terça-feira, 3 de dezembro de 2013

Utilizar a cabeça para resolver os nossos problemas económicos e não só

Um dos problemas deste Governo é a falta de criatividade nas soluções para os nossos problemas. É só cortar, cortar, cortar... O que é estúpido quando há tanto que ainda pode ser feito.

(sim, a seguir vem uma ideia genial)

Como por exemplo, dar uma dedução no IRS a todos os cidadãos que aceitassem ser patrocinados por uma grande marca. A contrapartida seria esse cidadão ter que utilizar um boné com o logotipo do seu patrocinador em público durante x tempo ao longo do ano. Toda a gente ganhava com este modelo "treinador do Paços de Ferreira em flash interviews": ganhava a marca que por 50€ por cidadão aumentava a sua visibilidade e ganhava o cidadão que pagava menos impostos.

É uma ideia sem desvantagens! Se já fizeram tanta merda porque é que não hão-de vender as nossas cabeças como outdoors publicitários? Não faltariam clientes dispostos a recorrer a esta solução como a EDP, a Coca Cola, a Casa dos Segredos, o Professor Bambo, aqueles sítios que compram ouro por dinheiro ou serviços de acompanhantes de luxo (com anúncios codificados para que só os frequentadores deste tipo de serviços os consigam perceber mas feitos de uma forma tão incompetente que toda a gente chega lá: "Mais vale acompanhado luxuosamente que só. Acompanhantes + luxo (em termos relativo). Perceberam? P.S. Temos travestis.").

Os bonés poderiam ter sensores que detectassem a presença de pessoas nas imediações, quanto maior a exposição do cidadão a outras pessoas, maior o seu valor publicitário (logo maior o seu prémio). Podíamos chegar a um ponto em que diferentes marcas batalhavam pelo privilégio de utilizar a cabeça do Sr. Manuel para colocar um dos seus bonés.

Obrigar, ou melhor, incentivar as pessoas a andarem de chapéu seria também um nobre contributo do Governo e dos patrocinadores na luta contra o cancro de pele, que é um grande flagelo.

Escusado será também referir que o aumento do uso de boné levaria a um aumento exponencial da swag dos portugueses. Para isso, as marcas teriam que oferecer às pessoas bonés todos estilosos e não aqueles foleiros tipo panamá ou chapéus de cowboy com lantejoulas (a não ser que o produto a publicitar assim o exigisse, quem paga tem sempre a última palavra). Até devíamos agradecer!

(eu pagava 50€ só pelo gozo de ver um contribuinte qualquer a andar com um boné com uma fotografia do José Cid todo nu ou a incentivar as pessoas à leitura da obra de Gilles Lipovetsky)

terça-feira, 10 de setembro de 2013

Análise aprofundada ao vídeo de apresentação da candidatura do candidato do PTP à Câmara de Vila Nova de Gaia



Depois de analisar devidamente o famoso vídeo do candidato que se assume como a cara do mau trato aos idosos, concluo o seguinte:

- O Horácio é o gajo com mais cabeça no meio disto tudo. Está com cara de quem está a pensar no sabor amargo do fino que aceitou para participar nesta história;

- O Director de campanha tem de mostrar urgentemente ao seu candidato a definição da palavra especular no dicionário;

- Quando o candidato se refere aos "indíviduos que fazem do ser humano um palhaço" a quem é que ele se está a referir exactamente? Maquilhadores? Fabricantes de narizes vermelhos? Fica a dúvida...

- O amigo de confiança que está do lado esquerdo do candidato é o verdadeiro cérebro da campanha e está a manipular o candidato através de telepatia. O seu objectivo é derrubá-lo para, assim, ascender a cabeça de lista do PTP na candidatura à Câmara de Gaia. A única razão pela qual os restantes elementos da lista não compareceram tem a ver apenas com o facto de ele os ter sequestrado e enfiado na garagem para dar a imagem pública de que o outro é um líder fraco. Os génios do mal estão onde menos se espera;

- É difícil perceber se o líder do Partido faltou porque não tinha camisola ou porque está no tribunal. Deve ser um teaser para acompanhar o resto da campanha;

- Este vídeo vai tornar-se histórico no momento em que o "carequinha" se tornar no melhor primeiro-ministro da história de Portugal, infelizmente vamos ter que esperar mais 15 anos pela ascensão daquele que virá a ficar conhecido como "Chosen One" (numa altura em que apenas um puto de 15 anos será a única pessoa disponível para liderar Portugal). Vai continuar a aparecer em público ao colo do pai;

- Um dos motivos pelos quais o Horácio não está contente (mal sabia ele que isto ia tornar-se viral) é por lhe terem gastado um tinteiro a imprimir o cartaz que está colado na mesa;

- A filha do candidato está um bocado preocupada com a possibilidade de o pai fazer figuras tristes, mas no final do vídeo já está um bocado mais aliviada porque até acabou por correr bem... Pelo menos não bateu em ninguém...;

- Sabendo de antemão as audiências que iriam ter, todos os órgãos de comunicação social do país estavam ansiosos por cobrir o evento (a RTP já tinha destacado os pesos pesados Malato e José Rodrigues dos Santos para estarem presentes) mas o "amigo de confiança" mandou-os para o sítio errado, antecipando que o seu colega, por causa do orgulho iria, iria a partir daí, rejeitar qualquer contacto com a comunicação social ("Quem precisa da televisão? Há outras maneiras mais eficientes de chegar às pessoas!")... De uma maneira estranha, os acontecimentos subsequentes acabaram por lhe dar razão;

- É pena que este vídeo seja verdadeiro e não um teaser para uma comédia política, uma mistura de "The thick of it", "Homens do Presidente" e "Camilo & Filho".

sexta-feira, 23 de agosto de 2013

Ideia empreendedora n.º 327

Depois da falência d'"A Vida é Bela" podiam criar uma nova marca um bocado mais realista chamada "A Vida às vezes é uma merda". Podiam continuar a vender vouchers mas com uma diferença, as pessoas não saberiam o que estava dentro da caixa.

A ideia era, de uma forma aleatória, oferecer experiências negativas (que nos tornam mais fortes e melhores seres humanos) e experiências positivas (que supostamente nos tornam pessoas mais felizes). Podíamos ter a sorte de nos calhar um jantar no melhor restaurante da região centro (o menu mais barato, feito à medida para quem traz vouchers) ou uma noite num hotel fantástico onde somos olhados de lado pelo gerente por saberem que a empresa de vouchers lhes vai ficar a dever o dinheiro que adiantámos ou ter o azar de ter que passar um dia a trabalhar numa lixeira, ser escarrado na cara por uma celebridade, ter que fazer um discurso sem roupa perante uma audiência de milhares de pessoas, passar um ano numa prisão do Botswana ou ser o porco num jogo real de Angry Birds (é curioso mas tenho muito mais ideias para experiências negativas do que positivas).

O filme "O Jogo" de David Fincher seria um filme quase tão mau como o filme que deu o nome aos vouchers se a personagem do Michael Douglas tivesse recebido um voucher d'"A Vida é Bela" (basicamente seria um filme em que acompanhávamos a ida de Michael Douglas a um spa). Mas um filme sobre alguém que recebe um voucher d'"A Vida às vezes é uma merda" até podia ser interessante. Fica a ideia para quem quiser pegar nela...

Quem fizer like na página deste blog recebe um caderno de vouchers do McDonald's. Quem não fizer like também é capaz de receber, esses cadernos de vouchers andam por todo o lado. Nunca utilizei nenhum...

segunda-feira, 19 de agosto de 2013

Primeiro o Hitler fez o que fez, depois Judite de Sousa entrevistou Lorenzo Carvalho...

Pior do que a polémica à volta da entrevista de Judite de Sousa a Lorenzo Carvalho é o facto de eu ter visto uma entrevista do Lorenzo Carvalho.

Felizmente ainda consegui aprender alguma coisa com esta experiência. Percebi que não é obrigatório que todos os meninos ricos sejam betos. E já não é mau quando nos fazem questionar os nossos preconceitos...

Sempre achei que o ser beto era uma farda que distribuíam às pessoas que atingissem determinado estatuto económico. E que havia uma cerimónia em que alguém dizia algo do género: "Querido, agora pertences ao nosso exército. Pega lá esta farda da Gant e 90 euros para ires tratar desse cabelo". Mas afinal os ricos podem ser mesmo o que quiserem. Nunca pensei...

sábado, 17 de agosto de 2013

Ser um lavajão: A Arte De Comer Em Restaurantes Com Comida à Discrição

Comer num restaurante com comida à discrição é sempre uma batalha entre nós e o restaurante. Só um de nós vai ganhar e a intensidade da vitória ou derrota é medida pela diferença entre aquilo que pagamos e os custos do restaurante connosco. Quanto maior o lucro do restaurante, maior a nossa derrota, quanto maior o prejuízo, maior a nossa vitória. No fundo, trata-se de garantir que os gajos não se ficam a rir de nós.

