santa Comba Dão? OK, é na boa, todos menos o Vale e Azevedo…
Para o refrão desta música de João Pedro Pais a nossa reacção é:
- What the fuck?
João Pedro Pais começa por ordenar que ninguém vá para onde ele vai, deixando um certo secretismo a pairar no ar. A que sítios é que ele se estará a referir? Provavelmente a um sítio especial, onde ele goste de estar sozinho, para reflectir e pensar na vida e em bichos da seda… Ou então a um sítio especial da sua infância… Talvez a casa de Elvas… Não sabemos… A única coisa que sabemos é que ele não quer partilhar esse sítio com ninguém… Novamente em jeito de ordem, João Pedro Pais exige “que ninguém fale de quem falou”. Eu espero que obedeçam mesmo à ordem dele, já que se há mensagem que esta música passa é que o seu autor é menino para nos mandar uma machadada na cabeça caso não lhe obedeçamos… No entanto, não percebo a quem ele se refere, logo não há maneira nenhuma de evitar falar de quem falou… Na dúvida é melhor não falar em ninguém à beira de João Pedro Pais… Aquela ameaça final “nunca digas quem eu sou” podia muito bem ser rematada com algo do género:
- Nunca digas quem eu sou… senão eu enfio-te uma granada na boca…
Ou então:
- Nunca digas quem eu sou… ou eu amarro-te a uma cama de espinhos e obrigo-te a ouvir as minhas músicas durante o resto da tua vida…
Este JP consegue mesmo convencer-nos a obedecê-lo. Depois desta ameaça jamais direi quem ele é… jamais direi que o João Pedro Pais é um músico medíocre, um praticante de luta greco-romana razoável e, possivelmente, um esquizofrénico paranóide… Ooops!

Da próxima vez vou querer toda a tua atenção
Vou esperar que me estendas a mão
E que me deixes cair a seguir.

Nesta quadra JP descreve-nos aquilo que para ele é obter a atenção de uma pessoa. Para João Pedro Pais, o máximo que ele pode esperar de alguém que lhe dedica toda a sua atenção é que ela lhe estenda a mão e o deixe cair a seguir… Terá sido o que o Sr. Embaixador fez quando o, outrora pequeno, João Pedro fez 14 anos?

Mais que uma vez puseste à prova o teu sexto sentido
Depois dás o dito por não dito
Como eu gostava de te compreender...

Que raio de pessoa é esta a quem João Pedro Pais se dirige? Uma pessoa que por mais do que uma vez põe à prova o seu sexto sentido e, como se não bastasse, ainda dá o dito por não dito? Shame on you! Isso não se faz… Das duas uma ou pomos à prova o sexto sentido ou assumimos o que dizemos, mas fazer isto ao rapaz? Depois não admira que ele fique assim… Será que por andar a ouvir João Pedro Pais estou a ficar como ele? Em termos de coerência, este último parágrafo quase que pode equiparar-se a algo que ele diria.

Quero ser, a solução do teu problema
Participando nesse mesmo esquema
Que só tu sabes entender

Eu aqui a dizer mal do JP mas o rapaz afinar só quer resolver o problema da pessoa a quem dirige a música… Se, como tenho vindo a assumir, a pessoa a quem ele dirige a música somos nós ouvintes, eu aproveito para dizer ao João Pedro Pais que grande parte dos meus problemas estariam resolvidos se ganhasse o Euromilhões ou se ele deixasse de cantar… Se queres mesmo participar neste esquema, faz isso, que o meu problema fica resolvido… Atenção, a minha vida não é tão desinteressante que o meu maior problema seja a música do João Pedro Pais. A questão é que eu ponho-me a pensar em que é que o ele poderia contribuir para resolver os meus problemas e, de facto, a única coisa que me vem à cabeça é ele deixar de cantar… Mas não faço assim tanta questão… Só estava a ser bem educado perante tanta solicitude da parte dele em resolver os meus problemas…

Queria ter, só um pouco desse teu talento
Tiro as vogais e ponho os acentos
Estou preparado p'ro que der e vier

João Pedro, não sei a que talento te referes... Se é comigo que estás a falar não me lembro assim de grandes talentos… Eu sou muito forte a beber finos de penalty, a imitar chimpanzés e, quando era miúdo, jogava relativamente bem ao berlinde… Se te estás a referir a alguém mesmo talentoso acho que é a coisa mais inteligente que disseste nesta música. De facto, reconheceres a tua falta de talento demonstra uma grande humildade e honestidade. Reconhecer é o mais difícil, só te falta mesmo dar o passo seguinte: deixar a música. Estou contigo nessa luta! Desejo-te toda a força para conseguires concluir esse desafio profissional com sucesso!
Gostei bastante do verso que ele meteu ali no meio para rimar com talento: “tiro as vogais e ponho os acentos”. Fantástico! É a única coisa que posso dizer! Não consigo imaginar verso mais estúpido acabado em “entos” ou "ento"… Posso dar alguns exemplos:
“Fecho os olhos e conto até quinhentos”
“Fico à espera de termos muitos rebentos” “Corto o cabelo como o Paulo Bento”
“Encho um balão que depois rebento”
De qualquer maneira, nada do que eu possa inventar chega aos calcanhares de “tiro as vogais e ponho os acentos”…

sábado, 20 de setembro de 2008

Saddam, Ahmadinejad, Kim Jong Ill e... Zapatero

A relutância de McCain em adimitir um possível encontro com Zapatero fez-me pensar na possibilidade de a nossa querida e bela Península Ibérica pode vir a ser alvo da atenção mundial como um local onde se passeia livremente pelos corredores do poder, um maníaco de um calibre de um Kim Jong Ill ou de um Ahmadinejad ou então que McCain não faz a mínima ideia de quem é Zapatero.

