sexta-feira, 23 de agosto de 2013

Ideia empreendedora n.º 327

Depois da falência d'"A Vida é Bela" podiam criar uma nova marca um bocado mais realista chamada "A Vida às vezes é uma merda". Podiam continuar a vender vouchers mas com uma diferença, as pessoas não saberiam o que estava dentro da caixa.

A ideia era, de uma forma aleatória, oferecer experiências negativas (que nos tornam mais fortes e melhores seres humanos) e experiências positivas (que supostamente nos tornam pessoas mais felizes). Podíamos ter a sorte de nos calhar um jantar no melhor restaurante da região centro (o menu mais barato, feito à medida para quem traz vouchers) ou uma noite num hotel fantástico onde somos olhados de lado pelo gerente por saberem que a empresa de vouchers lhes vai ficar a dever o dinheiro que adiantámos ou ter o azar de ter que passar um dia a trabalhar numa lixeira, ser escarrado na cara por uma celebridade, ter que fazer um discurso sem roupa perante uma audiência de milhares de pessoas, passar um ano numa prisão do Botswana ou ser o porco num jogo real de Angry Birds (é curioso mas tenho muito mais ideias para experiências negativas do que positivas).

O filme "O Jogo" de David Fincher seria um filme quase tão mau como o filme que deu o nome aos vouchers se a personagem do Michael Douglas tivesse recebido um voucher d'"A Vida é Bela" (basicamente seria um filme em que acompanhávamos a ida de Michael Douglas a um spa). Mas um filme sobre alguém que recebe um voucher d'"A Vida às vezes é uma merda" até podia ser interessante. Fica a ideia para quem quiser pegar nela...

Quem fizer like na página deste blog recebe um caderno de vouchers do McDonald's. Quem não fizer like também é capaz de receber, esses cadernos de vouchers andam por todo o lado. Nunca utilizei nenhum...

segunda-feira, 19 de agosto de 2013

Primeiro o Hitler fez o que fez, depois Judite de Sousa entrevistou Lorenzo Carvalho...

Pior do que a polémica à volta da entrevista de Judite de Sousa a Lorenzo Carvalho é o facto de eu ter visto uma entrevista do Lorenzo Carvalho.

Felizmente ainda consegui aprender alguma coisa com esta experiência. Percebi que não é obrigatório que todos os meninos ricos sejam betos. E já não é mau quando nos fazem questionar os nossos preconceitos...

Sempre achei que o ser beto era uma farda que distribuíam às pessoas que atingissem determinado estatuto económico. E que havia uma cerimónia em que alguém dizia algo do género: "Querido, agora pertences ao nosso exército. Pega lá esta farda da Gant e 90 euros para ires tratar desse cabelo". Mas afinal os ricos podem ser mesmo o que quiserem. Nunca pensei...

sábado, 17 de agosto de 2013

Ser um lavajão: A Arte De Comer Em Restaurantes Com Comida à Discrição

Comer num restaurante com comida à discrição é sempre uma batalha entre nós e o restaurante. Só um de nós vai ganhar e a intensidade da vitória ou derrota é medida pela diferença entre aquilo que pagamos e os custos do restaurante connosco. Quanto maior o lucro do restaurante, maior a nossa derrota, quanto maior o prejuízo, maior a nossa vitória. No fundo, trata-se de garantir que os gajos não se ficam a rir de nós.

Tendo em conta que muitos destes restaurantes ainda são negócios viáveis, eles estão-nos a ganhar esta guerra. Atenção que o nosso objectivo não é levá-los à falência, existirão sempre pessoas de fraco carácter a garantir as suas margens de lucro, o que queremos é ganhar o respeito deles de maneira a que, no dia em que lá voltamos, conseguirmos entrever na expressão dos empregados aquilo que eles pensam de nós: "Lá vem este animal outra vez". E isto vindo de quem já viu de tudo é o maior dos orgulhos e o desafio de uma vida. Deixo por isso algumas técnicas para aproveitar ao máximo a vossa experiência nestes estabelecimentos e garantir o respeito no Mundo dos farta brutos.


