terça-feira, 21 de julho de 2009

O terror dos flamingos


Para quem não sabe, o Pacheco Pereira tem um programa de televisão da Sic Notícias onde, pura e simplesmente, diz o que lhe vai na real gana. E nunca é de desprezar o que vai na real gana do Pacheco Pereira. É por isso que acho que a Sic Notícias devia mudar-se para o apartamento do Pacheco Pereira (PP). Por um lado poupava imenso trabalho ao PP, que deixava de ter a maçada de despir o seu robe de seda para se deslocar a Carnaxide (e ninguém quer que o PP dispa o seu robe de seda). Por outro lado permitia-nos a nós, comuns mortais, um acesso mais facilitado à sabedoria do PP e, principalmente, à sua vida íntima. A Sic Notícias seria um misto de canal de notícias com reality show da vida de PP. Imaginem a seguinte situação:

Pivot da Sic Notícias: O primeiro-ministro José Sócrates anunciou mais uma medida de combate ao desemprego... Esperem aí, o PP deve querer dizer alguma coisa sobre isto... Ó PP o que é que achas disto?

...

Pivot da Sic Notícias: Ele agora não pode... Está a fazer amor... Esperem 5 minutos que ele já vem dizer alguma coisa sobre esta notícia, enquanto estiver a fumar a sua cigarrilha pós-coital...

E isto leva-nos a outra questão... Será que no meio de tantas leituras, tanta indignação, tantas crónicas o PP faz amor? Faz.

E esta é uma questão essencial, como diria PP. É que todos sabemos que não há nenhum homem ou mulher que seja digno(a) de fazer amor com PP...

Então faz amor com quê?

Outra questão essencial, admiro a coragem de quem a fez... A única criatura no planeta suficientemente nobre e sublime para fazer amor com PP é o flamingo. É esta a minha opinião desde a primeira vez que vi o PP. Ele é um flamingofucker, passo o neologismo . E se o PP é um flamingofucker o Paulo Rangel é um pelicanofucker, passo o neologismo. Mas isso é toda uma outra questão que, para já, não vou explorar.

Passados 5 minutos de o pivot da Sic Notícias, sentado na sala de estar de PP a desempenhar a sua função de nos informar sobre o que se passa no Mundo, interromper aquilo que o PP estava a fazer com um flamingo (chamado Ernesto), PP chega ao "estúdio", senta-se na sua poltrona, cheio de penas cor-de-rosa coladas ao seu corpo suado (no fundo vemos o flamingo a passar com um ar cansado vestindo apenas uma camisa do PP) e enquanto fuma a sua cigarrilha, mostra-se indignado com a notícia que o pivot acabou de dar. E nós não só levamos a sério alguém que acabou de comer um flamingo como também partilhamos da sua indignação, ou não fosse o actual Governo o culpado do estado lastimoso em que nos encontramos (apenas o actual Governo é o culpado pelo estado lastimoso em que nos encontramos, nunca o último. Razão pela qual o chamado eleitorado flutuante, vulgo eleitorado acéfalo, intercala sempre o seu voto entre estas duas opções, punindo sempre o actual governo e recompensando o saudoso trabalho do anterior, que, lembre-se, foi fortemente punido nas últimas eleições por ser o culpado de todos os males do país... a beleza da democracia... que, como disse Churchill (ou terá sido o taxista que me trouxe no outro dia do Via Rápida?) é o pior sistema político com excepção de todos os outros, visto que, ao contrário de todos os outros, que dependem apenas de uma ou duas pessoas estúpidas, geralmente de bigode, este depende de milhões de pessoas estúpidas).

Enquanto a Sic Notícias não se muda para a casa do PP as únicas e poucas (ironia) maneiras de ter acesso à enorme sabedoria de PP são a Quadratura do círculo, as crónicas no Público, as crónicas na Sábado, o seu blog e o seu novo Progama Ponto/Contraponto (e há quem diga que o PP é uma voz incómoda que muitos querem calar... que faria se não fosse?). E foi neste último programa, que tive a sorte de ver ontem, que PP nos presenteou com a mais brilhante e iluminada análise de um outdoor já alguma vez feita no exterior de um táxi.

Ponto prévio - os outdoors: quem é que baseia o seu sentido de voto num outdoor? Só os estúpidos... Daí a importância destes instrumentos de campanha... É que são os estúpidos que ganham as eleições. Posto isto, ao dar tanta importância aos outdoors, considerando-os um objecto digno da sua douta análise, o magnânime pensador PP é um reles e estúpido português igual a todos nós (sim, também eu voto com base em outdoors. Por exemplo, votei no BE nas eleições europeias porque era o único que tinha outdoors com gajas boas e só não votei no PSD porque tinha lá o Paulo Rangel, esse pelicanofucker ou pelicanófilo, passo o neologismo... mas isso são outras histórias...). E o facto de o PP ser um reles e estúpido português só é novidade para o próprio PP que se acha maior do que todos os outros reles e estúpidos portugueses (esta é a diferença entre os intelectuais e o povo para além do cachimbo... Sim, também estou a falar de ti, José Gil...)... Principalmente quando fala da cegueira dos reles e estúpidos portugueses em relação ao futebol. E não é por PP não gostar de futebol, ao contrário do que pensam as pessoas que interpretam as suas acutilantes opiniões sobre este desporto desta forma. O PP até gosta muito de futebol mas como na escola primária, devido à sua descoordenação motora, o mandavam sempre à baliza, zangou-se com o desporto e resolveu ir para a biblioteca escrever livros sobre o Álvaro Cunhal. Perdeu-se um guarda-redes medíocre, ganhou-se um programa televisivo chamado Quadratura do Círculo... O balanço é trágico... Se os seus colegas soubessem tê-lo-iam deixado jogar a avançado pelo menos 5 minutos... Mas ninguém gosta de perder...