Tendo em conta que muitos destes restaurantes ainda são negócios viáveis, eles estão-nos a ganhar esta guerra. Atenção que o nosso objectivo não é levá-los à falência, existirão sempre pessoas de fraco carácter a garantir as suas margens de lucro, o que queremos é ganhar o respeito deles de maneira a que, no dia em que lá voltamos, conseguirmos entrever na expressão dos empregados aquilo que eles pensam de nós: "Lá vem este animal outra vez". E isto vindo de quem já viu de tudo é o maior dos orgulhos e o desafio de uma vida. Deixo por isso algumas técnicas para aproveitar ao máximo a vossa experiência nestes estabelecimentos e garantir o respeito no Mundo dos farta brutos.


Técnica 1: Evitar intervalos, comer o mais rapidamente possível.

Quando estamos a ficar cheios o estômago envia sinais ao cérebro para o informar que é escusado continuar a emborcar, porque já está satisfeito. E quando chegamos a este ponto é mesmo difícil continuarmos a emborcar. Mas estar satisfeito não é ganhar a guerra (uma pessoa pode ficar satisfeita com uma saladinha)! O nosso objectivo deve ser comer o nosso próprio peso em comida. E se queremos chegar a este ponto temos que derrotar o nosso sistema nervoso. Temos de enganar o cérebro e comer o mais rapidamente possível, para quando lhe chegar a informação do nosso estômago este já estar próximo do rebentamento. Assim já podemos desapertar o cinto com o sentimento do dever cumprido.

Nada de intervalos de 10 minutos entre cada prato, não estamos lá para passar tempo. Nada de saborear, não estamos lá para desfrutar de boa comida. O nosso objectivo é claro e não nos podemos desviar nem um milímetro. Se a padeira de Aljubarrota tivesse parado para apreciar cada uma das pazadas que mandou aos espanhóis a esta hora estava a escrever isto em castelhano.


Técnica 2: Gestão dos líquidos.

As bebidas são um bem essencial, pois são o lubrificante que nos permite empurrar o máximo de comida para dentro de nós. Podemos fazer tudo bem e cumprir todas as regras para a vitória, mas uma falha de hidratação pode ser a morte do artista. Tentar fazer passar tanta comida por uma traqueia seca é como querer andar de Ferrari no deserto. Não funciona.

E os restaurante percebem isto e usam a nossa necessidade de líquidos contra nós: inflacionam o preço das bebidas (estou convencido que é aí que vão buscar o lucro) e enchem a comida de sal (uma vez num restaurante brasileiro comi 300 g de sal com um bocado de picanha).

Como contornar este obstáculo?

Pedir só uma bebida: Se pedirmos uma segunda bebida, perdemos a batalha. A casa fica com lucro garantido e nada do que comamos a seguir compensará este acréscimo nos nossos custos com aquela refeição.

Gerir a bebida: Beber apenas pequenos goles em pontos chave da refeição e nada de bebidas naturais! Com a secura que vamos sentir, é mais fácil manter o controlo se pedirmos bebidas frescas.

Recorrer à água da torneira da casa de banho: A maior parte dos restaurantes ainda têm casa de banho e não cobram nada pela água utilizada. É uma fonte de hidratação teoricamente infinita e que muitas vezes é ignorada. Recomendo no entanto que esta técnica seja utilizada apenas em último recurso. A imagem de alguém a beber água directamente da torneira da casa de banho de um restaurante é deprimente. Além disso, pode ser considerado jogo sujo, o que tira algum brilho à nossa vitória. Mas uma guerra nunca é limpa e nem sempre nos orgulhamos de tudo o que fazemos em função do objectivo maior, que é a vitória, sempre. Para quem tem pruridos morais, pode sempre encarar o recurso à água da torneira da casa de banho como uma resposta justa ao excesso de sal que eles colocam na comida. Se o inimigo usa uma bomba atómica, nós usamos uma bomba atómica.



Técnica 3: Companhia

A arte de comer à discrição em restaurantes é um jogo para lobos solitários. Mas acontece muitas vezes irmos a restaurantes acompanhados. E se formos acompanhados o restaurante vai olhar para nós como uma equipa, mesmo que se peça a conta em separado. Ou seja, se nós nos esforçarmos e conseguirmos dar prejuízo à casa mas a nossa companhia comer menos que um pisco, o restaurante vai fazer um balanço da média daquilo que ganhou na nossa mesa, o que pode levar a que estejamos injustamente associados a um resultado medíocre. Numa "equipa" a média é que conta, não a performance individual. Ou seja, se vamos acompanhados, devemos ir acompanhados por alguém que seja tão ou mais glutão do que nós.

(Julgo que é desnecessário apontar para um facto evidente: não levem mulheres a estes restaurantes! Não só elas, regra geral, comem pouco (os empregados destes restaurantes esfregam as mãos quando vêm uma mulher a entrar) como se têm algum interesse romântico pode não ser boa ideia mostrar-lhes o nível de badalhoquice que vocês provocam quando vos disponibilizam comida à discrição. Talvez num ponto mais avançado da relação (e bastante depois de utilizarem a casa-de-banho com a porta aberta). Levem-nas a restaurantes franceses ou assim. Se vão comer a sério, deixem as mulheres em casa).


Técnica 4: Hidratos de carbono

Nestes sítios tentam sempre encher-nos de hidratos de carbono. É uma forma barata de nos deixarem enfartados. Por muita fome que tenham, tentem comer o menos possível de arroz, batatas fritas ou feijão. Guardem-se para a chicha. E guardem-se também para o fim. Em restaurantes brasileiros eles tentam começar por nos encher com iguarias menores tipo salsichas e coxas de frango para não termos fome quando chega o El Dorado que é a maminha e a picanha. Não se deixem apoquentar perante os mind games dos empregados quando vocês rejeitam uma salsicha. 

"Não quer mais? Já está cheio, é?"

Quem ri por último é quem ri melhor e não imaginam a sensação fantástica de contemplar todo o gozo a desaparecer daquelas caras quando vos vêem a comer picanha. É essa a beleza deste jogo! A humilhação do adversário.

Técnica 5: Jejum

Esta é demasiado óbvia mas não podia deixá-la de fora deste guia. Enfardar comida é um desporto que não precisa de aquecimento. Tentem não comer nada nas 12 horas que antecedem a vossa ida a um restaurante destes, só assim se vão conseguir transformar num buraco negro capaz de sugar toda a comida que está num raio de 3 metros. E assim, garanto-vos, podem ganhar a guerra.


Ser ou não ser foda

Agora há detectores de metais à entrada de algumas discotecas, o que quer dizer que não podemos entrar com armas... Enfim, não sei como é que as pessoas se divertem hoje em dia, estar desarmado numa discoteca é uma seca.

Mas faz sentido, acho eu... Percebi isso quando começou a dar a música "Sou foda" da dupla sertaneja Munhoz e Mariano e ao meter a mão no bolso lembrei-me que não tinha nenhum objecto com o qual pudesse mandar um tiro na cabeça. Sobrevivi, embora tenha que viver para sempre com as consequências desta violação ao meu aparelho auditivo por este hino à imbecilidade auto-elogiosa, cantado por uma besta que está ali naquela fronteira ténue entre o parvalhão excessivamente excitado e o predador sexual.

Algo me diz que um gajo que se diz foda com tanto entusiasmo está a tentar-se convencer a si próprio. 

"Sou foda, a sério. Sou mesmo foda, não se vê? Até uso um chapéu de cowboy e faço movimentos pélvicos no ar em frente de milhares de pessoas. O que é que se diz de uma pessoa como eu?"

"Pronto, és foda. Não chores."


 

quarta-feira, 7 de agosto de 2013

A arte de escolher melões: Uma farsa coreografada

Gosto de ver as pessoas a escolherem melões no supermercado. Aparentemente estão numa demanda pelo melão perfeito. Mas, no fundo, o que eu acho é que querem transmitir às pessoas que estão atrás deles na fila (sim, já apanhei fila em frente aos caixotes dos melões) que por mais que procurem não vão encontrar o melhor melão daquele conjunto de melões. Na melhor das hipóteses conseguem levar para casa o segundo melhor.

