sábado, 28 de fevereiro de 2009

A grandeza do Universo


Quando olhamos de uma falésia para o horizonte, para todo aquele mar, sentimo-nos pequeninos em relação à grandeza da Natureza e de todo o Universo. E, quando nos sentimos assim, pequeninos, do tamanho de formigas, do tamanho de grãos de areia, do tamanho de átomos, só precisamos de ver um congresso partidário para nos sentirmos grandes outra vez...

O que me irrita na natureza é a sua mania de nos fazer pequeninos... Quando fazemos algo de grandioso como um edíficio de 100 andares lá vem a natureza com um terramoto e pumba! Quando achamos que duramos muito se vivermos 100 anos lá vem a natureza com aquele facto inquestionável de que 100 anos, em termos universais, não equivalem à pintinha de um "i" no grande livro de milhões de biliões de páginas que tem a história do Universo.

É por isso que, quando vemos coisas baixas e reles como um Congresso Partidário, a nossa auto-estima sobe. Afinal, até temos alguma grandeza. A grandeza de não andarmos metidos naquelas embrulhadas. A grandeza de sabermos que, à beira do Universo, contamos tanto como um pequenino e insignificante átomo de uma bactéria que habita no sistema digestivo de um ácaro, que por sua vez montou residência no colchão de um indivíduo chamado Edmundo que, apesar de ter muitos defeitos, nem sequer é alérgico a ácaros (talvez sejamos um pouco menos do que isso)... A grandeza de não nos andarmos a armar em grandes, a dar lições de arrogantes púlpitos, com arrogantes slogans como se fôssemos deuses do Universo...

segunda-feira, 23 de fevereiro de 2009

Bombástico: notícias de família



Recebi esta carta do meu primo Juan José Ramirez de Gallardo III. Ele é das FARC mas gosta de dar uma perninha na Jihad no Afeganistão para "desentorpecer os ossos". Iria jurar que já tinha morrido mas, finalmente, tive notícias dele:

Caro Sérgio,

Como já vem sendo hábito resolvi dar um saltinho à Bienal de armamento no Abu Dhabi. É a minha bienal preferida, logo a seguir à Bienal da Droga em Bogotá, à Bienal da Corrupção em Harare e à Bienal dos Melões em Almeirim.

"O que é que droga, armas e corrupção têm a ver com melões?"

Nada. Posso ser um facínora e gostar de melão com presunto antes de uma matança á moda antiga, não posso? Obrigado!

Adoro o ambiente criado em torno desta Bienal em que ditadores de pequenos países, guerrilheiros de pendor marxista, ultra-nacionalistas, mercenários, traficantes de droga, mafiosos, fundamentalistas islâmicos, taxistas entre outros maltrapilhos se juntam em harmonia para apreciar aquilo que mais os une: a violência pura e dura. Não há nada mais bonito do que ver um neo-nazi abraçado a um guerrilheiro Ruandês em puro êxtase perante a emoção da apresentação de uma nova anti-aérea. São impagáveis as suas caras de felicidade, enquanto imaginam a próxima aldeia que vão massacrar ou o próximo assassinato político.

São estas pessoas que, de Kalashnikov, na mão escrevem a nossa história. São o "tudo perdido" da célebre constatação: "isto está tudo perdido". São o "alguém" da interrogação: "como é que alguém pôde fazer isto?". São o "filho da puta" da expressão: "Quem foi o filho da puta que chacinou a minha família?". São um grupo de tipos castiços, com queda para a bebida que só quer passar um bom momento. Há quem diga que são perigosos... Eu acho que são simpáticos... E danados para a brincadeira...


Enquanto passeava pelo certame, um emocionado ditador dirigiu-se a mim e, embargado pela emoção, descreveu-me minuciosamente o que é que as sua recém adquirida bazuca faria ao seu principal opositor. São estas pequenas coisas, como a felicidade estampada no rosto deste pequeno homem, que fazem com que a vida valha a pena.

Por azar dele, o opositor que ele pretendia desfazer aos bocadinhos tinha-me pago uns trocos para o executar. Foi logo ali. Ao menos morreu feliz.


Esta bienal não vale apenas pela oportunidade de conhecer as últimas novidades na área do armamento. Vale pelas demonstrações. Em que outra ocasião teríamos a oportunidade de disparar um míssil teleguiado contra uma vaca? Em nenhuma, visto que jamais gastaríamos munições tão caras numa vaca. Mas acreditem que é um espectáculo fantástico. O "esfrangalhar" da vaca, como nós lhe chamamos, é um espectáculo único, muito diferente do "esfrangalhar" do ser-humano (é mais chicha) e é impagável a chuva de bifinhos de picanha na plateia, que se sucede a cada demonstração. Os clientes mais habituais já levam um pratinho com arroz, feijão preto e farofa para acompanhar esta picanha voadora que, se tem vindo a transformar numa especilidade da Bienal de Armamento. Devido à potência do armamento usado este ano estava bem passada demais para meu gosto, mas ainda assim é um espectáculo imperdível!

Impagável também é a oportunidade que esta bienal nos proporciona para a troca e partilha de conhecimento. É a única maneira que temos de sair dos nossos covis e aprender com os maiores peritos mundiais em áreas como a tortura, a lavagem cerebral, técnicas de manipulação da opinião pública ou falsificação de resultados eleitorais mesmo nas barbas dos inspectores da ONU. Saímos de lá pessoas diferentes e ansiosos para aplicar todas as novas técnicas que aprendemos. Quantas e quantas vezes tive eu de me conter para não começar a torturar o indivíduo que se sentou ao meu lado no avião? Eu sei que me percebes... Isto da violência é uma coisa de família...

Enfim, escrevo para te dizer que está tudo bem. Jamais me esquecerei da família e como ouvi dizer que estavas desempregado venho pôr-me à disposição para te arranjar qualquer coisinha para fazer. Em tempos de crise não há melhor negócio do que o da violência por isso podes contar comigo para te abrir portas, nem que seja à bomba! Envia-me o teu Curriculum Vitae que, não tarda nada, dizem-te alguma coisa. Ouvi dizer que os antigos dirigentes associativos têm muita saída neste negócio.
Manda cumprimentos aos teus pais!

