quinta-feira, 25 de agosto de 2011

Facadas nas costelas dos clássicos do cinema


Imagina que és um assistente do Leonardo Da Vinci e decides desenhar uns Ray Ban na Mona Lisa enquanto o mestre dorme.

O exercício é simples e pode ser jogado por toda a família na véspera de Natal ou por casais de swingers como quebra-gelo.

Se eu fosse produtor de Hollywood o que é que poderia fazer para assassinar os maiores clássicos do cinema?

Clube de Combate - Mudava um pouco o conceito do filme. Em vez de um Clube de Combate com pretensões de se tornar um movimento paramilitar anarquista, Tyler Durden (Brad Pitt) convence o narrador sem nome (Edward Norton) a criar uma delegação local dos Caça Cigarros (ou dos escuteiros) para mudar o Mundo através de boas acções.

The Shining - Em vez dos fantasmas das gémeas, o miúdo podia cruzar-se com um dinossauro cor-de-rosa e, em vez de se tornar um assassino psicopata que quer matar a família com um machado, Jack Nicholson torna-se testemunha de Jeová.

(Ter uma testemunha de Jeová à porta pode ser bem mais enfadonho do que ter um familiar a perseguir-nos com um machado. E mais assustador. Uma pessoa que nos quer matar com um machado não fala do fim do Mundo, vai logo directa ao assunto)

Taxi Driver - O taxista Travis Bickle torna-se sócio do Benfica e passa a ter mais com que se preocupar do que a degradação moral da sociedade.

Lista de Schindler
- A banda sonora seria composta pelos Scorpions ou pelos Aerosmith (a "Final Countdown" dos Europe poderia surgir nos momentos de maior tensão). As cenas do filme poderiam ser intercaladas com momentos de stand up comedy de humoristas judeus como Woody Allen ou Seinfeld. No genérico final não faltariam os indispensáveis bloopers.

Padrinho - Para assassinar este clássico bastava escolher Steven Seagal para o papel de Vito Corleone e Rob Schneider ou Myke Tyson para o papel de Michal Corleone.

Twelve Angry Men - Em vez de uma reunião de doze jurados, o filme seria sobre uma reunião de condomínio com um único ponto na ordem de trabalhos - permitir ou não que o vizinho do 4.º esquerdo faça uma marquise.

Casablanca - Transformava este filme numa comédia romântica em que o carismático e atormentado gerente do night club Rick's (Humphrey Bogart) seria uma mistura entre o estalajadeiro René de "Allo Allo" e o apatetado Hugh Grant.

Citizen Kane - Charles Foster Kane (Orson Welles) deixava de ser um barão da comunicação social para ser um industrial da área do tratamento de resíduos e Rosebud deixava de ser um trenó e passava a ser o descapotável da Barbie.

Psycho - A mãe de Norman Bates (que está morta) tem um caso romântico com o Bernie (do "Fim de semana com o morto"). Norman Bates não suporta a pressão de ter que lidar por um lado com os caprichos homicidas da mãe e, por outro lado com o espírito boémio do padrasto (que resiste muito bem ao álcool e nunca parece cansado) e vai estudar Fisioterapia para a República Checa. Morre de coma alcoólico numa discoteca enquanto ouve Venga Boys.

Tudo Bons Rapazes - Este filme passa a ser mesmo sobre bons rapazes que bebem leite antes de ir para a cama, vão à missa todos os domingos e atravessam sempre na passadeira. Pisam um bocado o risco quando se juntam para ver o filme do Tomás Taveira, que julgavam ser um filme sobre arquitectura. Confessam-se, penitenciam-se, rezam umas Avé Marias e fica tudo bem.

(Vão aos encontros da juventude a Madrid ver o Papa, mas cedo descobrem que aquilo é badalhoquice demais para eles)

O Bom, o Mau e o Vilão - Acrescentava uma nova personagem. Passava a ser "O Bom, o Mau, o Vilão e o Decorador de Interiores". No final juntavam-se para formar uma banda tipo Village People.

Condenados de Shawshank - Acrescentaria algum realismo a este filme no que diz respeito à vida na prisão: lutas de gangs, facadas nas costas, vazamento de olhos com colheres de café, o Morgan Freeman a ser sodomizado no chuveiro por supremacistas brancos e saraus de música clássica.