Também conseguem fazer com que pessoas como eu se sintam culpadas por escolherem o primeiro melão que lhes aparece à frente. Já dei por mim a apalpar melões só para não ser ridicularizado pelo meu estatuto de leigo na arte da selecção de melões. Faço um ar entendido, apalpo uns melões, abano-os um bocadinho, dou-lhes uma pancadinha e encosto-os ao ouvido. Não sei exactamente o que espero ouvir de dentro de um melão. Suponho que se ouvisse um bebé a chorar, um guitarrista virtuoso, o mar ou música techno poderia ignorar esse melão. Apesar de tudo, procurar o melão menos barulhento é sempre uma boa regra na escolha de melões. Isto é um facto e faz com que "ouvir o melão" seja a parte mais coerente do meu procedimento. Ninguém quer melões barulhentos! É um melão que estamos a escolher, não um fogo de artifício! Depois deste procedimento inventado escolho o terceiro melão que apalpo/ouço.

Por mais respeito que tenha pelos seleccionadores de melões, acho que 98% deles são uma fraude como eu. Não querem ficar mal e entram nessa missão estúpida de apalpar o máximo de melões possível antes de escolherem o felizardo que vão comer à sobremesa. Os restantes 2%, que têm mesmo o dom de ao apalpar um melão saberem o que se passa lá dentro, comem sempre melões deliciosos mas acabam por ser confundidos com aldrabões como eu.

O lado negativo desta farsa é que estou convencido de que a principal causa para a existência de melões maus é o facto de eles estarem sempre a ser apalpados. Aquilo não pode fazer bem à fruta. Não é só a palpação (que, por si só, é uma espécie de assédio), é o sentimento de rejeição.

"Tu apalpaste-me, deste-me a entender que tínhamos uma relação especial e trocaste-me por outro!"

Já comi alguns destes melões depressivos e, apesar de serem gratos por os termos escolhido, têm um lado negro e uma bagagem que é difícil de digerir. E ai de quem diga a uma fatia de presunto que a vamos emparelhar com um melão destes:

"Tenho os meus próprios problemas! Não estou para aturar os dos outros!"

Daí que acho que era boa ideia começarem a propagar o mito de que é possível apanhar uma doença grave através do toque em melões desconhecidos. Estou farto de apalpar melões só para não ficar mal perante todos esses especialistas em fruta que andam pelos supermercados. Gostava de os ver a terem que pôr preservativos nas mãos antes de apalparem um melão.


Se fizerem like nesta página ganham o poder de comunicar com morangos através de telepatia. É um poder que apesar de impressionar não tem grande utilidade prática. Os morangos são comunicativos mas não são muito interessantes, disfarçam a sua superficialidade com uma presunção extremamente irritante e com um cinismo e ironia forçados. Os morangos são hipsters. No outro dia houve um que me disse que tinha deixado de gostar dos Arcade Fire quando ouviu uma banana a cantarolar uma música deles. Que palhaço! Tive de o comer só para o calar e nem me apetecia morango. Ao falar com morangos percebemos que eles têm uma espécie de consciência, mas não deixam de ser fruta e a fruta faz bem à saúde.

quinta-feira, 1 de agosto de 2013

O trabalho é alegria

Congratulo-me por esta decisão do Tribunal da Relação do Porto que impediu uma empresa de gestão de resíduos de despedir um trabalhador que estava a trabalhar alcoolizado.

Sempre defendi que o álcool melhora o desempenho das pessoas. Aliás, não deixo um cirurgião tocar em mim sem antes ter bebido cinco shots de tequilla. Uma vez fui operado por um cirurgião sóbrio e fiquei sem apêndice. Não volto a cair nessa. Com cirurgiões bêbados ficamos sempre a ganhar. Como daquela vez em que fui operado às amígdalas e saí de lá com uns implantes mamários (que ainda tenho porque quando fui reclamar o médico estava a ter uma overdose de heroína). Não podemos também esquecer que cerca de 95% dos acidentes de aviação acontecem enquanto os pilotos estão sóbrios. As vidas que se perderam graças a esta obsessão pela sobriedade já mereciam um monumento...

E a felicidade no trabalho é uma coisa muito importante. Se quando vamos a caminho do trabalho não nos sentirmos como se fôssemos para uma noite de copos alguma coisa está a falhar.

Além disso, toda a gente sabe que é quando estamos bêbados que mais dizemos a verdade. O álcool torna-nos menos dissimulados e hipócritas, por isso ao incentivar o consumo de álcool durante o trabalho estamos a contribuir para um ambiente de trabalho mais sincero e genuíno. Ficamos sempre a ganhar!

terça-feira, 30 de julho de 2013

A regurgitação como a arma da Natureza na batalha contra o Homem racional pelo bem do próprio Homem racional (que normalmente é um idiota)

Ontem à noite vi várias pessoas a vomitar na rua. O que é um espectáculo bonito para quem aprecia o melhor que a natureza tem para nos oferecer. Não por causa da comparação nojenta que se pode fazer entre este fenómeno e uma cascata (só que de cor baça, com bocadinhos de chouriço e a nascer a partir do estômago de um ser humano) mas porque aquele é o momento em que a natureza toma conta da situação, dá um murro na mesa e prova definitivamente que, por mais racionais que achamos que somos, ela terá sempre mais juízo do que nós. Nas palavras da Mãe Natureza:

"Eu avisei-te várias vezes mas tu ignoraste-me e continuaste a beber. E eu tive de intervir, fazendo-te vomitar sushi meio digerido e whisky nos sapatos de vela novos, na camisa da Gant e na rapariga que esperavas levar para casa hoje. A propósito, ela não é tão bonita como pensavas. De nada! Peço por isso muita desculpa pelo incómodo de te ter salvado a vida. E também de uma manhã embaraçosa com essa sósia do Júlio Isidro sobre a qual acabaste de vomitar."

É verdade, a natureza, para além de ter uma atitude extremamente passivo-agressiva ("desculpa por te salvar a vida, palhaço!"), é um mecanismo de segurança perante a nossa estupidez. Salva-nos de nós próprios quando atingimos o limite. E é por isso que é um espectáculo bonito. É como se tivéssemos dentro de nós um "alerta de estupidez" que nos tira o controlo e faz entrar em acção quem realmente percebe do assunto. E como é uma ajuda que não é propriamente agradável e que, ainda por cima, tem uma componente de humilhação social, é ainda mais eficaz. É um salvamento com castigo incluído.

"O contrato é este: eu salvo-te a vida, mas também não te ficas a rir".

É claro que voltamos a errar e a errar num eterno retorno que demonstra que nem com as mensagens mais óbvias conseguimos aprender. Mas o corpo humano está sempre lá para nos salvar quando bebemos. A não ser que decidamos conduzir ou trepar a um andaime ou agredir um cinturão negro de jiu jitsu. A nossa evolução ainda não conseguiu acompanhar a nossa crescente capacidade de inventar novos tipos de risco para nós próprios.

Outra coisa engraçada é que ao lado de alguém que está a vomitar está sempre outra pessoa a apoiar. E esse apoio consiste, normalmente, em acariciar as costas do regurgitador (chamemos-lhe "o idiota") como se estivesse a afagar o lombo de um cavalo ("way to go, boy!"). É uma ajuda bem intencionada mas irrelevante, na medida em que quem está a vomitar não vai estar propriamente a sentir-se reconfortado com essa pequena carícia. Parecendo que não, quando temos o Mundo a sair-nos pela boca é difícil apreciar o calor humano de uma carícia nas costas. Por isso, esta carícia só tem um objectivo que é dar à pessoa que está a "ajudar" a ilusão de que pode fazer alguma coisa pelo seu amigo irresponsável e idiota. Mas na verdade, não pode fazer nada, a natureza já se encarregou do assunto, fazendo o melhor que podia fazer que é expulsar tudo aquilo que o idiota ingeriu a mais de dentro do seu corpo sob a forma de cascata. No fundo, salvando-lhe a vida e garantindo que vai estar lá sempre que ele passar o limite. E isso é bonito! E nojento...

Se fizeres like na minha página do facebook sempre que vomitares vais ser acariciado(a) nas costas por um elemento dos Excesso à tua escolha. 

segunda-feira, 29 de julho de 2013

Fintar o Big Brother

O que é que faz qualquer pessoa razoável que queira proteger a sua privacidade?

Cria um perfil no facebook.

E a seguir?

Declara abaixo assinado no seu mural que quer proteger a sua privacidade.

Assunto resolvido! Poderá continuar a sua vida anónima longe das malhas do Big Brother como se estivesse no século XVII.