Um grande abraço e três beijos na face deste teu primo que te adora,

Juan José Ramirez de Gallardo III aka "El Portugués"

quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009

Spot the lies

A Mona Lisa lançou-me um novo desafio e, desta vez, o objectivo é dizer 9 coisas sobre mim, sendo que 3 são mentira:

«Você diz 9 coisas aleatórias a seu respeito, não importando a relevância.Tendo de ter 6 verdades e 3 mentiras. Quem receber o Meme, deverá postar as 3 coisas que acha serem as mentiras do blogueiro que lhe passou o Meme».

Mona Lisa, se não te importas, vou traduzir:

"Dizes 9 coisas aleatórias a teu respeito, não importando a relevância: 6 verdadeiras e 3 falsas. Quem receber o Desafio (confesso que não sei bem qual é a tradução da palavra "Meme"), deverá postar as 3 coisas que acha que são mentira da pessoa (pessoa é uma boa tradução para "blogueiro", no fundo somos todos pessoas, acho eu. Com excepção do Pacheco Pereira conheço poucos blogueiros que não sejam pessoas) que lhe passou o desafio".

Este era dos difíceis já que não tenho muito mais do que 7 coisas para dizer sobre mim. Lá me esforcei e aqui vai:

1. Adoro astrologia e lanço cartas tarot.

2. Estou habilitado para ser instrutor de Yoga.

3. Sou bastante talentoso na área da culinária e presenteio, frequentemente, os meus amigos com belas refeições de comer e chorar por mais.

4. Sou um excelente dançarino e já venci campeonatos regionais de danças de salão.

5. Dizem-me frequentemente que, em termos de personalidade, sou igualzinho ao Nelson Mandela.

6. Só não sou profissional de hipismo porque me lesionei gravemente no joelho direito.

7. Tenho um familiar próximo que é protagonista de um conhecido livro.

8. Tenho 3 tatuagens e nenhuma delas é de um golfinho.

9. Passei um mês numa prisão da Turquia.

Conseguem adivinhar quais são as 3 mentiras?

Sobre as respostas da Mona Lisa já sei que aquilo do Cristiano Ronaldo é mentira. Vou continuar a apostar na das tardes da Júlia... Recuso-me a acreditar que passas uma tarde inteira a ver as tardes da Júlia por mais que digas que é verdade... A terceira é a da pepsi... Foste muito específica com isso da pepsi com gelo... Ninguém diz que bebe ou deixa de beber pepsi. Bebe-se coca-cola e pronto! Detesto quando os empregados de mesa me dizem "não temos coca-cola, só pepsi", como se eu fosse responder "Ah! Então traga-me antes um carioca de limão"... Não faz sentido nenhum! É óbvio que se quero uma Coca-cola não é por eles só terem pepsi que eu vou deixar de querer...

Passo este desafio a toda a gente que nasceu a uma 2.ª ou a uma 4.ª ou a uma 6.ª e cujo nome próprio tenha a letra "A". É bom que o façam, senão fico ofendido! E suicido-me...

segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009

O Mundo encantado dos corruptos



Este blog interrompe a sua emissão habitual para falar um pouco sobre um assunto sério que anda a massacrar a cabeça ao seu autor, ou seja, eu.

Deixo aqui estas três notícias:

Ex-presidente de associação de estudantes processada por desvio de fundos (IOL)

Ex-presidente de associação de estudantes diz-se tranquila (Sol)

Controvérsia marca eleições na Faculdade de Letras do Porto (vídeo de notícia da RTP)

Segundo os resultados de uma auditoria externa entre má gestão e. possivelmente, corrupção a Associação de Estudantes da Faculdade de Letras da UP foi lesada nuns bons milhares de euros... Nada que me surpreenda, não só porque fui dirigente associativo mas porque a pessoa em questão é uma velha conhecida.

A propósito de um post em que assumi explicitamente o meu passado associativo discutiu-se a má imagem dos dirigentes associativos na sociedade e eu acabei por concordar que, de facto, essa imagem tem razão de ser. Estas notícias vêm comprovar isso mesmo. Por mais que lutemos, por muito que façamos, por mais coerentes que procuremos ser haverá sempre casos destes a manchar a reputação de quem leva o associativismo/voluntariado a sério.

Muito pior do que a destruição da imagem dos dirigentes associativos são as conclusões que podemos tirar deste tipo de coisas. Estou convencido que a minha (nossa) geração não vai contribuir com muito mais do que este tipo de escumalha para o desenvolvimento da sociedade. Não me estou a referir à menina da notícia, porque essa, em termos políticos já está queimada demais para ser mais do que Presidente da Junta. A sua inteligência também não lhe permite almejar voos mais altos (será uma bem sucedida empresária da noite e pouco mais, mas já nem digo nada)...

Se o Mundo não acabar entretanto por causa do aquecimento global ou por nos termos comido uns aos outros ou se Deus me der saudinha para chegar até lá, quando tiver 50 anos vou olhar para o passado e sentir vergonha da minha geração. Estamos a deixar para trás as pessoas com valor, em detrimento dos graxistas, dos lambe-botas e dos corruptos. A bajulação é valorizada em detrimento da coragem, da rebeldia e da genuinidade. Somos uma geração de meninos das jotas que nunca fizeram nada pela vida e que através de falinhas mansas, facadas nas costas e favores mais ou menos lícitos conseguiram subir por aí fora até se tornarem "cidadãos respeitáveis". Cidadãos que vão ter assento nos Conselhos de Administração das empresas e estabelecer contacto com as mais altas individualidades, desde o Presidente dos EUA, passando pelo papa, até à Máfia Napolitana. São esses meninos que vão conseguir ter tanto dinheiro que vão comprar a sua própria justiça, como quem vai ao Supermercado comprar latas de atum. São esses meninos que vão subindo uma escada de favores de outros meninos, num esquema pirâmide em que a base somos todos nós. São esses meninos que vão premiar outros meninos como eles e perpetuar esta selecção natural, em que só o mais forte subsiste. Sendo que, neste caso, ser mais forte significa ter uma coluna vertebral que lhe permita aguentar com todo o tipo de falcatruas ou ter um sono tão pesado que lhes permita adormecer com o peso de que se está a contribuir para uma entropia acelerada do Mundo. Eles sabem-no bem, mas não lhes importa. Só eles interessam e, comparado com isso, o Mundo é muito pequeno.