Técnica 1: Evitar intervalos, comer o mais rapidamente possível.

Quando estamos a ficar cheios o estômago envia sinais ao cérebro para o informar que é escusado continuar a emborcar, porque já está satisfeito. E quando chegamos a este ponto é mesmo difícil continuarmos a emborcar. Mas estar satisfeito não é ganhar a guerra (uma pessoa pode ficar satisfeita com uma saladinha)! O nosso objectivo deve ser comer o nosso próprio peso em comida. E se queremos chegar a este ponto temos que derrotar o nosso sistema nervoso. Temos de enganar o cérebro e comer o mais rapidamente possível, para quando lhe chegar a informação do nosso estômago este já estar próximo do rebentamento. Assim já podemos desapertar o cinto com o sentimento do dever cumprido.

Nada de intervalos de 10 minutos entre cada prato, não estamos lá para passar tempo. Nada de saborear, não estamos lá para desfrutar de boa comida. O nosso objectivo é claro e não nos podemos desviar nem um milímetro. Se a padeira de Aljubarrota tivesse parado para apreciar cada uma das pazadas que mandou aos espanhóis a esta hora estava a escrever isto em castelhano.


Técnica 2: Gestão dos líquidos.

As bebidas são um bem essencial, pois são o lubrificante que nos permite empurrar o máximo de comida para dentro de nós. Podemos fazer tudo bem e cumprir todas as regras para a vitória, mas uma falha de hidratação pode ser a morte do artista. Tentar fazer passar tanta comida por uma traqueia seca é como querer andar de Ferrari no deserto. Não funciona.

E os restaurante percebem isto e usam a nossa necessidade de líquidos contra nós: inflacionam o preço das bebidas (estou convencido que é aí que vão buscar o lucro) e enchem a comida de sal (uma vez num restaurante brasileiro comi 300 g de sal com um bocado de picanha).

Como contornar este obstáculo?

Pedir só uma bebida: Se pedirmos uma segunda bebida, perdemos a batalha. A casa fica com lucro garantido e nada do que comamos a seguir compensará este acréscimo nos nossos custos com aquela refeição.

Gerir a bebida: Beber apenas pequenos goles em pontos chave da refeição e nada de bebidas naturais! Com a secura que vamos sentir, é mais fácil manter o controlo se pedirmos bebidas frescas.

Recorrer à água da torneira da casa de banho: A maior parte dos restaurantes ainda têm casa de banho e não cobram nada pela água utilizada. É uma fonte de hidratação teoricamente infinita e que muitas vezes é ignorada. Recomendo no entanto que esta técnica seja utilizada apenas em último recurso. A imagem de alguém a beber água directamente da torneira da casa de banho de um restaurante é deprimente. Além disso, pode ser considerado jogo sujo, o que tira algum brilho à nossa vitória. Mas uma guerra nunca é limpa e nem sempre nos orgulhamos de tudo o que fazemos em função do objectivo maior, que é a vitória, sempre. Para quem tem pruridos morais, pode sempre encarar o recurso à água da torneira da casa de banho como uma resposta justa ao excesso de sal que eles colocam na comida. Se o inimigo usa uma bomba atómica, nós usamos uma bomba atómica.



Técnica 3: Companhia

A arte de comer à discrição em restaurantes é um jogo para lobos solitários. Mas acontece muitas vezes irmos a restaurantes acompanhados. E se formos acompanhados o restaurante vai olhar para nós como uma equipa, mesmo que se peça a conta em separado. Ou seja, se nós nos esforçarmos e conseguirmos dar prejuízo à casa mas a nossa companhia comer menos que um pisco, o restaurante vai fazer um balanço da média daquilo que ganhou na nossa mesa, o que pode levar a que estejamos injustamente associados a um resultado medíocre. Numa "equipa" a média é que conta, não a performance individual. Ou seja, se vamos acompanhados, devemos ir acompanhados por alguém que seja tão ou mais glutão do que nós.