Parece estúpido? Se calhar não... É que declarar abaixo assinado no mural do facebook que se pretende proteger a privacidade pode ser, afinal, uma boa maneira de se proteger a privacidade. Ao fazê-lo, a NSA vai perceber imediatamente que essa pessoa não tem competência para planear umas férias em Palma de Maiorca, quanto mais um atentado terrorista, e, automaticamente, ignora-a (os algoritmos têm de ter um filtro que deixam essas pessoas automaticamente de fora... se não tiverem fica aqui a ideia). Pode continuar a fazer o que bem entender sem ninguém a chatear e talvez um dia consiga aparecer na capa da Rolling Stone.

sexta-feira, 26 de julho de 2013

Nasceu um bebé

O futuro rei de Inglaterra nasceu esta semana. Estava com um bocado de receio mas já dá para ver que é uma pessoa espectacular. Vai ser um excelente rei! Pelo menos tem tudo aquilo que se exige para ser rei que é ter nascido. Nem imagino o orgulho destes pais, em tempos tão difíceis nascer já com um emprego é uma grande segurança*.

Tudo é melhor quando há meritocracia e as pessoas são recompensadas pelo seu esforço. É bom saber que se lutarmos muito podemos vir a ser o primogénito de um monarca qualquer. Sigam os vossos sonhos que mais cedo ou mais tarde eles vão concretizar-se.




*Se bem que como as coisas estão ainda vamos ver reis a passarem recibos verdes... Quem é que contrata um monarca hoje em dia? São caros e não trazem grande valor acrescentado. Eu sei do que falo, contratei um marajá para me passar alguma roupa a ferro e o tipo gastava 80% do que ganhava a sustentar o harém. Ainda por cima vinha de elefante para o trabalho! Deixou-me o piso da entrada todo escaqueirado. Felizmente nunca o deixei meter o elefante dentro de casa (a minha colecção de saladeiras da Vista Alegre agradece). Quando ele se foi embora, tive que contratar um faraó para me arranjar aquilo. Esses fazem sempre um bom trabalho. Arranjaram o que lhes pedi e ainda me construíram uma pirâmide no jardim. Em termos de relação qualidade-preço não há melhor, foi o melhor orçamento que me apresentaram. O facto de recorrerem a escravos pode entrar em choque com a nossa mentalidade sensivelzinha do Ocidente mas torna-os bastante competitivos. Na hora de pagar a factura damos graças a Deus pela existência do chicote...

Se queres uma esfinge com a cara do Cristiano Ronaldo no jardim faz like

sábado, 20 de julho de 2013

Ontem atropelei um saco de plástico

Às vezes quando vou a conduzir apanho pequenos sustos porque confundo sacos de plástico a esvoaçar pela estrada com animais. É normal a confusão, animais e sacos de plástico são muito parecidos. Um dia levei um saco do Continente para casa e só me apercebi que afinal não era um cão abandonado quando lhe pus água e comida à frente.

segunda-feira, 8 de julho de 2013

Da comunicação facilitada

Ontem, um senhor veio ter comigo e começou por dizer:

- Isto não é um assalto.

Aqui está uma maneira bem interessante de facilitar a comunicação entre as pessoas. Só ficamos a ganhar quando uma interacção é precedida pela enumeração de tudo aquilo que ela não é.

- Isto não é um homicídio, isto não é uma violação, isto não é um número de malabarismo, isto não é um cachimbo, isto não é o Abel Xavier, isto não é uma leitura d'"Os Lusíadas", isto não é um elfo a jogar raquetes com um anão, isto não é o Cavaco a fazer stand up comedy...

- Então o que é?

- Não me lembro... Ah! É um inquérito que tenho que fazer que, na prática, é uma maneira mais chata de pedir dinheiro...

Se enumerarmos tudo aquilo que uma interacção não vai ser talvez o nosso interlocutor consiga descobrir o que ela é por exclusão de partes. E isso é a regra número um de uma boa comunicação: Não há melhor introdução para um assunto do que uma enumeração exaustiva de tudo o que não está relacionado com ele.

É um bom princípio quando aplicado à actividade de guias turísticos, por exemplo.

- Estamos aqui em frente de uma coisa que não é um urinol, não é um chimpanzé do sexo feminino, não é um chimpanzé do sexo masculino, não é um quadro do Picasso, não é a Torre Eiffel, não é uma Bimby, não é um serial killer, não é uma pega de forcados, não é um electricista, não é o fim do arco-íris, não é a espada do Conan o Bárbaro, não é uma sandes de salmão fumado...

(passados 3 milhões de anos)

...e, finalmente, não é um novo paradigma... Penso que já vos dei informações suficientes para saberem o que é isto...

- Das duas uma, ou é o mosteiro dos Jerónimos ou é o pé esquerdo do Júlio Isidro.

- Tem toda a razão! Esqueci-me de mencionar o pé esquerdo do Júlio Isidro. Não é o pé esquerdo do Júlio Isidro.

- É o mosteiro dos Jerónimos, então...

- Muito bem! O mosteiro dos Jerónimos não foi desenhado pelo Pato Donald, por um televisor da marca Samsung, por um bandolim, pelo vírus da gripe, por mim...

domingo, 7 de julho de 2013

Como encontrar sítios onde se possa vender ouro sem ofender os unicórnios nazis

Onde é que uma pessoa pode vender o seu ouro hoje em dia? Não sei o que é que se passa mas parece que é mais fácil encontrar o Yeti a cavalgar um unicórnio a perseguir uma Harley Davidson conduzida pelo menino Jesus do que um estabelecimento onde se possa vender ouro.

(Será correcto usar o verbo "cavalgar" quando o objecto da acção é um unicórnio? É que não quero ser perfurado pelo corno de um unicórnio ofendido por o associar a um cavalo. Eu sei que a maior parte dos unicórnios não se importa e até é bastante tolerante, mas há sempre aqueles fascistas do Orgulho Unicórnio que advogam a superioridade dos unicórnios em relação a outros equídeos e defendem a pureza do sangue e andam pelas ruas a agredir cavalos, unicórnios que têm relação com cavalos e unicórnios homossexuais e fazem comícios e rapam as crinas e fazem tatuagens alusivas à sua ideologia. Depois de tudo o que passei com minotauros talibans e cíclopes nacionalistas bascos, a última coisa que quero é confusões com unicórnios nazis.)

sábado, 6 de julho de 2013

Racional fatal


Alfredo era uma pessoa ponderada e sensata, que não dava um passo sem pensar duas vezes. Morreu enquanto reflectia nas diversas implicações, nuances, sentidos e interpretações da última frase que lhe foi dirigida: "Sai da frente do comboio, estúpido!".

quinta-feira, 4 de julho de 2013

Dissolver coisas

Canibal Cavaco Silva (Ah! Ah! Ah! Um trocadilho...)
O Presidente da República pode dissolver a Assembleia da República mas como é que se dissolve um Presidente da República? Num bidão de ácido sulfúrico?

A última pessoa a dar o benefício da dúvida a Passos Coelho para além de Cavaco

"E eu que achava que o Passos Coelho era o gajo que ia levar isto para a frente. É que olhava para ele e via o filho biológico português do Roosevelt, do Churchill, do Nelson Mandela, de um dragão e do Wolverine se fosse possível 3 líderes carismáticos, uma criatura mitológica e um super-herói terem um filho em conjunto.

E ainda bem que não é possível, nem quero imaginar uma noite de amor entre estas 5 personagens. Enfim, quanto maiores as expectativas maiores as desilusões."

quarta-feira, 3 de julho de 2013

A sinceridade pode destruir o Mundo

 - Então? O que é que achas dos meus quadros?
- Sabes que não sou capaz de te mentir por isso tenho que ser muito sincero, detestei...
- OK!
- Não me leves a mal...
- Não, não, na boa... É a tua opinião...
- ...mas a pintura não é a tua cena, Hitler. Acho que deves arranjar outra maneira de expressar os sentimentos que tens aí dentro...
- Vou pensar nisso... Obrigado pela tua sinceridade!