Atiram-nos todos os dias areia para os olhos, alegando que vivemos num Estado de direito democrático. Permitem-nos escolher, de 4 em 4 anos, entre vários "líderes". Independentemente da maneira "democrática" como estes foram eleitos, quer esta tenha sido através de votos de militantes arranjados à pressa e a quem alguma alma mais voluntariosa pagou as quotas via Multibanco na véspera das eleições, quer este tenha sido através de umas eleições, previamente combinadas, em que o voto é feito de braço no ar.

Vivemos numa sociedade em que, se chamarmos as coisas pelos nomes, corremos o risco de levar com um processo em cima. Se chamar corrupto a um corrupto é difamação, chamar político a um corrupto é pleonasmo.

As pessoas com valor, inteligentes, com princípios, com uma vontade genuína de fazer alguma coisa acabam por se afastar com a certeza e a frustração de que isso é algo impossível. Este sistema acaba por transformar aqueles que têm valor em pessoas frustradas, revoltadas e alienadas.

E é a esses que eu apelo. Temos que nos mexer. Sendo cidadãos activos e com impacto dentro da nossa comunidade ou do nosso emprego. Sendo sempre coerentes e não compactuando com coisas em que não acreditamos, por muitos dissabores que isso nos traga (e normalmente traz muitos). Cultivando-nos intelectualmente e emocionalmente, tornando-nos assim mais cultos e mais fortes para lidar melhor com a mediocridade que vai estar acima de nós e para defender os direitos de quem está abaixo e que não tem as mesmas oportunidades que nós.

Aos bocadinhos conseguimos mudar alguma coisa. Não podemos é ser coniventes com as tretas que nos impingem todos os dias: "Ele roubou? Claro... Toda a gente faz, ele é só mais um..." ou "Eu não vou votar porque eles são todos iguais e não acredito que mude alguma coisa". Irrita-me que haja pessoas que se acomodam na evidência de que isto está mau e que dificilmente vai mudar. Todo este sistema vive desta atitude, desta passividade destrutiva. Independentemente da sua cor, cada deputado que entre na Assembleia da República com o espírito de missão e o orgulho de que se está a contribuir para a construção de uma sociedade mais justa, é um tiro neste sistema corrupto. O mal dos nossos políticos é que o nosso bem-estar é a última das suas prioridades. Um cargo na Comissão Europeia, um tacho no Conselho de Administração de uma empresa pública ou o cargo de CEO de uma empresa com que se negociou enquanto se esteve no poleiro estão bem à frente do nosso bem-estar na lista de prioridades dos nossos políticos.

Apesar de ser difícil, temos a obrigação de ser tolerantes com quem pensa de maneira diferente e aproveitar essa divergência saudável para fins construtivos. As opiniões diferentes não nos devem separar porque se estivermos a lutar para o mesmo fim, as nossas diferenças só nos vão enriquecer. Aquilo que nos deve separar de alguém é o desrespeito pelo princípio ético universal que nos guia e que é (ou devia ser) o pilar da nossa sociedade: a liberdade. A liberdade pressupõe o respeito pelos outros, a igualdade de direitos, a justiça... Será que somos livres hoje em dia? Ou a liberdade não passa de uma palavra bonita escrita num livro que ninguém respeita?

Para sermos verdadeiramente livres não podemos permitir que nos desrespeitem. E o desrespeito não é uma piada, uma boca ou um comentário desagradável. Desrespeito é quando, deliberadamente pisam os nossos princípios e tudo aquilo em que acreditamos à nossa frente. Não reagir a isso é entrar em incoerência. É ser conivente com essas atitudes, é deixarmos de ser nós próprios.

Acho que todos já passámos por isso. Eu já, pelo menos. E é das piores sensações que existem, já que, inevitavelmente, odiamo-nos a nós próprios. Temos é que aproveitar esse mal-estar para nos tornarmos pessoas melhores, porque sentirmo-nos mal com as nossas incoerências, é a prova de que ainda sentimos. É uma mensagem da nossa consciência a dizer-nos que não estamos a agir bem. É o sistema de segurança que nos permite avançar como Homens. A partir do momento em que deixamos de nos sentir mal é porque vendemos a alma. É sinal de que nos acomodámos aos "benefícios" de engolir sapos. É sinal que nos transformámos numa das rodas dentadas deste relógio distorcido, que avança apenas para destruir tudo o que nos rodeia.

Neste momento não tenho grandes esperanças na minha geração. Conheço muita gente que pode fazer a diferença. Espero que encontrem um furo no sistema que lhes permita superar os meninos das jotas. Ou então, que o sistema se auto-regule e, de um momento para o outro, tome consciência que assim não vamos a lado nenhum...

E foi um desabafo... Normalmente sou mais optimista, mas estou mesmo fodido...

quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009

Perspectivas de futuro ou Guia para a Felicidade




Agora que estou prestes a ficar sem emprego é tempo de pensar no futuro. E todo um leque de de oportunidades se abre diante de mim.

Antes de abordar o meu brilhante futuro e para esclarecer qualquer mal-entendido que possa haver, devo desejar as melhores felicidades ao chimpanzé que me vai substituir:

Meu caro Barnabé, tenho a certeza que tudo vai correr pelo melhor. Tenho a certeza que, como chimpanzé bem treinado, vais ter bastante mais sucesso do que eu a desempenhar as minhas (e agora tuas) tarefas. Acredito que se te empenhares a sério ainda consegues chegar a director. Sem ressentimentos!