(Julgo que é desnecessário apontar para um facto evidente: não levem mulheres a estes restaurantes! Não só elas, regra geral, comem pouco (os empregados destes restaurantes esfregam as mãos quando vêm uma mulher a entrar) como se têm algum interesse romântico pode não ser boa ideia mostrar-lhes o nível de badalhoquice que vocês provocam quando vos disponibilizam comida à discrição. Talvez num ponto mais avançado da relação (e bastante depois de utilizarem a casa-de-banho com a porta aberta). Levem-nas a restaurantes franceses ou assim. Se vão comer a sério, deixem as mulheres em casa).


Técnica 4: Hidratos de carbono

Nestes sítios tentam sempre encher-nos de hidratos de carbono. É uma forma barata de nos deixarem enfartados. Por muita fome que tenham, tentem comer o menos possível de arroz, batatas fritas ou feijão. Guardem-se para a chicha. E guardem-se também para o fim. Em restaurantes brasileiros eles tentam começar por nos encher com iguarias menores tipo salsichas e coxas de frango para não termos fome quando chega o El Dorado que é a maminha e a picanha. Não se deixem apoquentar perante os mind games dos empregados quando vocês rejeitam uma salsicha. 

"Não quer mais? Já está cheio, é?"

Quem ri por último é quem ri melhor e não imaginam a sensação fantástica de contemplar todo o gozo a desaparecer daquelas caras quando vos vêem a comer picanha. É essa a beleza deste jogo! A humilhação do adversário.

Técnica 5: Jejum

Esta é demasiado óbvia mas não podia deixá-la de fora deste guia. Enfardar comida é um desporto que não precisa de aquecimento. Tentem não comer nada nas 12 horas que antecedem a vossa ida a um restaurante destes, só assim se vão conseguir transformar num buraco negro capaz de sugar toda a comida que está num raio de 3 metros. E assim, garanto-vos, podem ganhar a guerra.


Ser ou não ser foda

Agora há detectores de metais à entrada de algumas discotecas, o que quer dizer que não podemos entrar com armas... Enfim, não sei como é que as pessoas se divertem hoje em dia, estar desarmado numa discoteca é uma seca.

Mas faz sentido, acho eu... Percebi isso quando começou a dar a música "Sou foda" da dupla sertaneja Munhoz e Mariano e ao meter a mão no bolso lembrei-me que não tinha nenhum objecto com o qual pudesse mandar um tiro na cabeça. Sobrevivi, embora tenha que viver para sempre com as consequências desta violação ao meu aparelho auditivo por este hino à imbecilidade auto-elogiosa, cantado por uma besta que está ali naquela fronteira ténue entre o parvalhão excessivamente excitado e o predador sexual.

Algo me diz que um gajo que se diz foda com tanto entusiasmo está a tentar-se convencer a si próprio. 

"Sou foda, a sério. Sou mesmo foda, não se vê? Até uso um chapéu de cowboy e faço movimentos pélvicos no ar em frente de milhares de pessoas. O que é que se diz de uma pessoa como eu?"

"Pronto, és foda. Não chores."


 

quarta-feira, 7 de agosto de 2013

A arte de escolher melões: Uma farsa coreografada

Gosto de ver as pessoas a escolherem melões no supermercado. Aparentemente estão numa demanda pelo melão perfeito. Mas, no fundo, o que eu acho é que querem transmitir às pessoas que estão atrás deles na fila (sim, já apanhei fila em frente aos caixotes dos melões) que por mais que procurem não vão encontrar o melhor melão daquele conjunto de melões. Na melhor das hipóteses conseguem levar para casa o segundo melhor.

Também conseguem fazer com que pessoas como eu se sintam culpadas por escolherem o primeiro melão que lhes aparece à frente. Já dei por mim a apalpar melões só para não ser ridicularizado pelo meu estatuto de leigo na arte da selecção de melões. Faço um ar entendido, apalpo uns melões, abano-os um bocadinho, dou-lhes uma pancadinha e encosto-os ao ouvido. Não sei exactamente o que espero ouvir de dentro de um melão. Suponho que se ouvisse um bebé a chorar, um guitarrista virtuoso, o mar ou música techno poderia ignorar esse melão. Apesar de tudo, procurar o melão menos barulhento é sempre uma boa regra na escolha de melões. Isto é um facto e faz com que "ouvir o melão" seja a parte mais coerente do meu procedimento. Ninguém quer melões barulhentos! É um melão que estamos a escolher, não um fogo de artifício! Depois deste procedimento inventado escolho o terceiro melão que apalpo/ouço.