(Diga-se o que se disser o Hitler conseguia encaixar críticas)

Quem gostar da minha página no Facebook habilita-se a poder tatuar um dos quadros do Hitler nas costas.

terça-feira, 2 de julho de 2013

Smile, Big Brother is watching you

A frase "Sorria, está a ser filmado" pressupõe que nos devamos sentir gratos? Porquê sorrir? É suposto sentirmos o síndrome do emplastro sempre que estamos a ser filmados? Há algum tipo de alegria primária por detrás da ideia de que a nossa actividade está a ser monitorizada? Estarmos a ser filmados dá um propósito à nossa existência? É para nos enganarem, fazendo-nos pensar que estamos a ser filmados porque merecemos e não para nos apanharem se nos lembrarmos de roubar alguma coisa ou, no caso de sermos uma gaja boa, para melhorar um bocadinho a vida monótona dos seguranças que controlam estas coisas? Como é que eles sabem se estamos a sorrir ou não se a qualidade da imagem da maior parte das câmaras de segurança está ao nível da de uma ecografia das antigas? Será uma espécie de casting? Devemos esperar um telefonema de alguém importante a oferecer-nos trabalho pelo nosso desempenho?

("Vi umas imagens suas numa bomba de gasolina e achei que era perfeito para desempenhar o papel de Mussolini. Você é a imagem perfeita de ditador egocêntrico que dá vontade de desmembrar. A semelhança é tão incrível que tem muita sorte por até agora ninguém o ter desmembrado e espalhado por várias partes de Itália! Estamos também a fazer um filme sobre gente estúpida, feia, com ar esquisito, daquelas que só de olhar já dá vómitos e que sugam a alegria de viver a todos os que estão à sua volta. Talvez tenhamos um papel para si")

Porque não utilizar a frase "roube qualquer coisa, está a ser filmado e precisamos de justificar o investimento num sistema de segurança" ou "faça qualquer coisa parva, está ser filmado e não há vídeos suficientes de gente a fazer coisas parvas no youtube" ou "está a ser filmado"?

Se gostarem da minha página no facebook habilitam-se a ir ver o Big Brother ao vivo.

segunda-feira, 1 de julho de 2013

Medo do compromisso

"Sempre tive dificuldade em assumir compromissos. São uma prisão e eu sou e sempre serei um homem livre. O lugar de um leão é na selva, a comer os antílopes que lhe apetece, a rosnar alto e a abanar a juba ao vento para impressionar leoas. Para quê fazer a escolha voluntária de ir para um circo levar chicotadas de um domador qualquer quando se pode ser o rei da Selva? A mim não me apanham no circo!" pensava ele enquanto escolhia qual a melhor gravata para usar no jantar com os pais da sua amiga colorida.

segunda-feira, 10 de junho de 2013

Pedir perdão

Em que altura é que se deu a decadência da palavra perdão? Começou por ser uma palavra utilizada para, de forma nobre, emendar erros cometidos e procurar a redenção aos olhos de alguém para ser apenas utilizada quando se dão arrotos...

Até assassinos pedem perdão por arrotarem como se fosse o seu acto mais abjecto.

Quando é que pedir perdão passou a dizer respeito exclusivamente a arrotos? Terá sido o programa da SIC "Perdoa-me" a destruir a palavra perdão para toda a gente? Foi nessa altura que os portugueses perceberam a mensagem? "Depois desta porcaria, só vou pedir perdão depois de arrotar!".

Não sei. Mas depois de arruinarem o "perdão" temo pelo "por favor" e pelo "com todo o respeito". É que apesar de continuarem a ser utilizadas nos seus contextos originais, tenho ouvido coisas tão perturbadoras como "Queres fazer o favor de te pôr a andar antes que te arrebente o focinho?" ou "Com todo o respeito, és um grandessíssimo filho da puta". 

É a evolução.

sexta-feira, 7 de junho de 2013

Conversa sobre super-poderes

- Se pudesses ter um super-poder, qual é que escolhias?

- Escolhia o poder de com um simples estalar de dedos engravidar todas as mulheres do Mundo ao mesmo tempo. E ter a memória de fazer amor com todas elas. Embora isso não acontecesse na prática…

- No fundo, escolhias o poder de violar em massa todas as mulheres do Mundo… E como seria o teu fato de Super Tarado?

- Estás a fazer uma interpretação maliciosa… Basicamente teria o poder de fazer a todas as mulheres do Mundo aquilo que Deus fez à Virgem Maria. Se não há nada mais bonito do que o nascimento de uma criança, imagina o nascimento de centenas de milhões delas? Existe poder mais altruísta do que este? Os poderes de voar, da invisibilidade, de visão raios-x são poderes egoístas, no sentido em que servem para pouco mais do que dar uma sensação de superioridade ao seu portador. O meu super-poder seria uma dádiva de milhões de pessoas a toda a Humanidade. Um novo futuro.

- Belo presente! A Humanidade ficaria muito agradecida por esse babyboom de irmãos. Toda uma nova geração que para poder procriar terá que recorrer ao incesto… A questão da consanguinidade não te preocupa? Não te perturba a ideia de os teus milhões de filhos, com os quais não tens qualquer vínculo emocional, andarem a cometer incesto entre si? E depois há questões práticas. O que é que acontecia às mulheres que já estivessem grávidas? O teu bebé comia o anterior ou conviviam juntos no mesmo útero? E as mulheres comprometidas? Gostavas que algum "super-herói" fizesse isso à tua namorada?

- São boas questões… Se calhar escolhia outro poder. O poder de impedir que houvesse algum super-herói que engravidasse todas as mulheres do Mundo ao mesmo tempo. Se isso alguma vez acontecesse teria o poder de provocar um aborto global.

- És uma pessoa sensata.

- E tu? Que super-poder escolhias?

- O poder de falar com animais.

- Como o Dr. Doolittle?

- Sim.

- Porquê?

- Porque gosto de animais e gostava de poder falar com eles, saber a sua opinião, debater e assim criar um Mundo melhor…

- Sabes que os animais não são personagens de um filme da Disney. Têm uma estrutura cognitiva diferente da nossa. Provavelmente não conseguirias debater o o conflito israelo-palestiniano com um tigre. Enquanto expunhas a tua opinião ele iria simplesmente estar a pensar na sua próxima refeição. Que neste caso seria muito provavelmente o humano que está a discorrer sobre as implicações da existência do Estado de Israel. Pode parecer estranho, mas o instinto da maior parte dos animais é ignorar questões centrais de geopolítica. O teu poder só faria sentido se, paralelamente, fosse atribuída a todos os animais uma inteligência semelhante à nossa. O que iria provocar um enorme desequilíbrio na natureza. Já imaginaste se todas as formigas do planeta, que devem ser aos triliões, tivessem as mesmas aspirações e colocassem as mesmas questões existenciais que os seres humanos? E o que isso implicava ao nível do ecossistema? Seria insustentável! Nem quero imaginar um Mundo em que as formigas quisessem ter iPads, estudar cinema ou tirar selfies a toda a hora. O instagram crashava todos os dias! Já pensaste nisso?!

- Tens razão. Tenho uma visão infantil dos animais. Não somos grande coisa a escolher super-poderes…

- Pois não. Se voltasses atrás no tempo e adoptasses um cão abandonado e, depois de te afeiçoares ao animal, descobrias que ele iria transformar-se numa pessoa e que essa pessoa era o Hitler o que é que fazias?

- Excelente pergunta!

Se gostarem da minha página no facebook podem ganhar uns óculos iguais aos do Clark Kent (só que com um nariz e um bigode acoplados porque só o Super Homem tem o poder de ficar irreconhecível de óculos).

quarta-feira, 5 de junho de 2013

Crítica cinematográfica sobre uma coisa que não é bem um filme



O melhor que se pode dizer de Ressaca - Parte 2 é que o actor com melhor desempenho é um macaco, curiosamente o mesmo tipo de animal que os autores do filme parecem considerar que é o seu público alvo. Assim é fácil, um macaco tem sempre piada. Ponham um macaco n'"A Lista de Schindler" e até aí o bicho tem piada (felizmente o Spielberg resistiu à tentação). Mas é muito pouco para salvar um filme. Se há coisa que detesto mais do que um mau filme (e eu até sou capaz de gostar de maus filmes) é um filme que para além de ser mau, tenta fazer de mim estúpido. A premissa "Vamos fazer exactamente o mesmo filme, mas agora na Tailândia e com um macaco" é um insulto à inteligência do público. Agora vejo que vai sair a Ressaca - Parte 3, numa tentativa de nos provar que há coisas bem piores do que genocídio ressacas a sério. E parece que tem outro animal engraçado: uma girafa que morre numa auto-estrada. Hilariante. Pelo menos não me voltam a enganar, a única maneira de suportar este filme é se me deixarem tomar uns quantos roofies durante o genérico (eu gostei do primeiro e gosto de alguns dos actores, daí a minha desilusão).