Não podia deixar o Barnabé a pensar que a nossa relação vai mudar só porque ele me tirou o emprego. Não sou daqueles humanos que culpam os animais por ficarem com os seus empregos. Os animais são essenciais para o desenvolvimento do país e, ainda por cima, aceitam trabalhos que os humanos não aceitam. Qual era o humano que gostava de ganhar a vida a puxar uma carroça? Qual era o humano que gostava que lhe dessem hormonas desde pequenino para crescer rápido a fim de servir para a alimentação de outros? Aí já não se importam, mas quando um animal luta por uma vida um pouco melhor do que a que tem já vêm para a rua gritar "animais, vão para casa".

Aceito, com todo o fair play, que um chimpanzé tenha ficado com o meu trabalho! E devo admitir que tem potencial para o desempenhar com uma maior competência.

Sobre o meu futuro, como já disse, não faltam oportunidades:


Ir para o Brasil gravar uma cassete com versões forró das músicas dos Abba

Sucesso garantido! Tenho a certeza que, em pouco tempo, o Mundo cantará, dançará e karaokerá o "Mamãe Minha" ou o "Rainha Dançante".


Destronar a google como líder da internet

Apesar de não ser tão aliciante como gravar êxitos dos Abba versão forró é capaz de dar algum dinheirito. O plano passará por fazer um motor de busca melhor, mais potente e mais inovador do que o Google. É daqueles planos tão simples que o falhanço é impossível. Mesmo assim elaborei um plano B que é contentar-me com o 2.º lugar. Não é tão bom mas monetariamente é igualmente aliciante...


Ganhar o prémio Nobel

Nada me fará ter mais sucesso junto do sexo feminino do que um prémio Nobel. Nunca vi um Prémio Nobel a queixar-se da sua vida amorosa, com excepção do Prémio Nobel da Economia de 1973 (chato, feio, mau hálito) e da Madre Teresa de Calcutá. É por isso que quero ganhar um Prémio Nobel. Ainda não sei qual... Talvez o da Física. Parece-me o mais fácil, até porque ultimamente ninguém tem feito nada de jeito nessa área. Para isso, tenho que fazer duas coisas: tirar o curso de Física (não sem antes ter explicações de Física do 12.º porque vim de Humanidades) e, depois, criar um paradigma que revolucionará a Ciência nos próximos 100 anos. Se Einstein e Newton conseguiram, porque é que eu não hei-de conseguir? Não sou menos do que eles e até tenho mais estilo... Já me estou a ver a entrar na discoteca, a subir à coluna e a sacar da medalha... O mulherio todo a entrar em estado de loucura e a pedir-me para recitar o discurso da cerimónia... Pode ser até que tenha oportunidade de conhecer a Merche Romero! Vale a pena ganhar o Nobel, acreditem...


Fazer algo altruísta

É óbvio que a vida não pode ser só dinheiro, sucesso e mulheres. É por isso que tenho que fazer algo altruísta como tornar-me um Médico Sem Fronteiras.

Ah! Mas tu não és médico...


Pois não, mas já tenho solução para isso...

Lá vem ele com a piada de que tem um plano de duas fases que passa por tirar o curso de Medicina e depois tornar-se médico sem fronteiras... Pelo menos é mais realista do que a questão do prémio Nobel, embora igualmente estúpido...

Enganas-te, não vou tirar curso nenhum de Medicina... Não preciso...

Não precisas? Como é que vais ser Médico Sem Fronteiras sem seres Médico?

Eu explico-te... Os Médicos Sem Fronteiras, normalmente, andam por sítios em que a vida das pessoas está por um fio. Dificilmente sobreviverão. Precisam apenas de uma palavra de esperança, de alguém que se preocupe genuinamente com eles e de antibióticos. Perante a morte, eu, como Médico Sem Fronteiras, só teria que fazer um ar abalado e, de lágrima no canto do olho, dizer emocionado:

- Voltámos a perder uma vida... Mesmo não querendo apegamo-nos sempre a esta gente...

E depois disto, disparar um grande e pertinente discurso sobre a merda de sociedade que permite que estas coisas aconteçam... Ocasionalmente teria que abrir uma pessoa ou outra a meio com o bisturi para provar que percebo do assunto... E até pode ser que consiga salvar algumas, já que sei mais ou menos onde está o apêndice... Tenho a certeza que a Angelina Jolie vai ficar impressionada...


Realizar um sonho de criança

Que melhor altura do que esta, em que estou sem emprego, para realizar um dos meus sonhos de criança? Pois é.... Vou aproveitar para me tornar jogador do Benfica. Estou convencido que, mal o Rui Costa me veja a dar um toque numa bola me contrata... Só tenho que ir para a porta de casa dele com uma bola, esperar que ele saia, dar dois toques e assinar o contrato. O Aimar que se cuide... Se pensarmos bem nesta questão, se houve pessoa a quem o chimpanzé tirou o emprego foi o Aimar... Este meu pezinho direito não perdoa...


Ser mais rápido, mais forte e chegar mais alto

Gostava de ganhar mais de 20 medalhas nos Jogos Olímpicos de Londres, destronando o Michael Phelps como o atleta mais medalhado de sempre. Como os Jogos são só em 2012 ainda tenho mais do que tempo para me preparar...

Já disse no Twitter e volto a dizê-lo, o Phelps não é nada de especial. Se eu me disciplinar durante um ou dois meses consigo facilmente batê-lo e limpar todas as medalhas da natação. Basta treinar três vezes por semana, comer mais massa e apanhar apenas duas bebedeiras semanais (depois dos treinos que é para estar descansadinho durante os dias de ressaca). Exige alguma disciplina e sacríficio mas acho que consigo...

Mas não é possível ganhar mais de 20 medalhas na natação.

Bem visto! Se não fosses tu não sei o que faria... Facilmente consigo limpar as medalhas do tiro (beber bem antes para não estar com delirium tremens), do hipismo (arranjar um bom cavalo e controlar-me com a bebida), do salto à vara (já fiz coisas mais difíceis graças ao álcool) e do taekwondo (quando bebo ninguém me pára)... Tendo em conta aspectos que não vou revelar também é possível que me deixem participar na prova de halterofilismo feminino.