Por mais respeito que tenha pelos seleccionadores de melões, acho que 98% deles são uma fraude como eu. Não querem ficar mal e entram nessa missão estúpida de apalpar o máximo de melões possível antes de escolherem o felizardo que vão comer à sobremesa. Os restantes 2%, que têm mesmo o dom de ao apalpar um melão saberem o que se passa lá dentro, comem sempre melões deliciosos mas acabam por ser confundidos com aldrabões como eu.

O lado negativo desta farsa é que estou convencido de que a principal causa para a existência de melões maus é o facto de eles estarem sempre a ser apalpados. Aquilo não pode fazer bem à fruta. Não é só a palpação (que, por si só, é uma espécie de assédio), é o sentimento de rejeição.

"Tu apalpaste-me, deste-me a entender que tínhamos uma relação especial e trocaste-me por outro!"

Já comi alguns destes melões depressivos e, apesar de serem gratos por os termos escolhido, têm um lado negro e uma bagagem que é difícil de digerir. E ai de quem diga a uma fatia de presunto que a vamos emparelhar com um melão destes:

"Tenho os meus próprios problemas! Não estou para aturar os dos outros!"

Daí que acho que era boa ideia começarem a propagar o mito de que é possível apanhar uma doença grave através do toque em melões desconhecidos. Estou farto de apalpar melões só para não ficar mal perante todos esses especialistas em fruta que andam pelos supermercados. Gostava de os ver a terem que pôr preservativos nas mãos antes de apalparem um melão.


Se fizerem like nesta página ganham o poder de comunicar com morangos através de telepatia. É um poder que apesar de impressionar não tem grande utilidade prática. Os morangos são comunicativos mas não são muito interessantes, disfarçam a sua superficialidade com uma presunção extremamente irritante e com um cinismo e ironia forçados. Os morangos são hipsters. No outro dia houve um que me disse que tinha deixado de gostar dos Arcade Fire quando ouviu uma banana a cantarolar uma música deles. Que palhaço! Tive de o comer só para o calar e nem me apetecia morango. Ao falar com morangos percebemos que eles têm uma espécie de consciência, mas não deixam de ser fruta e a fruta faz bem à saúde.

quinta-feira, 1 de agosto de 2013

O trabalho é alegria

Congratulo-me por esta decisão do Tribunal da Relação do Porto que impediu uma empresa de gestão de resíduos de despedir um trabalhador que estava a trabalhar alcoolizado.

Sempre defendi que o álcool melhora o desempenho das pessoas. Aliás, não deixo um cirurgião tocar em mim sem antes ter bebido cinco shots de tequilla. Uma vez fui operado por um cirurgião sóbrio e fiquei sem apêndice. Não volto a cair nessa. Com cirurgiões bêbados ficamos sempre a ganhar. Como daquela vez em que fui operado às amígdalas e saí de lá com uns implantes mamários (que ainda tenho porque quando fui reclamar o médico estava a ter uma overdose de heroína). Não podemos também esquecer que cerca de 95% dos acidentes de aviação acontecem enquanto os pilotos estão sóbrios. As vidas que se perderam graças a esta obsessão pela sobriedade já mereciam um monumento...

E a felicidade no trabalho é uma coisa muito importante. Se quando vamos a caminho do trabalho não nos sentirmos como se fôssemos para uma noite de copos alguma coisa está a falhar.

Além disso, toda a gente sabe que é quando estamos bêbados que mais dizemos a verdade. O álcool torna-nos menos dissimulados e hipócritas, por isso ao incentivar o consumo de álcool durante o trabalho estamos a contribuir para um ambiente de trabalho mais sincero e genuíno. Ficamos sempre a ganhar!