Se fizerem like na página deste blog habilitam-se a ganhar um pequeno almoço na barriga do Zach Galifianakis. 

terça-feira, 4 de junho de 2013

Romantismo

Se há coisa que me revolta mesmo é falta de romantismo (e terrorismo, pior que isso só romantismo terrorista). Detesto que os homens tenham de se ajoelhar enquanto pedem as mulheres em casamento. Se é para acompanhar o pedido de casamento com uma demonstração física ao menos que façam uma coisa um bocado mais complexa, à altura do sentimento que estão a demonstrar.

Um flick-flack, malabarismo com gatos a fazer de bolas, um mortal à Fernando Couto ou tocar a ponta do nariz com a língua são demonstrações físicas bem mais românticas e muito mais dignas de sublinhar um momento tão importante na vida de uma pessoa como um pedido de casamento do que um reles ajoelhar.

Qualquer um se ajoelha, mas nem toda a gente consegue enfiar 15 cachorros na boca ao mesmo tempo. Alguma mulher diria que não a um pedido de casamento de um homem com tamanho talento? Quanto mais não fosse para o homem não morrer a pensar que ela lhe disse que não. Ninguém diz que não a um moribundo.

(excerto da minha candidatura para ghostwriter do Nicholas Sparks)

quarta-feira, 29 de maio de 2013

Lágrimas de crocodilo


Lágrimas de crocodilo é o termo utilizado para descrever a profunda tristeza que os crocodilos sentem quando se apercebem que o ser humano que estão a devorar está a usar um pólo da Lacoste. É como perceber a meio do jantar que estão a comer um amigo*.

A não ser que se deparem com esses casos supremos de ironia que são pessoas que usam pólos da Lacoste e sapatos de pele de crocodilo. Aí interrogam-se: "O que é que há de errado com esta gente?! O Mundo está perdido! Mas o que é que eu sei? Sou só um simples crocodilo/mascote de marca de vestuário de luxo". E continuam a comer.

*Parecendo que não, é uma coisa capaz de estragar uma refeição. Já nem sabe ao mesmo. Como diria um canibal: "É difícil apreciar devidamente a comida quando não conseguimos deixar de pensar em todos os bons momentos que passámos com a pessoa que está no nosso prato".


Se a minha página no facebook chegar aos 37 milhões de likes ofereço pólos da Lacoste autografados por mim, pelo Presidente dos EUA Barack Obama e pelo Bastonário da Ordem dos Advogados Marinho Pinto a toda a gente. 

quarta-feira, 8 de maio de 2013

Distopia


O obituário da Aranha Homem

Não foi só o Homem Aranha que ganhou poderes depois de ter sido mordido por uma aranha radioactiva. Houve naquele momento uma troca e também a aranha radioactiva ganhou algumas características humanas que a tornaram distinta das restantes aranhas: uma maior inteligência, capacidade de fabricar e usar instrumentos, angústia existencial e uma vontade inexplicável e inconfessável de ver reality shows.

Assim nasceu a Aranha Homem.

Só que ao contrário daquilo que aconteceu com o Homem Aranha, os poderes humanos da Aranha Homem não lhe serviram de grande coisa. Isolaram-na das outras aranhas e reflectiram-se negativamente na sua capacidade de trepar paredes e de produzir teias de aranha. Os seus poderes humanos mais não fizeram do que transformá-la numa aranha extremamente mariquinhas.

Acabou por se enforcar na própria teia por não aguentar a dor psicológica de ter de assistir à morte lenta de inúmeros insectos em teias de aranha. Dor essa agravada pela alegre indiferença com que este bárbaro espectáculo era encarado pelos seus pares. O poder de sentir empatia matou-a. Deixou uma vasta obra literária que nunca vai ser lida por nenhuma aranha.

quarta-feira, 1 de maio de 2013

Arranquei-lhe os tomates à dentada. Qual é mesmo o seu problema, sôtor?

Aqui está a melhor ameaça de sempre feita por um Secretário de Estado britânico: "Se volta a falar assim com os meus técnicos, arranco-lhe os tomates à dentada e envio-lhos dentro de uma caixa".

Não percebo é a lógica de enviar os tomates ao homem dentro de uma caixa. Porque é que ele não lhe devolve os tomates na hora, logo depois de os arrancar à dentada? Tem que os levar para casa? Para os analisar e ver se está tudo bem? E ainda se dá ao trabalho de os meter numa caixinha para não os estragar. Parece-me um procedimento demasiado cuidadoso para quem anda para aí a arrancar testículos à dentada.

Poderá sempre acrescentar uma missiva à encomenda:

Exmo. Sr.,

Venho por este meio devolver-lhe os testículos que lhe arranquei à dentada no outro dia. Deve ter-se perguntado "onde é que aquele tipo vai com os meus testículos?". É difícil responder a essa pergunta em poucas palavras. Digamos que é uma história muito grande que termina comigo a devolvê-los. E é tudo o que lhe interessa. Eu e os seus testículos temos direito à nossa privacidade e peço-lhe que respeite isso. Deixe-se de perguntas estúpidas e intrusivas.

É com prazer que lhe comunico que os seus testículos não apresentam danos de maior e o seu estado é o que seria de esperar depois de cinco dias úteis separados do resto do seu corpo. Há uma possibilidade de continuarem a funcionar, como se estivessem a regressar de uma revigorante ida às termas lol

(a utilização da sigla "lol" em cartas formais não é habitual, mas, como deve compreender, não aguentei... Termas... lol... É normal que não perceba a piada, é uma private joke entre mim e os seus testículos. Eles perceberão)

No outro dia, alguém publicou no facebook esta frase de Mahatma Gandhi (o famoso escultor indiano):

"Às vezes só damos valor às coisas depois de as perdermos".

Encare esta experiência como um novo começo para a sua relação com os seus testículos. Não espero agradecimentos da sua parte pelo favor que lhe fiz ("obrigado", essa palavra tão simples mas infelizmente tão pouco utilizada) mas, por estranho que possa parecer, tenho a convicção de que ter-lhe arrancado os tomates à dentada foi o gesto mais bonito que alguém podia ter feito por si.

Despeço-me cordialmente com o desejo de que esta seja a última vez que o contacto para devolver partes do seu corpo e com as minhas felicitações pelo fim da sua castração temporária. Não é algo que aconteça todos os dias.

Com os melhores cumprimentos,

Senhor da austeridade

quinta-feira, 18 de abril de 2013

A biblioteca de livros rejeitados

O meu segundo texto no Letra 1 sobre os factores extrínsecos do sucesso e do insucesso e sobre talentos que não vêm ao de cima. Apesar daquilo que se ouve em muitos discursos inspiradores de agradecimento em cerimónias de prémios não basta desejar muito uma coisa e lutar muito por ela para a conseguirmos. Há outras factores metidos ao barulho. Havia muito mais e melhor a dizer sobre isto, fica o meu contributo...

quinta-feira, 11 de abril de 2013

O filho bastardo de uma Texas Instruments

Vítor Gaspar é o mais próximo possível daquilo que aconteceria se uma Texas Instruments e o Exterminador Implacável tivessem um filho.

quarta-feira, 10 de abril de 2013

Hot Jesus/Salazar

Depois do excelente desempenho de Diogo Morgado como "Hot Jesus" (que se seguiu a outros excelentes desempenhos como "Hot Salazar" e "Hot puto de 13 anos que tem um affair com professora de 40 e picos") fico à espera que convidem o José Carlos Pereira para fazer de Relatively Hot/Drunk Moisés depois de ter feito um transplante capilar numa grande produção.

Ou de Nelson Mandela. Não tem que ser sempre o Morgan Freeman.

terça-feira, 9 de abril de 2013

Humor relviano

 
Vou ter saudades do Miguel Relvas, por ser o meu ministro e arquétipo de político asqueroso preferidos mas, principalmente, por causa das piadas do tipo "Miguel Relvas fez (uma coisa pequena) e teve equivalência a (uma coisa grande)".

Do tipo:

"Miguel Relvas foi de bicicleta para o trabalho e teve equivalência a cinco voltas à França"
 "Miguel Relvas comeu um Mon Chèri e teve equivalência a Zé Pedro dos Xutos"
"Miguel Relvas apertou a bochecha a um bebé e foi condenado por pedofilia"
"Miguel Relvas comeu uma sardinha e teve equivalência a Oceanário"
"Miguel Relvas levou com uma maçã na cabeça e teve equivalência a Prémio Nobel da Física"
"Miguel Relvas masturbou-se a pensar na Angelina Jolie e teve equivalência a Brad Pitt"
...