Entrar numa grande produção de Hollywood

Entrar numa grande produção de Hollywood era algo a que achava piada apesar de ter um grande senão: não gosto nada de me ver na televisão. Teria que arranjar soluções como pôr o Keanu Reeves a fazer de duplo da minha cara ou obrigá-los a fazerem uma versão com a minha cara distorcida. Nada que não se resolva...


Acabar com a pobreza

Se tiver tempo gostaria de acabar com a pobreza. É algo que me incomoda muito e um dos grandes problemas da sociedade. Detesto quando vou na rua preocupado com questões tão pertinentes como o comprimento do pescoço da maior girafa do Mundo ou o verdadeiro significado da columbofilia e vêm ter comigo a pedir dinheiro ou comida. Chateia-me! É por isso que quero acabar com a pobreza! Não gosto que me abordem na rua! Chamem-me egoísta por querer acabar com este mal! Já que vou ser milionário (com o disco, medalhas, Prémio Nobel, etc.) permitam-me que desfrute de alguns luxos como acabar com algo que me dá cabo do juízo, que é a pobreza...


Aprender dança

Finalmente, gostava de entrar no mundo da dança. Acho que o Marco de Camilis é, de longe, o português com mais estilo de todos os tempos. Aprender a dançar tornar-me-ia mais próximo deste deus da dança e meu grande ídolo de infância. Marco, se estiveres a ler isto, um grande e apertado abraço... Continua assim...


Como vêem, tenho um futuro risonho à minha espera.

Imagino que tenham uma pergunta a passear nas vossas cabeças na expectativa de sair a qualquer momento. Eu antecipo-me: porque é que uma mente tão brilhante como a minha e com tantas perspectivas estava a fazer um trabalho que um chimpanzé bem treinado faria melhor? Eu respondo... Porque sempre foi o meu sonho fazer o trabalho de um chimpanzé...

Beijinhos fofos para todos e um especial para o Barnabé que tem como vantagem em relação a mim o facto de não interromper o trabalho para ir actualizar o Twitter... Se o fizesse diria certamente coisas mais pertinentes...

segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009

Parabéns aos Coldplay...

...pelo Grammy de melhor canção do ano!



E já agora ao seu autor, Joe Satriani, que também merece.

Slumdog Millionaire! Ainda não vi. Mas custa-me perceber uma coisa. Se o filme anda à volta da participação de um jovem indiano no "Quem quer ser Milionário?", se o título do filme em inglês é "Slumdog MILLIONAIRE" porque raio é que a tradução do título em português é "Quem quer ser bilionário?". Será por causa dos direitos de autor? Olhem para os Coldplay! O que é que isso vale? Quando ouvi falar do filme até pensei que ele tivesse ganho o Euromilhões ou casado com o Américo Amorim. E mesmo assim a palavara "bilionário" era um bocado forçada... Toda a gente sabe que o Américo Amorim está a passar um mau bocado...

Aquele piloto que aterrou o avião no rio Hudson encontrou-se com os passageiros em dois programas de televisão... Emocionante... Ouvi dizer que no domingo à tarde vai estar a dar autógrafos na discoteca Big Cansil em São João de Vêr com o Telmo do Big Brother.

O Pedro Proença vai abandonar a arbitragem de futebol para ser júri da modalidade de saltos ornamentais para a piscina. Ele não queria mostrar o cartão amarelo a Yebda mas sim, dar a nota 10 a Lisandro Lopez... Um erro de vocação...

Fumadores frequentes de marijuana têm mais 70 por cento de risco de ter cancro dos testículos... E mais 90% de hipóteses de ganhar a Volta à França.

O Ministério da Educação propõe novo escalão para professores que não consigam categoria de titular... Chama-se "prateleira". Apenas porque "Auschwitz" tem uma conotação muito negativa.

O Ministério Público vai analisar "eventuais anomalias" às diligências efectuadas no âmbito do caso Freeport... Caso sejam encontradas as anomalias, estas diligências serão colocadas à venda, por metade do preço, no outlet que dá o nome ao caso. Grande oportunidade!

Eu, acabei de bater o record de links ao jornal Público no mesmo post... Para comemorar o feito vou colocar aqui este vídeo de Tony Carreira e amigos:



Peço desculpa por este bocadinho! E por não ter colocado a minha piada sobre a Eluana, a mulher que esteve em coma durante 17 anos... Não teria esse mau gosto... Por quem me tomam?

sábado, 7 de fevereiro de 2009

Quando a privacidade nos invade




No outro dia tive que viajar de comboio, coisa que já não fazia há algum tempo. Apercebi-me que, com excepção de algumas idas ao shopping, já há muito tempo que não me aproximava do "povo" desta maneira.

"Aristocrata!"

Não, burocrata...

Não há melhor retrato da sociedade do que aquele que fazemos numa viagem de comboio e, acabamos por dar por nós, quais voyeurs involuntários, envolvidos em situações que não esperávamos. Ao passar por duas raparigas consegui apanhar o seguinte fragmento da sua conversa:

- Ia dizer-lhe que era dele? Para ele dizer que eu tinha feito de propósito?

Senti-me enfiado, contra a minha vontade, numa cena de telenovela. Eu não procuro saber assim tanto sobre uma pessoa que não conheço e, posso estar muito enganado, mas a rapariga estava ou achava que estava grávida... Contudo, podia estar a falar de pastelaria ou de cozinha gourmet... Espero que sim... Mas ter apanhado este fragmento fora do contexto fez-me pensar no pior... Ou no melhor, depende...

Felizmente passei a viagem a ouvir música e não tive a oportunidade de invadir a privacidade de ninguém, ou melhor, de ser invadido pela privacidade de alguém. Apesar disso, era notório que a privacidade de muita gente andava pelo ar a pedir que eu a invadisse. No intervalo entre duas músicas consegui ouvir qualquer coisa a respeito do furúnculo de uma senhora de idade que estava sentada no banco atrás do meu... Tive a sorte de os acordes dos Radiohead terem entrado a tempo de me salvar do bombardeamento de privacidade que se adivinhava. Se não fossem eles, nessa noite teria sonhado com a visita da rapariga da conversa anterior que, com um sorriso nos lábios, me daria a novidade do nascimento de um belo e saudável furúnculo da seguinte maneira:

- Este é o Joaquim, o teu filho... Parabéns!

