quarta-feira, 1 de maio de 2013

Arranquei-lhe os tomates à dentada. Qual é mesmo o seu problema, sôtor?

Aqui está a melhor ameaça de sempre feita por um Secretário de Estado britânico: "Se volta a falar assim com os meus técnicos, arranco-lhe os tomates à dentada e envio-lhos dentro de uma caixa".

Não percebo é a lógica de enviar os tomates ao homem dentro de uma caixa. Porque é que ele não lhe devolve os tomates na hora, logo depois de os arrancar à dentada? Tem que os levar para casa? Para os analisar e ver se está tudo bem? E ainda se dá ao trabalho de os meter numa caixinha para não os estragar. Parece-me um procedimento demasiado cuidadoso para quem anda para aí a arrancar testículos à dentada.

Poderá sempre acrescentar uma missiva à encomenda:

Exmo. Sr.,

Venho por este meio devolver-lhe os testículos que lhe arranquei à dentada no outro dia. Deve ter-se perguntado "onde é que aquele tipo vai com os meus testículos?". É difícil responder a essa pergunta em poucas palavras. Digamos que é uma história muito grande que termina comigo a devolvê-los. E é tudo o que lhe interessa. Eu e os seus testículos temos direito à nossa privacidade e peço-lhe que respeite isso. Deixe-se de perguntas estúpidas e intrusivas.

É com prazer que lhe comunico que os seus testículos não apresentam danos de maior e o seu estado é o que seria de esperar depois de cinco dias úteis separados do resto do seu corpo. Há uma possibilidade de continuarem a funcionar, como se estivessem a regressar de uma revigorante ida às termas lol

(a utilização da sigla "lol" em cartas formais não é habitual, mas, como deve compreender, não aguentei... Termas... lol... É normal que não perceba a piada, é uma private joke entre mim e os seus testículos. Eles perceberão)

No outro dia, alguém publicou no facebook esta frase de Mahatma Gandhi (o famoso escultor indiano):

"Às vezes só damos valor às coisas depois de as perdermos".

Encare esta experiência como um novo começo para a sua relação com os seus testículos. Não espero agradecimentos da sua parte pelo favor que lhe fiz ("obrigado", essa palavra tão simples mas infelizmente tão pouco utilizada) mas, por estranho que possa parecer, tenho a convicção de que ter-lhe arrancado os tomates à dentada foi o gesto mais bonito que alguém podia ter feito por si.

Despeço-me cordialmente com o desejo de que esta seja a última vez que o contacto para devolver partes do seu corpo e com as minhas felicitações pelo fim da sua castração temporária. Não é algo que aconteça todos os dias.

Com os melhores cumprimentos,

Senhor da austeridade

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