Isto para dizer algumas de que me lembrei agora sem grande esforço... RIP

quinta-feira, 4 de abril de 2013

O guru do combate ao desemprego

Tenho visto pessoas a utilizar os termos mais elogiosos possíveis para se referirem a Miguel Gonçalves, como "criativo", "guru do empreendedorismo" ou, e isto é verdade, "génio".

Até gostava de saber o que é que uma pessoa que se refere a Miguel Gonçalves como génio tem reservado para um Einstein, mas adiante.

Pelo que percebi, a "agência" dele, essa mãe de todas as startups que tem vindo a revolucionar o mercado português e o Mundo em geral, especializa-se em comunicação empresarial entre outras coisas vagas e generalistas mas absolutamente essenciais para o funcionamento de uma empresa. Seria de esperar que um "génio" deste calibre percebesse de marketing, não era? Mas pelos vistos não. Foi associar a sua imagem (que é o seu produto, para usar a terminologia desse pensador) ao Miguel Relvas. O que na realidade portuguesa em termos de marketing é o equivalente a vestir uma farda das SS em Israel.

Salvaguardando as devidas distâncias, obviamente. O Miguel Relvas não é nazi. Neste ponto, há que fazer justiça ao homem, de todas as coisas abjectas que Miguel Relvas é, nazi não é uma delas. Também porque é difícil ser uma coisa que provavelmente não se sabe o que é. Mesmo assim, não ser nazi não lhe fica nada mal. Diria mais, a grande qualidade de Miguel Relvas é não ser nazi (aqui está uma boa frase para colocar na lápide de Miguel Relvas. E já que estou numa de o elogiar e para que ninguém me acuse de ter utilizado uma falácia Reductio ad Hitlerum contra Miguel Relvas, devo acrescentar que tenho a certeza que mesmo que soubesse o que era um nazi e que os próprios nazis o deixassem ser nazi, Miguel Relvas não seria nazi.

Concluindo, se calhar não fazia mal a Miguel Gonçalves estar um bocadinho mais atento a política. O que, admito, não é fácil quando se trabalha 24 horas e pico por dia.

terça-feira, 2 de abril de 2013

"Paralelo nos cornos"

"Estarão as redes sociais a transformar-nos em bestas?" é a questão que coloco neste texto que escrevi para o Letra 1 depois de um desconhecido ter dito que me queria mandar com um "paralelo nos cornos". De certeza que também já se colocaram esta questão (eu pelo menos sei que me ando a transformar numa bela besta), por isso espero que gostem...

"Uma rede social permite-nos partilhar com o Mundo inteiro qualquer pensamento que nos passe pela cabeça por mais estúpido e mesquinho que seja. Uma espécie de porta de casa de banho gigante em que toda a gente escreve aquilo que lhe apetece com um marcador. Pelo meio pode aparecer um pensamento espirituoso ou até genial, mas 99,999% do conteúdo são coisas que passávamos bem sem ler."

quinta-feira, 28 de março de 2013

Burn the witch!


José Sócrates é aquele pequeno botão que nos faz passar imediatamente de povo de brandos costumes a grupo de gorilas cujo território foi invadido por um grupo rival logo após a terem estado a mandar shots de testosterona e adrenalina. É fascinante!

quarta-feira, 6 de março de 2013

Too soon

Apesar de isso poder violar a Constituição Venezuelana, parece que Hugo Chavez morreu mesmo. Junta-se assim a personalidades como Princesa Diana, Patrick Swayze, Viriato, Marcel Marceau, Infante D. Henrique, Marco Pantani (ciclista italiano), etc. É um clube com muita gente.

De qualquer maneira, espero que este pequeno percalço não o impeça de continuar a participar em eleições.

terça-feira, 5 de março de 2013

Luta desigual

O povo, a nobreza e a burguesia unidos jamais serão vencidos. É muita gente para o clero enfrentar sozinho...

sábado, 23 de fevereiro de 2013

Cabelo acabado de cortar



Ouvi a frase mais bonita de todos os tempos, uma frase que consegue sintetizar a essência da nossa existência e cuja beleza me fez chorar de emoção durante 5 dias seguidos. É a primeira frase de um anúncio a uma marca de champôs e é a seguinte:

"Não há nada como a sensação de cabelo acabado de cortar".

É um facto! Não há nada melhor! Qualquer ser humano que tenha alguma vez cortado o cabelo sabe que nada que aconteça na sua vida será comparável a esse apogeu de todas as experiências que é a sensação maravilhosa de cabelo acabado de cortar.

Podes dar a volta ao Mundo montado num golfinho; ir tomar um copo com Marlon Brando, Jesus Cristo e Martin Luther King, abraçar o Nelson Mandela durante 3 dias seguidos (com interrupções para comer e ir à casa de banho); inaugurar uma estátua de ti próprio maior do que o Monte Evereste e, a seguir, enquanto contemplas um pôr-do-sol daqueles capazes de fazer ressuscitar unicórnios e dinossauros, fazer bungee jumping a partir da ponta do teu nariz; ouvir da boca do próprio Deus que és o maior e que vai abdicar do seu cargo a teu favor porque não merece ser Deus num Universo em que tu existes...

Nada, mas nada se compara com a sensação de cabelo acabado de cortar!

Perante os nossos problemas, dos menos graves aos mais graves, a ideia de que podemos voltar a cortar o cabelo é suficiente para termos esperança num futuro melhor. "Perdi as pernas e os braços num acidente? Não importa, amanhã é dia de ir ao cabeleireiro dizer adeus a estas pontas espigadas! Só preciso de boleia... Alguém me dá boleia?".

Aprende-se mais sobre a vida com 15 minutos de publicidade do que lendo todos os livros do Mundo.

Quem estiver interessado em partilhar um time share no Algarve faça like

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013

"Estou fazendo amor com outra pessoa"

A música "Depois do Prazer" de Alexandre Pires tem os primeiros versos mais intrigantes da música ligeira brasileira. O artista declara:

"Estou fazendo amor com outra pessoa,
Mas meu coração vai ser para sempre seu"

Para já está a cantar afinado demais para quem está a fazer amor. Mas aceito. Dizem que o Sinatra gravou a "My Way" durante um ménage à trois.

Depois é uma falta de consideração para com a pessoa com quem está a fazer amor. Não só tem que o ouvir cantar, o que por si só já é bastante mau, como ainda tem que ser confrontada(o) com uma declaração de amor feita a outra pessoa. Uma versão alternativa da música focada nesta pessoa começaria assim:

"O meu coração é de outra pessoa,
Mas meu pénis está a entrar e a sair de dentro de si."

Poder-se-á especular acerca do meio de comunicação utilizado nesta declaração de amor. E há duas possibilidades: por telemóvel e cara a cara. Por telemóvel seria muito bizarro e mesmo a utilização de um auricular bluetooth não diminuiria o absurdo de alguém estar a falar ao telemóvel durante o acto sexual.

Mas cara a cara é bem pior. É um cenário no mínimo macabro e com o potencial de destruir a sanidade mental de todos os envolvidos:

Duas pessoas estão a fazer sexo. Uma dessas pessoas declara o seu amor a uma terceira pessoa que, por algum motivo, está presente no local (Esqueceu-se de alguma coisa? Enganou-se na porta e deixou-se ficar para o caso de algum dos amantes precisar de alguma coisa? Tinha que entregar uns papéis e precisava mesmo da assinatura do tipo que a amava?).

Enfim, de Alexandre Pires pode esperar-se tudo.

É difícil imaginar pior timing para se declarar amor a alguém do que o momento em que se está a foder outra pessoa. Pelo menos, podia ter esperado pelo período refractário. Mas nem isso. Tinha que ser durante o acto, que isto do romantismo é muito bonito mas um homem também tem necessidades.

É que nem na pior comédia romântica isso acontece, como se pode ver nesta cena que vou descrever:

Na cena final, o Hugh Grant com um ramo de flores na mão arromba a porta do quarto onde está a Meg Ryan a fazer sexo com outro. Ele fica a olhar, especado e sem palavras. Ao fim ao cabo, ver a pessoa que amamos prestes a atingir o orgasmo da vida dela pelo mérito da acção de um tipo com o aspecto de um modelo da Calvin Klein não é uma situação fácil de digerir.

Mas ela, ao ver o ramo de flores, percebe o erro que cometeu e declara o seu amor de uma forma bastante emocionada e, aparentemente, sincera. Enquanto se beijam ao som de uma música qualquer dos Coldplay, são interrompidos por uma graçola do indivíduo que está ali a mais, o tal modelo:

- O amor é tão bonito... És um homem com sorte! - diz o desgraçado a choramingar enquanto, todo nu e, ainda com uma semi-erecção, abraça um constrangido Hugh Grant.