("Os meninos não gostam de mim..." diria um choroso e inconsolável PP de 14 anos à sua mãe "Pois não! És gordo, estúpido, chato, tens a mania que és melhor do que os outros e, ainda por cima, não sabes jogar à bola... Serias um bom pisa-papéis se não fosses tão feio... Se te ouço falar outra vez do Álvaro Cunhal levas com um pau de marmeleiro nas costas que te f..." responder-lhe ia a sua mãe).

Mas estava eu a falar sobre a análise de PP a um outdoor. O outdoor em questão era o outdoor de José Sócrates. Segundo PP, este outdoor é, e passo a citar, "ofensivo para todos aqueles que acreditam na igualdade de género". Como só consigo ver os programas do PP de costas para a televisão* não vi o outdoor do PS na altura. Mas, pelas palavras de PP, esperava um outdoor em que um José Sócrates, de camisola interior de alças, com um garrafão de vinho numa mão e um cinto na outra, açoita violentamente uma mulher, prostrada no chão, como metáfora da maneira como este vai atacar a crise. De facto, seria um cartaz bastante machista e tipicamente português. Por isso, foi com espanto que passei por uma rotunda e vi isto:



E a questão essencial é: será que existem substâncias alucinogénias no traseiro do flamingo? Se sim arranjem-me já 4 ou 5 flamingos para levar para Paredes de Coura. Se não, não deviam deixar o PP andar por aí à solta nem, tão pouco, ter um programa de TV... Segundo PP, o olhar embevecido da mulher esverdeada que aparece ao lado de José Sócrates demonstra a misoginia de quem elaborou este cartaz, passando a mensagem de uma subserviência das mulheres em relação ao charme do Primeiro-ministro... E, perante isto, eu pergunto: "Misoginia, onde estás tu, minha querida?" (eu e a misoginia temos uma relação muito íntima...). Estou mesmo a ver o criativo que elaborou o cartaz a ter o seguinte diálogo com um indíviduo chamado "Man":

- Man, e se metêssemos uma gaja verde a olhar embevecida para o José Sócrates? Isto passa a mensagem de que as gajas gostam do José Sócrates, o que leva as outras gajas a gostarem do José Sócrates...

- Isso não é um pouco misógino? - perguntaria, o sempre sábio e esclarecido, Man.

- Mi... O quê? Eu acho que é, tipo, genial... o Sócrates, uma gaja verde...


- Então faz lá isso... Estou-me a cagar... Só quero é receber o meu...


- Man?

- Diz...

- Tive uma ideia... E se puséssemos o Sócrates a salvar a gaja verde do Hulk, tipo, estás a ver? A gaja é verde, por isso o Hulk, que também é verde, gosta dela e quer levá-la mas o Sócrates não deixa...

- Mas o Hulk é bom, isso faria o Sócrates passar por mau da f... Mas porque é que eu me dou ao trabalho? Esquece isso! Já te estás a esticar. Mete lá a gaja verde a olhar para o Sócrates que o Pá está-me a mandar uma SMS para irmos ter com ele àquele sítio do outro dia, comer chouriço assado...

- Ya, Man... tá-se bem...

Até compreendo a revolta de Pacheco Pereira perante tão vil e rasteira machadada na luta pela igualdade de género... Não por esta fazer sentido, mas porque que não há muito para dizer sobre os outdoors (o que é que há para dizer sobre um cartaz com um slogan e a cara de um tipo?) e, como é parvo, teve que inventar qualquer coisa parva para dizer... É a cena dele... Isso e flamingos...



* Não é pelo seu aspecto asqueroso... é apenas por gostar de o imaginar a dizer as coisas que diz vestido de duende, montado num flamingo mágico, num Mundo feito de gomas e marshmallows.


P. S. Para quem não sabe, apesar de ainda não ter publicado nada, escrevo noutro blog, que tem um registo mais sério do que este (se estão à espera de encontrar pornografia de flamingos e Pachecos Pereiras desenganem-se), e que partilho com os meus amigos e sagazes pensadores da actualidade: Freddy, Daniel e Bob. Visitem-no:

www.ydiossincrasias.blogspot.com

5 comentários:

Iris Restolho disse...

Que saudades de me rir assim!

Bem vindo de novo.

Sabes que olho para os cartazes do 1º Ministro e só penso:

"Com aquele olhar matreiro e de gozo esgaziado, ele quer enganar quem?!"

Beijo

Anónimo disse...

Quando falas de comer um flamingo, o que me vem à cabeça é *comer* um flamingo. De maneira que depois ponho-me a imaginar o PP a comer coxas de flamingo feito um alarve (e a congelar o resto, que o flamingo é caro e calórico).

Estou a estudar, mas tive de desanuviar a cabeça. "Faça uma pausa com o Corta-unhas Melancólico", à falta de um Kit-Kat...

Beijinhos*

Lu.a disse...

Tadinho do flamingo! :P

:::::::::::::::::::: disse...

Não sei porque te finges muito ocupado não escrevendo nada...

Anónimo disse...

Ok, acho que já devia ter passado por aqui há mais tempo..