Por sorte não aconteceu...

Mas nem os Radiohead me salvaram da privacidade que me invadiu, desta feita, no Metro.

Metro cheio. Eu de pé encostado à parede. Ao meu lado, um jovem e apaixonado casal...

Não tenho nada contra a paixão, muito pelo contrário. Emociono-me, como ninguém, com demonstrações puras de afecto. Choro sempre que vejo uma avioneta com uma faixa a dizer "Amo-te Marlene!" ou quando leio uma mensagem no rodapé da Praça da Alegria a dizer "Jorge Samuel, és o amor da minha vida" ou quando ligam para os discos pedidos para dedicar uma música dos Só Pra Contrariar à sua alma gémea ou quando um indivíduo se põe subitamente de pé na cadeira do restaurante a gritar, em plenos pulmões: "Eu amo esta mulher! Ouçam todos: Eu amo esta mulher que está aqui sentada chamada Lucinda Micaela". Sou um romântico. Apesar disso, não gosto assim tanto de demonstrações públicas de afecto quando sinto que, se virar ligeiramente a cabeça para a direita, estou a tornar-me um activo participante nas mesmas.

Fiz grande parte da viagem com aquele "chuac, chuac" nos ouvidos, sem poder mudar de lugar e a invadir a privacidade da pessoa que estava na direcção do único ângulo de visão que me era permitido, visto que qualquer outra posição em que colocasse a cabeça levaria à minha perticipação num ménage a trois com aqueles pessoas. E eu não queria isso apesar da insistência do jovem casal em incluir-me na sua relação.

Não gosto de invadir a privacidade de ninguém e detesto quando sou invadido pela privacidade de pessoas que não conheço. Como aquelas pessoas que se levantam a meio de reuniões e se sentem na obrigação de dar uma explicação dizendo, no regresso:

- Desculpem lá, mas tenho andado cá com uma diarreia que nem vos digo...

Pois, mas disseste... Não precisávamos de saber isso. Ninguém perguntou. Mas, de qualquer maneira, as melhoras! Bebe muita Coca-cola e evita os fritos!

Ou aqueles D. Juans que fazem da mesa da sua esplanada um púlpito para anunciar a todos aqueles que têm o azar de estar num raio de 50 metros, as suas novas conquistas. Aí não estamos a falar de invasão nenhuma visto que o mais provável é nada daquilo ter acontecido. Mas a questão é que se estivesse interessado em romances de cordel tinha ficado em casa a ler os livros do Nicholas Sparks ou do Harlequin e Bianca. Que é o que faço a maior parte das vezes.

Caros anónimos, não quero saber nada das vossas necessidades fisiológicas nem, tão pouco, da vossa (fictícia) vida sexual. São coisas que dispenso ou dispensaria, se vocês me deixassem... É pedir muito?

Devo acrescentar que, apesar deste desabafo, gosto muito das conversas nos transportes públicos. Quando as pessoas, em vez de ensimesmadas nos seus problemas e nos seus MP3 falam umas com as outras e criam aquele clima em que um passageiro diz uma coisa, outro diz outra e de repente somos todos grandes amigos que, por acaso, partilharam o 78 nesse dia. Faz-me acreditar numa sociedade mais aberta e comunitária como contraponto de uma sociedade alienada e egocêntrica. E aí nem me importo que partilhem alguma coisa da sua vida, porque, neses casos, estou a abrir um canal de comunicação que permite isso. Já tive algumas conversas interessantes em transportes públicos.

Não gosto é quando a privacidade de outras pessoas me atinge como um paralelo na cabeça.

Aquele desafio do livro

Obrigado à Mona Lisa por mais um desafio! É por estas coisas que vale a pena viver... Já me começo a sentir mais popular! Desta feita o desafio é:

1º - Agarrar no livro mais próximo 2º- Abri-lo na página 161 3º- Procurar a quinta frase completa 4º- Publicar essa frase no meu blog 5º- Passar para cinco pessoas, à escolha.

Confesso que é um pouco complicado escolher o livro que está mais próximo porque tenho uma pilha de livros à minha frente. Estiquei a mão e escolhi o primeiro que agarrei. Penso que é o que está mais próximo. De qualquer maneira, não me parece que a Mona Lisa chame a minha casa o júri do Governo Civil para fazer medições... Por isso, têm de confiar... Tanto quanto sabem o livro até pode estar no 10.º andar da minha casa... Ha! Ha! Ha! Sim, a minha casa tem 27 andares, para quem não sabe... Tivemos que pagar um balúrdio em luvas ao Ministro do Ambiente da altura para podermos construir uma vivenda de 27 andares numa zona protegida. Mas valeu a pena... Tem uma vista impecável!




O livro é "Asfixia" de Chuck Palahniuk, o autor d'"O Clube de Combate". Um grande livro, com um ritmo alucinante e com muito humor negro, tal como o Clube de Combate, sobre um viciado em sexo que corre restaurantes onde finge que se engasga para estimular a piedade de desconhecidos que lhe ficarão gratos toda a sua vida por o terem salvo. Ouvi dizer que no ano passado saiu (ou ia sair) um filme inspirado neste livro. Aguardo com alguma expectativa mas nunca mais ouvi falar disso.

Abrir na página 161, quinta frase completa... Aqui vai:

"Isto foi antes de haver sessões de terapia para viciados em sexo"

Não resisto em transcrever a primeira frase dessa mesma página, que, não sei porquê, me chamou logo a atenção. Espero não estar a ir contra as regras do desafio:

"No Verão de 1642, em Plymouth, Massachusetts, um adolescente foi acusado de ter sodomizado uma égua,uma vaca, duas cabras, cinco ovelhas, dois bezerros e um peru"

E é isto... Apesar de tudo é um bom livro!

É um desafio engraçado mas agora vem a parte pior... A quem é que passo isto? Alguém se oferece? Não?

...