Obviamente que me inclino mais para a segunda hipótese, no entanto não deixa de ser curioso este avôzinho continuar a acusar Obama de inexperiência, incapacidade para lidar com crises e ignorância ao nível de política internacional...

Gostava que perguntassem a McCain se ele seria capaz de se encontrar com José Sócrates...

PS: Aproveito para dizer que isto do blog estar branco não é engano. Nunca tinha lido os meus posts no blog até o ter experimentado ontem e, de facto, aquele fundo preto e aquela formatação de texto era completamente atrofiante. Sei que vou perder aqueles visitantes que aqui vinham por causa do espectacular fundo preto, mas conto compensar isso com um aumento do número de visitantes que realmente vêm ler o que escrevo.

quarta-feira, 17 de setembro de 2008

Guerra na Geórgia e Hollywood


Dizem que a invasão da Geórgia por parte da Rússia pode gerar uma situação de desequilíbrio no panorama político mundial. A questão essencial aqui é: o que é que isto quer dizer? Como declaração de interesses devo começar por afirmar que não sei! Antes que venham para aqui dizer que eu sou uma besta de um ignorante que devia levar uma bastonada meio dos dentes eu admito: sou uma besta de um ignorante que devia levar uma bastonada no meio dos dentes. É inadmissível que eu venha para aqui citar factos que desconheço e nunca saberei, explicar.

Saltando então esta parte e voltando à questão do desequilíbrio geopolítico que eu, lamentavelmente, não sei explicar, devo dizer que apesar desta imperdoável ignorância sei que é algo de bastante grave.

Enquanto estamos apreensivos, e com razão, com a vaga de crime e com o lançamento de um CD do José Castelo Branco não nos conseguimos aperceber do regresso dos fantasmas da Guerra Fria. O que, para os mais desatentos, pode ter enormes repercussões ao nível dos filmes de Hollywood.

Isto de os americanos se terem tornado amiguinhos dos russos é uma treta. Quem é que, como eu, não ansiava o regresso de Rambo àquilo que ele sabe fazer melhor? Ou seja, dar porrada aos comunistas. Nem que para isso tenha que se aliar aos freedom fighters do Afeganistão, os mujahedins, também conhecidos como talibans (nada mau para uma besta de um ignorante). Para os mais desatentos (sim, este texto é dedicado a vocês, a quem tudo passa ao lado, que não se aperceberiam do fim do Mundo nem que o Cavaco Silva se dirigisse a vossa casa todo nu e o anunciasse através de um número musical envolvendo leões e porquinhos da Índia e com tradução simultânea em linguagem gestual feita por um José Hermano Saraiva vestido de palhaço… "um dia normal em Sacavém" diriam vocês, seus distraídos...), no seu último filme, John Rambo rebentava o canastro às forças opressivas da Birmânia ou do Myanmar ou lá o que é.

Apesar de rebentar o canastro a quem quer que seja ser uma coisa boa, opor o Rambo a birmaneses é algo extremamente preocupante... É como querer parar um Boeing 747 com o corpo (o que é extremamente difícil, posso garantir-vos por experiência própria!). Ora vejamos, eu, que em termos de massa corporal sou 1/100 do Stallone sou capaz de desancar 50 birmaneses antes do pequeno-almoço.

Não há nada melhor do que poder voltar a ver o Rambo ou o Chuck Norris a lutar contra os comunistas. OK! Para aqueles que queriam mandar-me uma bastonada nos dentes pela minha ignorância eu digo-vos que já sei que a União Soviética acabou e sei que o comunismo na Rússia acabou em 1989 (ou terá sido ontem?), mas para um fã de filmes de acção, lutar contra russos é a mesma coisa do que lutar com comunistas! Quem gosta destes filmes percebe-me! Por isso, doravante, referir-me-ei aos russos como "comunistas", "demónio vermelho", "Seguidores do anticristo", "papa-crianças" ou "as hemorróidas do capitalismo". Um fã de filmes de acção não quer saber da dialéctica do materialismo, nem da opressão do povo pelo grande capital. Um fã de filmes de acção é uma pessoa de gostos simples que deseja apenas 3 coisas: porrada, bombas e cadáveres a amontoarem-se em pilhas cada vez maiores ao som de rajadas de metralhadora. As 3 coisas mais belas que a natureza tem para nos oferecer!

Já aqui referi a coligação entre o Rambo e os talibans contra o demónio comunista… Isto só quer dizer uma coisa: o facto de os russos terem voltado a ser os inimigos representa o fim da guerra contra o terrorismo (e o reinício de uma outra guerra bem mais interessante que pode levar, por exemplo, ao Holocausto nuclear, não é Sra. Palin?)! Se há coisa que os fundamentalistas islâmicos e os rednecks americanos têm em comum é que odeiam comunistas. Ou seja, em pouco tempo vamos ver Bush em amena cavaqueira com o Bin Laden, elogiando-se mutuamente e trocando discretos beijinhos na boca sem ninguém ver. No fundo, como há uns anitos atrás. Depois do 11 de Setembro esse relação esfriou um bocado (algo me diz que o relacionamento de Bin Laden com Ayman Al-Zawhahiri teve a ver com isso, pelo menos Bush e Osama deixaram de ir tantas vezes ao cinema, como quando o Bin Laden tinha uma relação aberta com George Bush Sr.). Agora limitam-se a trocar SMS's no Natal, nos anos um do outro ou quando a bebedeira de um deles os leva a reviver os momentos nostálgicos do passado (todas as sextas e quartas à noite). O ódio a esses comunistas ateus vai salvar-nos!

Eu sei que a União Soviética acabou e não sei quê… mas acham que o Bush sabe?