No final do filme, e para evitar que fiquemos com pena dele, vemos que este indivíduo também acaba por encontrar o amor. No casamento dos protagonistas apaixona-se por uma amiga de Meg Ryan. Amiga essa que apesar de passar o filme todo a expressar um cepticismo sarcástico em relação ao amor, no fundo também espera encontrar o seu príncipe encantado. E esse príncipe é a pessoa que estava a fazer sexo com a amiga no momento em que ela declarava amor eterno ao seu agora marido. Aquelas saídas a quatro vão ser hilariantes!

"Lembras-te daquela vez em que eu estava na cama com a tua mulher e ela disse que te amava?"
"Claro que sim! Ah! Ah! Ah!"

Os motivos pelos quais haviam de convidar para o casamento o gajo que estava a fazer sexo com a Meg Ryan quando esta finalmente se declarou ultrapassam-me. Mas não é suposto estes filmes terem grande lógica.

Declarar-se a uma pessoa enquanto se faz amor com outra é como... Posso comparar isto com quê? É como comprar o álbum do David Carreira. É chunga. Também é chunga interpretar uma letra do Alexandre Pires de forma literal. Mas penso sempre nisto quando ouço estes versos. Não comprem o álbum do David Carreira. 


quarta-feira, 30 de janeiro de 2013

Não percebia o conceito de "estabelecimento gay friendly" até ter sido espancado por pedir um panachê

Ted Haggard

- Peço desculpa mas temos que o espancar... Como pode ver na placa que temos na entrada isto é um estabelecimento gay unfriendly.

- Mas eu não sou gay...

- Compreendo a sua posição, mas só estou a fazer o meu trabalho. Não podemos deixar estas coisas passarem em claro. Sabe como é, começamos a servir panachês a homens e acabamos a ter que aceitar orgias homossexuais em cima do balcão. E o balcão é estreitinho. Depois acontece um acidente e de quem é a responsabilidade? Além disso, a nossa clientela não gosta disso. É gente séria que só quer beber o seu cafézinho, ler o jornal e ver resumos de jogos de futebol na Sport Tv. Nas calmas e, se possível, sem ser confrontada com relações sexuais entre pessoas do mesmo sexo ao vivo... Há tempo para tudo.

- Mas isso não faz sentido... Vocês são é preconceituosos! Eu também não faço questão de ver orgias! Só queria um panachê. Está calor...

- Lamento, mas vou ter que o espancar, são as regras e não fui eu que as inventei. Se quiser mudá-las primeiro tem que comprar isto. Enquanto este estabelecimento não for seu, se não segue as nossas regras leva nas trombas. É justo. Porque regras são regras e regras são regras e devem ser respeitadas porque têm que ser respeitadas e se não forem respeitadas é mau porque as regras são boas.

- OK! A sua retórica é imbatível por isso tenho que aceitar o castigo... Já agora, porque é que está vestido como a Lady Gaga?

- Não é óbvio, seu mariconço?! A Lady Gaga é uma das cantoras mais talentosas de todos os tempos. A questão é, porque é que não anda toda a gente vestida como a Lady Gaga? Se fosse eu a mandar...

- Estão ali uns senhores a fazer sexo atrás de si.

- Não há problema, um é banqueiro e o outro é Secretário de Estado. Olha para aquilo, o amor é lindo!

terça-feira, 29 de janeiro de 2013

5 razões para enfiar o Vítor Gaspar numa jaula de gorilas


1. Os gorilas são animais muito territoriais e agressivos.

2. Contribuir para o avanço da ciência. A interacção entre tecnocratas e primatas ainda não foi devidamente estudada.

3. A comida de gorila é muito cara e os gorilas não gostam de sushi.

4. A hipótese de colocar o Vítor Gaspar na jaula dos leões está posta de parte. Neste dia os leões já terão sido presenteados com um Miguel Relvas. Não queriam mais nada. Tem de haver justiça entre os animais. Os argumentos do Rei da Selva são convincentes mas não temos assim tantos ministros. Logo, não nos podemos dar ao luxo de gastar dois (e logo dos mais cobiçados) apenas com um grupo de animais.

5.  Nem sempre o ser humano tem tido um bom comportamento para com os gorilas. Oferecer-lhes um ministro das finanças não compensa todo o mal que lhes fizemos (eg. usar as suas mãos para fazer cinzeiros e fazer deles mascote de uma marca de pastilhas elásticas rijas que nem cornos e que perdem logo o sabor). Mas, pelo menos, demonstra boa vontade e pode representar o início de uma paz duradoura entre espécies. Mais cedo ou mais tarde os gorilas vão dominar o Mundo, por isso é importante garantir que mantivemos um bom relacionamento com eles enquanto mandámos nisto.


Por cada like que fizerem na página deste blog salvam a vida a uma fada. A sério! Tenho um protocolo com um campo de concentração para fadas. Ficaram de libertar uma fada sempre que aparecer um like nesta página!

sexta-feira, 25 de janeiro de 2013

Lidar com mulheres



Os problemas que teriam sido evitados se na história da Branca de Neve, o espelho tivesse respondido à Rainha Má que a beleza é uma coisa subjectiva ou "entre uma e outra não consigo escolher, se pudesse comia as duas".

Estava-se mesmo a ver que aquilo ia acontecer. Quem é que decidiu que em todo o Reino aquele espelho era a única entidade competente a apreciar a beleza feminina? Enfim, um espelho... Se a Rainha tivesse pedido uma segunda opinião talvez ficasse bastante surpreendida, o estilo "bitchy" agrada a muita gente...

No facebook.





sábado, 5 de janeiro de 2013

Trust me

 
Parece-me estranho que as novas questões que o facebook nos coloca ("Como está tudo, Sérgio?", "Como te sentes, Sérgio?", "O que se passa, Sérgio?" e "O que está a acontecer, Sérgio?") soem na minha cabeça com um tom genuíno de preocupação e sejam sempre seguidas de um "podes confiar em mim, estou aqui para te ajudar". Mas como é que eles sabem? Eles têm de saber alguma coisa. Aquelas perguntas não vêm do nada.

 A minha primeira reacção é "Vai-te foder! Achas que te vou dizer? Quem és tu, afinal? Nem te conheço, não vou partilhar os meus sentimentos contigo." mas depois penso "Porque é que eu reagi assim? Ele só está preocupado comigo. Só quer o meu bem. É meu amigo." e, finalmente, "Perdoa-me querido facebook por ter sido uma besta! Eu conto-te tudo! Tudo...". E parece que conseguiram o objectivo deles.

Por falar em facebook. Esta é a página de facebook deste blog. 

quinta-feira, 3 de janeiro de 2013

Mensagem de ano novo



Um excelente 2013 para todos!

Este ano apresenta-nos a oportunidade ideal para acabarmos com esse flagelo que é dizer "treuze" em vez de "treze". Se essa for a nossa única conquista de dois mil e treuze já não é mau. Que ano promissor...

E os meus conselhos para dois mil e TREZE são os seguintes:

- "Sejam vocês próprios!"

Não temos hipótese. Podemos sempre tentar ser outra pessoa/objecto/país (por exemplo Teresa Guilherme, agrafador e Zimbabwe), mas vamos ser sempre um cover. Provavelmente pior que o original. É claro que há excepções. Por exemplo, uma imitação da Teresa Guilherme será sempre melhor que a original porque não há nada pior do que a Teresa Guilherme. Mas geralmente não vale a pena tentarmos ser outra coisa para além de nós próprios, nunca vamos agrafar tão bem como um agrafador a sério ou ter um aeroporto ou moeda própria como o Zimbabwe.

- "Façam o favor de serem felizes!" (citação de Raul Solnado).

Gosto de dar este conselho a pessoas cínicas porque sei que vão fazer tudo dentro do seu alcance para serem infelizes só para me fazerem a desfeita.

"Mas quem é este gajo para me pedir favores? Até tinha a vida bem encaminhada, mas isto muda tudo e obriga-me a destruí-la. Alguém sabe onde é que se pode comprar heroína a esta hora?".

- "Vivam a vida!"

Como se houvesse uma alternativa a vivermos a vida e a sermos nós próprios... Pelo menos até morrermos a morte não há. 


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Logo depois de ter escrito esta última frase ouvi uma voz dentro da minha cabeça a dizer: "Patético!". A melhor maneira de lidar com estas críticas destrutivas é não lhes ligar. Mas magoa na mesma.