Se é para estarem com essa má vontade toda não passo a ninguém... Estão a ver o que arranjam? Agora estou chateado... Amuado? Quem é que disse que eu estava amuado? Ninguém se acusa? Estou é chateado com a vossa má vontade. Queria tanto passar-vos este desafio e vocês com essa atitude de indiferença... Sabem o que é que conseguem com isso? Que eu não vos passe desafio nenhum...

OK! Já que insistem passo então à Lu.a (Amor ou Consequência), à Lothlorien (Dapoptarts), à Iris (30 dias para), ao In.R (Terra dos Parvos) e à Tari (Alopatias).

terça-feira, 3 de fevereiro de 2009

O país dos Doutores


Descobri algo em que nunca tinha reparado mas que me irrita um bocadinho. Pelo menos o suficiente para vir aqui escrever sobre isso. Pessoas que, quando estão a citar algo que alguém lhes disse, em discurso directo, dizem o seu próprio nome. Isso não vos irrita? Ah! Não perceberam... Então vou explicar melhor... Imaginem que alguém disse ao Rufino que era melhor ele aproveitar agora, que ainda lhe sobram alguns trocos, para ir comprar, finalmente, o busto de Napoleão para pôr em cima da lareira. Imaginem que o Rufino quer descrever esta conversa a outra pessoa qualquer... ao João António, por exemplo...

- Ele disse-me: "Ó Rufino, se calhar é melhor aproveitar agora, que ainda te sobram alguns trocos, para ir comprar, finalmente, o busto de Napoleão para pôr em cima da lareira", e foi o que eu fiz...

E o João António responde, por exemplo:

- Não pode ser, Rufino... Ele, a mim, disse-me: "Tem cuidado com o Rufino, João António... Vê se ele não estoura o dinheiro todo na porcaria do busto de Napoleão...".

Já é um bocado estúpido tentar recriar textualmente a conversa. Se não o vamos conseguir nem devemos tentar, é para isso que serve o discurso indirecto. Mas pôr a outra pessoa, que estamos a citar literalmente, a dizer o nosso próprio nome é completamente absurdo e irrelevante, já que a partir do momento em que estamos a falar de algo que nos foi dito é escusado estarmos a pôr o nosso nome lá pelo meio... É como se estivéssemos a sublinhar que a pessoa que estamos a citar até sabe o nosso nome. E, mais do que isso, trata-nos com tanta familiaridade que até faz questão de usar o nosso primeiro nome na conversa. Pior do que isso seria se o Rufino dissesse:

- Ele disse-me: "Ó Professor Doutor Rufino..."...

Aí, eu diria ao Rufino, ou melhor, ao Professor Doutor Rufino, que até nem é mau tipo, para pôr o busto de Napoleão num sítio que eu cá sei...

"Mas que sítio?"

No cu...

Porque pior do que as pessoas que põem os outros a tratarem-nos pelo próprio nome são as pessoas que exigem que lhes chamem Doutor ou Professor ou Engenheiro...

Porque é que o Amílcar, que até era conhecido como Pívias na adolescência (entretanto evoluiu para Pivz, alcunha essa que ainda usa no messenger), há-de exigir a outra pessoa que o trate por "Doutor", só porque andou 7 anos a pagar propinas numa privada qualquer? Em que país, para além de Portugal, é que é mais prestigiante tratar alguém por "Doutor" ou "Engenheiro" do que pelo nome próprio? São pessoas que preferem escudar-se num suposto prestígio que lhes instituíram, do que assumirem uma identidade própria. O que é sintoma de que, provavelmente, não a têm.

"O que é que disse, Dr. Sérgio? Não percebi nada... Dá-me a ideia que o Senhor Doutor está armar-se em intelectual..."

Eu explico-te, apesar de me estares a provocar com isso do "Doutor Sérgio"... Deixa-me dizer-te que tens muita graça... Isso é por eu ainda não ter acabado o curso? Ou é por eu ter acabado de criticar as pessoas que exigem ser tratadas por "Doutor"? Para a próxima vez parto-te os dentinhos...

Ao exigir que as tratem pelo seu grau académico, as pessoas estão a mostrar que valem pouco mais do que isso... Antes de ser Doutor Sérgio eu era o Sérgio. E, darei sempre primazia ao meu lado "Sérgio" do que ao meu lado de "Doutor Sérgio".

"Mas o Dr. Sérgio ainda não acabou o curso."

Só estava a explicar-te, que foi o que me pediste, ó Dr. "Vozinha-estúpida-dentro-da-minha-cabeça-que-pelos-vistos-já-acabou-o-Doutoramento"...

"Não é Doutor, é Engenheiro... Tirei a licenciatura de Engenharia de Minas na FEUP..."

Olha a grande coisa! E o que é que fazes agora? Porque é que em vez de estares numa mina, a fazer aquilo para que estudaste, estás dentro da minha cabeça a chatear-me por dá cá aquela palha? Não estavas melhor a trabalhar na secção de frescos do Continente?

"Já mandei para lá o meu Curriculum Vitae, mas tenho habilitações a mais... Também não gosto de estar na sua cabeça, ó Dr. Sérgio. Não fui eu que escolhi estar aqui... Mas não arranjei melhor... A única vantagem é que isto é bem arejado"

Tenho ali um anti-psicótico de que és capaz de gostar, ó Senhor Engenheiro de Minas... Vê lá se te calas que já estás a meter nojo...

O que me irrita mais é que o argumento que estas pessoas usam para serem tratadas pelo seu grau académico é a necessidade de manter as distâncias e de se darem ao respeito. Até espumo de raiva quando ouço este argumento... Metaforicamente, é claro. Não me ficava nada bem espumar de raiva em frente ao Senhor Engenheiro... Aliás, a minha reacção normal, quando ouço este argumento é:

- Com certeza, Senhor Engenheiro - enquanto olho para o chão, faço uma vénia e saio da sala silenciosamente para não perturbar o sossego do Senhor Engenheiro e, antes de sair, ainda faço questão de perguntar - Precisa de alguma coisa Senhor Engenheiro? Um cafézinho?

Mas agora que estou entre amigos e não preciso de ser tão cobarde ou submisso posso dizer o que realmente penso sobre este argumento e espumar de raiva à vontade (não muito alto porque o Senhor Engenheiro está na sala ao lado e ainda me ouve). Que raio de respeito é que vocês querem manter com esta porcaria do grau académico? Fique sabendo "Senhor Engenheiro" que enquanto finjo beber os seus belos ensinamentos e opiniões sobre o que nos rodeia, enquanto me esforço para ser a pessoa que se ri mais alto das suas piadas, enquanto dou tudo por tudo para preparar o café como o Senhor Engenheiro gosta, estou realmente a pensar em como seria bom esvaziar as piscinas do Slide & Splash, untá-lo de banha de porco e atirá-lo do Kamikaze (e isto é quando estou bem disposto). Fique sabendo, Senhor Engenheiro, que a distância que tanto gosta de criar só serve para que outros potenciais "Senhores Engenheiros" o queiram pôr a milhas. Fique sabendo que o respeito não se consegue com distância, consegue-se com proximidade, honestidade, genuinidade e com um hálito mais agradável, meu grande bisonte albino e hermafrodita... (acho que já me estou a esticar... Amanhã vou ter que caprichar nos cafés e nas fotocópias para compensar esta falha...)

Como defesa, arranjei um estratagema que é fazer questão de tratar todos os "Doutores" e "Engenheiros" que conheço apenas pelo grau académico. O que fica extremamente ridículo... E dá-me um gozo tremendo... É tão bizarro tratar alguém só por Doutor. Do tipo:

- Ó Doutor, isto não me parece assim tão bem porque não sei quê, não sei que mais...

É que, com essa atitude, eles só conseguem isto: que eu os trate como uma sopeira hipocondríaca trata o médico de família... "Ó Doutor isto, ó doutor aquilo...". É o que os Doutores merecem...

O pior destas coisas é que, por causa da cagança de meia dúzia de "Doutores" e "Engenheiros", as pessoas, na dúvida, começam a tratar toda a gente por "Doutor" e "Engenheiro". O que acaba por sobrar para tipos como eu, que odeiam quando são tratadas por "Doutor" e "Engenheiro".

"E que ainda por cima não acabaram o curso"


Já paravas com isso, ó Engenheiro Donaldim! Graças às tuas intervenções, este post parece um número de ventriloquismo...

"Isso faz de ti aquele senhor careca que costuma estar na árvore das patacas"

Nem sei que te diga... Agora até tiveste piada... Nem te vou perguntar onde é que o Donaldim esconde a mão do senhor careca...

Concluindo, detesto que me chamem Doutor. Gosto de pensar que valho muito mais do que o meu grau académico...

"Isso é porque não tens nenhum..."

domingo, 1 de fevereiro de 2009

Desafio (finalmente)

Finalmente desafiaram-me para alguma coisa! Já tenho o blog há não sei quanto tempo (é verdade, não sei mesmo há quanto tempo) e, não sei porquê, fui sempre ostracizado no que diz respeito a este tipo de coisas... Será por causa do meu mau aspecto? Imagino que sim... Muitas lágrimas foram choradas por causa de ninguém me lançar desafios... Até que a lothlorien resolveu quebrar esta conspiração, fazendo do dia de ontem o dia mais feliz da minha vida: o dia em que me lançaram um desafio, integrando-me, deste modo, nesta grande família que é a blogoesfera. Nem tenho palavras para lhe agradecer, de tão emocionado que estou... O desafio é contar seis coisas aleatórias sobre mim, o que é mau, visto que eu estava a pensar contar coisas sequenciais. A aleatoriedade é um factor de complexidade um pouco dificil de contornar, mas vou tentar... Fico contente por serem 6 coisas... Se tivesse que contar mais de 53 coisas sobre mim acho que não tinha nada a dizer...

E aqui vão elas:

1. Tenho um blog.
2. Nunca fui ao shopping vestido de papaia.
3. Sou capaz de suster a respiração durante 30 segundos... Talvez mais...
4. Tenho um bilhete de identidade com fotografia e tudo... embora ache que ela não me favoreça muito...
5. Faço, pelo menos, três refeições por dia.
6. Se passar três noites seguidas sem dormir fico com sono.

Estas 6 coisas podem transformar-se em apenas uma que não é segredo para ninguém que já passou por aqui mais de duas vezes: gosto de me armar em parvo. Mas vou abrir uma excepção por um bocadinho e dizer 6 coisas a sério:

1. Enquanto petiz, pratiquei os seguintes desportos: canoagem, taekwondo, vela, natação, basquetebol, vóleibol, ténis... E o meu desporto preferido é futebol... Nunca me destaquei muito em nenhum deles, mas gostei de todos, com excepção do ténis (por causa do ambiente, o desporto é engraçado)...
2. Fui presidente da Associação de Estudantes da minha faculdade. Sobre isto, devo dizer, como minha defesa, que não sou, nunca fui, nem hei-de ser membro de nenhum partido político... nem testemunha de Jeová... o que nos leva para a terceira coisa:
3. Não sou baptizado e sou ateu convicto. Não preciso de nenhum estímulo externo nem da recompensa de uma vida eterna para fazer aquilo que considero correcto... Faço-o apenas porque tem de ser...
4. Já fui a casa do José Saramago e já jantei com o Maestro António Vitorino d'Almeida.
5. Tive a sorte de ver algumas das minhas bandas preferidas ao vivo: Pearl Jam, Muse, Queens of the Stone Age e Metallica.
6. Já passeei pela estação de S. Bento vestido de cavaleiro da Idade Média (vídeo e história aqui).

E sobre mim acho que não há mais nada a dizer...

O próximo passo é desafiar outros... Desafio então a Ana Malhoa, o pessoal da Google, o Nuno Markl, a Wikipedia, o Pacheco Pereira e aquele puto que foi filmado a imitar, de forma divinal, o Luke Skywalker...

Agora a sério, não vou desafiar ninguém em especial... Quem achar piada que faça o desafio! Até porque algumas pessoas que poderia desafiar já o fizeram...